Nova rotina

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Adrien realmente tinha dado um tiro certeiro com aquela entrevista no Ladyblog e desconhecia o fato, mas a dinâmica entre Chat Noir, Lordbug e Hawk Moth era algo que irritava muito o vilão.

O fato dos dois nunca lutarem juntos atrapalhava demais. Mesmo que conseguisse um dos miraculous, a chance de pegar o outro era menor! E ele precisava dos dois! E que inferno os garotos se acabavam na luta, mas sempre conseguiam! Será que eles nunca agiriam juntos?! Que raios aquela rixa entre eles!

O segredo é a garota!

Gabriel Agreste teve uma ideia, se um dos heróis de Paris podia, por que não uma causa filantrópica? Talvez fosse o tempo certo da Agreste se envolver com o terceiro setor. Pediu a Nathalie que entrasse em contato com algumas agências publicitárias importantes e que buscasse mais informações sobre as doenças que levavam a necessidade de transplante de medula e como era organizada a lista de doadores e receptores.

— Com todo respeito, Sr. Agreste. O senhor tem certeza que irá se envolver com isso? — Ela entendia o movimento dele e de certa forma, o desespero, por Emilie. Mas de alguma forma tentar chegar aos heróis de Paris desta maneira lhe parecia sujo.

— Por favor, Nathalie, faça o que estou mandando. Não tenho tempo para hesitar. Na pior das hipóteses, uma campanha publicitária da Agreste vai ajudar diversas pessoas incentivando a doação. Achar a Ladybug, e através dela, o Lord será só uma consequência.

Mas com a mudança de foco, Hawk Moth passou a atuar menos o que pelo menos dava uma folga a Adrien. O que foi um enorme alívio, pois agora, além de ocultar as ações como Chat Noir, fazia visitas a Marinette e a Clarie como Chat Noir.

Claire apesar de tímida e mais nova, assim que viu Lordbug e tendo entregado os miraculous diretamente a Chat Noir logo notou a estratégia do gatuno. Podia não saber quem era Chat Noir, mas para ela, ficou óbvio que ele era também Lordbug, não importa se com cabelos pintados ou lentes de contato. O gatuno estava no quarto de hospital de Claire fazendo uma visita depois do jantar, em um horário que os pais dela já não viriam mais ao hospital e Gabriel não notaria sua ausência em casa.

— Mal pude acreditar que você deu uma entrevista no blog! Como você pintou o cabelo?

— Segredos profissionais, Little Lady! Um bom ilusionista nunca conta seus truques! E você não deveria saber disso, pode ser perigoso... Hawk Moth pode tentar te achar com as informações que tive que divulgar.

— O cadastro é sigiloso, Chat, segredo médico. E o que você fez foi incrível! — A garota estava por trás de uma divisória plástica que impedia o contato direto com qualquer pessoa que a visitasse. Havia extensões plásticas com luvas na ponta que permitiam que entrelaçassem os dedos ou que a visitasse acariciasse sua atual reluzente careca ou seu rosto. Mesmo assim, Chat usava uma máscara hospitalar por precaução, a última coisa que poderia desejar era deixá-la doente outra vez.

— Você acha que encontrará um doador agora?

— Bem... A França é um lugar complicado para mim meus pais são chineses, o que diminui a possibilidade de encontrar um doador aqui, mas tem acordo com outros países então uma bolsinha congelada de qualquer lugar do mundo pode fazer tudo que preciso! Tenho certeza que logo encontrarei!

A pior parte era ter tido que fazer a radio e quimioterapia agressivas sem ter um doador totalmente compatível, mas aquilo foi necessário, pois, as células de Claire já apresentavam tantas alterações que não poderia adiar o procedimento.

— Já pensou? Quando conseguir você pode passar a ter outro tipo sanguíneo! Isso é... Muito curioso!

— E se eu me tornasse uma criminosa, e a única pista fosse um pouquinho de sangue... Nunca poderiam me achar! Poderia roubar todas as obras de arte do Louvre!

— Ah,mas então eu e a antiga Ladybug teríamos que descobrir você e entregar as autoridades! Eu saberia, pequena!

— Antes de ficar doente eu não tinha a menor ideia que isso poderia acontecer, que meu sangue pudesse ser do DNA de outra pessoa! Isso não é incrível, Chat? — Mas um longo bocejo da garota o alertou que sua visita talvez estivesse se prolongando demais.

— É realmente algo inesperado! Mas você está cansada e é melhor dormir. E eu também tenho que descansar! Boa noite pequena, sonhe com os anjos. — Com um último gesto de carinho, Chat apertou a mão de Clarie entre a sua protegida pela luva plástica antes de sair pela janela do quarto.

Ainda assim Adrien estava bem cansado. Por sorte as aulas em homeschooling tinham sido sempre muito exigentes e ele não tinha dificuldades na escola. Sua agenda travada o os segredos que consumiam cada vez mais tempo... Seu maior medo era alguma distração ou erro. Ele tinha dois miraculous com ele e apenas Claire sabia disso, ainda assim, não sabia que ele era Adrien Agreste.

Marinette conhecia melhor o Mestre Fu, era a Ladybug que buscava outros miraculous em caso de necessidade. E agora a caixa dos miraculous estava com alguém, provavelmente algum parente da Claire. Será que alguém sabia que ela havia lhe entregue o da joaninha? Tantos segredos! Então ele viu "Marinette" sentada no sofá do seu quarto.

— Eu sei que é complicado, Adrien... Eu queria te ajudar.

— Eu... Eu estou fazendo certo, My Lady? Eu tenho medo...

— Vai funcionar, gatinho!

— Se vocês duas melhorassem... Eu não saberia a quem devolver o miraculous, My Lady. Seria o melhor dilema que poderia existir!

— Ainda assim, um dilema, Agreste! Gostou tanto dela assim?

— Ela vive em uma gaiola de ouro, Bugboo, assim como eu vivia antes. Os pais dela a amam, mas a trancam em casa, a protegem demais! Para ela, ser Ladybug é ter um pouquinho de liberdade...

— E eu pensando que era insubstituível em seu coração! Perdemos tanto tempo pela necessidade das identidades, né Chat? Talvez se eu tivesse concordado...

— Mas você é única! Gostaria de poder tocar em você agora, sem que você sumisse!

— Feche os olhos Chat.

Ela se aproximou dele estendendo a mão e acariciando o rosto. Plagg assistia comendo devagar um pedaço de camembert Adrien sentando sozinho enquanto falava e agora de olhos fechados parado. Sabia que ele via algo, que conversava com Marinette. Na frente dele, Adrien não se continha como ante outras pessoas. Qualquer pessoa que o visse acharia que tinha alucinações... Teria? No fundo não importava, se o que via lhe dava algum alento. Naquela situação em que estava, precisava de um pouco de paz, mesmo que fosse produzida pela sua própria mente, vai saber.

Adrien pode sentir uma carícia leve em seu rosto, as pontas dos dedos eram quentes, e um afago muito sutil em seu cabelo. Aquilo lhe dava tanta esperança! Sabia que Marinette iria despertar em algum momento! Nesses momentos sentia uma certeza inabalável de que tudo terminaria bem! Era tudo uma questão de tempo era só ter fé e paciência.

FatalitéWhere stories live. Discover now