Noite do Pijama

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Adrien contou a Marinette na presença dos kwamis o que fizera naquele dia. E contou a ela sobre os dois sonhos que tivera, o sonho sobre ter usado o poder absoluto e o sonho com sua mãe. Ao final das histórias já tinha se passado mais de duas horas que estava ali conversando com ela. Realmente não queria ter que apressar as coisas, ela mal havia saído do hospital e recuperado parte das memórias. Mas aquilo não era o tipo de coisa que conseguiria enfrentar sozinho.

— Você... Você pensou em pegar os brincos para usar o poder absoluto?

— Claro que pensei, não posso mentir para você. Foi muito bom que estivessem contigo, a tentação ainda é enorme!

— Esse sonho com Emilie...

— Mari, desde seu acidente eu tenho tido sonhos bem estranhos. Algumas vezes tive visões, suas como Marinette e como Ladybug e eu estava acordado. Achei que talvez fosse por causa dos akumas, que não tinha como resolver antes que tivesse a ideia de Lordbug. Mas continuou depois. Se contasse isso a qualquer médico, com certeza... Isso não é normal, entende? Mas não podia trair nosso segredo, não podia e graças a Deus não falei sobre nada disso com meu pai.

— Você não acha que foi só um sonho. — Era uma constatação e não um pergunta.

— Não.

— Você acha que o jardim de inverno existe na sua casa e Gabriel a mantém lá?

— Minha mãe ou... Ou o corpo dela. Talvez eu não seja exatamente uma pessoa muito equilibrada, talvez meu pai não seja uma pessoa muito sã.

— Por que você dois não conversam com Nooroo? — Era Plagg sugerindo.

— Com toda certeza ele sabe sobre os planos do seu pai, Adrien. Talvez não possa revelar tudo, por Gabriel ter sido um portador e os kwamis devem silencio a respeito dos segredos dos portadores, mesmo aqueles que não são mais. Mas ele pode dizer alguma coisa.

Os dois se olharam depois de ouvir os kwamis. A ideia era muito boa, Marinette colocou o broche e Nooroo surgiu ali notando que Gabriel não era mais o portador de seu miraculous. Ele voou um pouco agitado, mas abraçou Tikki e Plagg assim que os viu. E se os dois estavam ali aquilo significava que os dois garotos eram Ladybug e Chat Noir eles tinham tirado a joia de Gabriel Agreste. Nooroo nunca havia visto Adrien pessoalmente, mas várias de suas fotos e o reconheceu de imediato.

— Nooroo, sabemos que não pode revelar o nome do seu portador anterior, mas precisamos saber sobre Emilie. Sobre ela você pode falar. — Era Tikki. — O que pode nos dizer sobre Emilie Agreste?

— Emilie Agreste está em um jardim, protegida por uma redoma. Está viva, mas incapaz de qualquer coisa. Está em um sono sobrenatural entre o ir e o porvir. Ela usou o miraculous do pavão que está danificado... — Adrien empalideceu com aquela noticia, não era totalmente inesperada ainda assim causava impacto.

— O miraculous do pavão está danificado?! — Perguntou Plagg. — Mas e Duusuu?

— Incomunicável. ... Ele queria usar o poder absoluto para resolver isso.

— Mas... Há outra forma de consertar um miraculous? Ou desfazer a situação na qual Emilie se encontra?

— Eu não sei... Se soubesse, teria dito a ele. Está desesperado pela falta dela.

Adrien se afastou um pouco sentando no chão com as mãos cobrindo as faces. Aquilo era uma tortura. Ele tinha tido ambos os miraculous em suas mãos e não os tinha usado! Se o pai soubesse que ele era Chat Noir, jamais o perdoaria.

— E se usássemos, My Lady? E se usássemos o poder absoluto para reparar o miraculous do pavão e trazer minha mãe de volta?

— Adrien... O poder absoluto tem um preço, não é algo que...

— Eu pagaria! De que adianta viver naquela gaiola de ouro?! Paris não suporta mais akumas, meu pai vai surtar amanhã. Mesmo que ele não descubra que sou Chat Noir talvez ele não me deixei mais ir a escola, talvez volte a querer me enviar para Londres. Não sabemos como ele pegou esses miraculous, como eles pegaram. Mas pelo que eu entendi passou muito tempo entre a perda deles e o surgimento de Hawk Moth. Meu pai não vai aceitar isso facilmente.

— Adrien, eu entendo que esteja desesperado. Não consigo nem imaginar o que faria se fossem meus pais! Mas sua mãe está na mesma situação desde o principio, aparentemente. Se seu pai não deixar que vá a escola amanhã poderia procurá-lo no seu quarto em algum momento, você pode me avisar por celular.

— Ele já... Já notou o meu anel, provavelmente desconfia de algo. Eu não sei... Se vou conseguir enfrentá-lo se ele me perguntar diretamente, se me acusar.

— Você consegue, ocultamos as identidades para não colocar ninguém em risco por tanto tempo! Está muito tarde e você precisa ir para casa, temos que dormir e se seu pai acordar e você não estiver no seu quarto aí sim terá um problema, pois será quase uma comprovação... Amanhã conversarei mais com Tikki e com Nooroo, se não tiver outra solução podemos conversar sobre o poder absoluto novamente. Talvez exista outro jeito Adrien e se existir iremos encontrá-lo! Você confia em mim?

Marinette lhe transmitia calma, de uma forma que só ela seria capaz. Se confiava nela? Totalmente e de olhos fechados! Sabia que ela não gostava de considerar o uso do poder absoluto como uma opção. Mas saber que aquela carta ainda estava na mesa o aliviava. Mesmo que achasse que aquela resposta era para tranquilizá-lo, que a possibilidade real de usar seria muito mais complexa. Mas no momento a única coisa que precisava responder era uma grande verdade.

— Confio plenamente, princesa! Tem toda razão, está muito tarde!

— Então até amanhã, gatinho! Se não puder ir a escola, me avise pelo celular como estão as coisas na sua casa.

Mesmo um pouco atrapalhada ela lhe deu um beijinho de boa noite nos lábios. Aqueles gestos de carinho entre eles ainda eram meio novidade e meio inesperados, ainda mais que ela só soubera hoje que era Adrien por trás da máscara.

Adrien saiu de lá pensativo, precisasse fazer uma troca ficaria no lugar da mãe... O pai jamais o escolheria, até aí a escolha de outras pessoas era totalmente errado. Ninguém tinha nada a ver com aquela situação! Era um pensamento deprimente, mas se ele não estivesse mais ali, não poderia se lamentar ou se arrepender de mais nada. Quem sentiria sua falta? O pai e a mãe... E Marinette.

Logo ele estava em casa, precisava se arrumar para ir para cama.

Mesmo sendo tarde demais foi difícil conciliar o sono, revirou-se um pouco na cama rezando por uma noite sem sonhos. Aqueles sonhos eram esclarecedores, mas muito impactantes.

[***]

Estava clareando quando a porta do quarto de Adrien abriu bruscamente e o pai entrou aos brados com Nathalie em seu encalço.

— Você é Chat Noir, Adrien! Tire esse anel e me entregue!

Ele acordou se inclinando na cama com seu pijama completamente grogue de sono por haver dormido tão pouco.

— O quê?! — Não precisou fingir sobressalto, a entrada brusca no quarto o pegou totalmente desprevenido e sua expressão de sono era genuína.

— Me entregue o anel, Adrien, agora! — Gabriel voltou a repetir a ordem.

FatalitéWhere stories live. Discover now