Brincos e anel

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Passou algum tempo, mas nenhum dos dois notou. Estavam imersos em outra realidade quando Chat prestou atenção ao seu redor novamente a garota em seu colo não era mais a Little Buggy que conhecia, mas uma com roupas comuns.

— Chat ... hei Chat! – A pequena kwami vermelha voava ao redor deles. –Você precisa leva-la para casa. Ela precisa que você a leve!

Na memória de Chat tudo ficou meio borrado como se a sequencia de imagens estivesse em uma manhã enevoada. Lembrava-se vagamente da garota ter lhe passado o endereço e ele a carregou até lá. O nome dela era Claire, havia dito. Quando estavam dentro do quarto dela os sons que ouvia passaram a se conectar de forma a ter algum sentido. E as paredes do quarto limitando o espaço faziam com que se sentisse um pouco menos perdido.

— Chat? Você está ouvindo? – Claire o chamava como se ele não estivesse escutando ... e bem, ele não tinha escutado nada mesmo até então.

— Desculpe, pequena, não estava conseguindo prestar atenção ao que dizia. – E somente agora algumas informações do entorno eram processadas em sua cabeça. Na penteadeira havia um grande numero de frascos caixinhas e blisters de remédios. A cama estava no chão e a decoração do quarto era chinesa. — Leucemia? Você não deveria estar num hospital?

— Eu não quis, não conseguiria sair e não consegui te avisar. Achei que poderia evitar se o transplante de medula tivesse dado certo. O problema é que a tentativa não pegou. E não há mais nenhum doador compatível encontrado até o momento.

— Compatível?

— Como não tenho irmãos, a chance de conseguir um doador compatível é de um em cem mil. O doador que tentamos foi meu pai, mas não deu certo e minha mãe não é compatível. Se não encontrar um doador logo não tenho nenhuma chance... Depois de radioterapia eu não tenho mais defesas, é feito para destruir as minhas células, para que as do doador possam "pegar". E contra as bactérias posso tomar antibióticos, mas se pegar uma virose... Em teoria até uma gripe poderia me matar.

Era muita coisa na cabeça dele Há um mês e meio havia perdido a parceira de luta e a amiga de escola para uma cama de hospital. De onde não tinha a menor ideia quando ela iria sair. Agora sua nova parceira estava numa cama doente, muito doente. Ele sentou na cama próximo dela. Mal sabia que ainda havia mais por vir.

— Você precisa devolver o miraculous para a antiga Ladybug, ou encontrar uma nova Ladybug. Eu não posso mais... – Tikki não estava mais ali e ela oferecia a ele uma caixinha com a mão apoiada na cama.

— Acho que a antiga Ladybug ainda não poderá... Você sabe onde encontrar o senhor que lhe deu o miraculous, o Mestre Fu? Ele poderia me ajudar... — Ela balançou a cabeça e seus olhos marejaram, a voz dela falhou um pouco.

— Chat ... Mestre Fu era meu bisavô, ele faleceu na semana passada... Foi ele, a pessoa que perdi, por isso estava triste aquele dia.

Ele agradeceu já estar sentando, ele queria respirar, mas parecia que não havia mais ar. As perguntas surgiam na sua cabeça em turbilhão. Por que ele deu o miraculous para a bisneta que estava doente? Por que ele deixou a pulseira com a Marinette? Como ele poderia escolher outra Ladybug? Como ele poderia continuar sem uma Ladybug? O que ele deveria fazer?? E ele queria muito falar e perguntar muitas dessas coisas e a única pessoa que poderia responder algumas delas estava ali, do seu lado. Mas ele não podia perguntar, não seria bom, não traria nada de bom mostrar para ela o quanto ele não tinha mais chão algum sob os pés. Ele precisava sair dali, e ainda tinha que dar um jeito de fazer isso da melhor forma possível.

— Little Lady, desculpe por falar sobre ele não havia ligado as informações. Você está certa, vou conversar com a Ladybug ela dará um jeito por um tempo, tenho certeza! O mais importante agora para você é tomar seus remédios direitinho, tenho certeza que irá aparecer um doador compatível logo. E você ainda irá querer me pedir esse miraculous de volta! — E ele não sabia de onde tinha tirado tantas palavras com esperança, pois ele mesmo já não via nenhuma luz no fim do túnel. Caralho, um em cem mil?! E se sentia mal por dizer tantas coisas que não eram exatamente verdade além da mentira óbvia, de que a antiga Ladybug daria um jeito...

FatalitéWhere stories live. Discover now