Fatalité

Wayzz

Adrien já não se lembrava mais qual o dia exato da primeira vez que ela tinha aparecido. Estava quente e não chovia ele estava no quarto do hospital visitando Marinette como no dia anterior, sozinho. Quando notou que Marinette movia os olhos e abriu as pálpebras! O primeiro impulso foi sair do quarto correndo, chamar um médico ou qualquer coisa assim, como eles não haviam notado que logo ela despertaria?!

Então notou a menina se apoiar na cama com as duas mãos nas laterais do corpo e se levantar para se sentar. E viu que suas pernas se moviam com facilidade sobre o lençol e sem a imobilização e que ela não estava presa aos tubos de respiração ou ao soro. Só então notou que a garota que se levantava não era a mesma que estava deitada na cama.

— O quê?! — olhou para os dois kwamis que estavam por ali — Vocês estão vendo a Marinette?!

Os pequenos se entreolharam, claro que estavam vendo, estava deitada na cama há dias.

— Eles não podem me ver, só você... — Disse deitando novamente na cama sobrepondo as imagens da garota que jazia inerte com aquela etérea que falava.

— Por que não? Você está mesmo...

— Não sei, se só na sua cabeça ou aqui em espírito? — Deu de ombros. — Deve ser muito solitário vir aqui todos os dias...

— Espera! Por que você ainda não conseguiu despertar?

— Não sei, pelo visto, leva tempo. Deve estar sendo bem complicado se livrar dos akumas sozinho, né? Você tem idéia do que vai fazer enquanto eu estiver "fora"?

— Vou levando, arrumei um jeito! Sabe você precisa se apressar, está perdendo muitas aulas...

Os kwamis viam Adrien conversar sozinho, sem resposta, no quarto. Plagg achava que aquilo era decorrência dos akumas, Tikki preferia não especular. Adrien notava os olhares deles em sua direção, mas não se importava, era tão reconfortante poder conversar com ela!

Ele não contava a Plagg, mas algumas vezes, a via nas lutas contra os akumas e a expressão de reprovação que dava quando ele os pegava nas mãos. Naqueles momentos sempre estava como Ladybug. Chat Noir via em seus olhos que queria realmente ajudá-lo, mas não conseguia estar ali. Então, Adrien evitava perguntar para ela no hospital se sabia quando voltaria, quando despertaria.

Um dia, quando Adrien chegou ao quarto de Marinette, em uma de suas visitas, encontrou Luka no quarto tocando o violão baixinho e cantarolando alguma música. Ficou muito irritado!

— O que faz aqui?!

— Vim ver como está a Marinette.

— Talvez você devesse ir embora, vocês nem se conheciam direito! — Marinette era SUA Ladybug, o que aquele idiota estava fazendo ali cantando para ela?!

— E você a conhecia tão bem assim? Ela sempre esteve rodeada de amigos, não creio que ela gostasse de ser monopolizada por uma pessoa...

Quando Adrien virou o rosto a viu apoiada na parede próxima à janela, olhando diretamente para ele.

— Sabe... eu gosto de música. Tirando minhas visitas, não é como se eu tivesse muita coisa para fazer.

Antes que ele acabasse conversando com ela na frente do Luka, Adrien achou melhor sair do quarto para esfriar a cabeça. Ainda lhe doía demais ter descoberto desta forma, que Ladybug era Marinette. Sentia como se tivesse desperdiçado todo o tempo que poderia ter com ela. Pelo simples fato de não ter conseguido entender que a heroína era a garota tímida que estava tão perto dele todos os dias na escola.