Lírios

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— Alya. – Os alunos já estavam fora da escola e ele tocou no ombro dela apenas para chamar atenção – Queria... Conversar um pouco com você.

Alya mexeu o ombro de forma um pouco rude.

— Sobre? Olha hoje não é um bom dia, ok. Quero ir para o hospital visitar a Marinette...

— Então venha comigo, Gustav vai me levar até lá.

— Você visita ela?!

— Às vezes... – Na verdade, todos os dias, mas acho que você acharia isso meio creepy, talvez coisa de stalker? Se contar que vejo e converso com ela... – O hospital é longe, a carona vai ajudar bastante, você sabe...

Ela acabou aceitando a carona e os dois se dirigiram para o carro que aguardava encostado. Dentro do veículo o silêncio inicial era um pouco constrangedor.

— Então... O que você queria conversar?

— Eu... Bem. Outro dia estava conversando com o Nino e ele me disse que vocês brigaram e hoje você estava aparentemente de mau-humor. Acho que não te vejo conversando com mais ninguém. Tá tudo bem?

— É sério isso? – Deu uma risada debochada. – Você não se olhou no espelho nos últimos dias não? E lógico que não está nada bem! Minha amiga está lá numa cama e não sei se vou um dia conversar com ela outra vez, tá?! Quero dizer, que ela me responda. E o que você tem a ver com isso, você nem... – Ela não terminou. Sentiu-se muito cruel falando algo assim. Claro que se importava e ele estava triste também, isso era visível. Mas passado tanto tempo era muito estranho que ele só tivesse olhado para Marinette agora. E a amiga nem sabia que o "amor da vida dela" finalmente a tinha notado. –Por que Adrien? Por que agora?! – E começou a chorar.

Sem saber o que fazer ele apenas abraçou e acariciou os cabelos sentindo as lágrimas molharem a camiseta.

— Quando ela vai voltar, Adrien?! Ela vai... Ela vai voltar?

— Algum dia, mas não vai gostar de te ver assim, não é? Ela não deu adeus, Alya, só um até logo... Eu... — As palavras se perderam e formou-se um nó na garganta. Como consolar alguém se você mesmo se sente inconsolável?...

Quando chegaram ao hospital subiram juntos. Para Adrien era uma situação estranha, já havia se acostumado a visitá-la sozinho, preferia assim. Dessa forma podia conversar com Wayzz ou com Plagg enquanto estava no quarto. Ou com ela, pois, lá no quarto, sempre falava com ele. Os pais de Marinette normalmente a visitavam a noite, durante o dia, tinham que tomar conta da padaria, então raramente Adrien os via. Luka a visitava a tarde algumas vezes e Alya vinha às vezes também, depois das aulas. Hoje precisaria de algum momento para poder alimentar Wayzz com bolinhos da lua sem que Alya visse. Antes de subir, ele teria comprado um lírio na floricultura do saguão do hospital como sempre, mas com a Alya ali, preferia deixar para depois. O que ela iria falar se o visse colocando a flor junto com as outras?

— E aí garota? Tudo na mesma, né? Bem pelo menos todos aqueles hematomas nem aparecem mais... Queria tanto que você já pudesse me responder tenho tanta coisa para te contar! – Alya se aproximou da cama e bagunçou lhe os cabelos.

— Você... Sabe qual a situação dela agora Adrien? Já perguntou para os pais dela já os encontrou alguma vez?

— Já encontrei com os pais dela uma vez, mas não tive coragem de perguntar... – corou um pouco antes de continuar – Mas uma vez cruzei com um médico quando estava aqui, ele comentou que ela continua em coma e que não é possível saber quando vai sair desse estado, mas também não existe nenhum motivo para que piore... – O prognóstico foi o que o médico disse, mas não o encontrou apenas uma vez. Um médico não comentaria o estado da garota assim, com uma visita menor de idade, mas ele ia lá todos os dias... O plantonista da quinta-feira acabou conversando com ele um pouco na terceira vez que o viu ali. As enfermeiras o conheciam, assim como os atendentes do café, esperava que ninguém o cumprimentasse na frente da Alya não queria que a situação parecesse estranha...

FatalitéKde žijí příběhy. Začni objevovat