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Abram seus livros na página 390. — disse a professora, calma e distante de seus pensamentos, escrevendo na losa o conteúdo.

Inglês não era das melhores matérias que tinha naquele colégio, na realidade, a aula era tediosa. Com certeza era a matéria com as notas mais baixas de Jaemin.

— Não quero copiar isso. — fez um beicinho desanimado olhando para todas aquelas coisas escritas na losa branca.

O mais velho pegou a caneta, passando a copiar o conteúdo sobre a folha de seu caderno. Ele fez um barulho com os lábios, sem ligar muito para o que Jaemin fazia, por conta da discussão não resolvida completamente.

— Copie isso. Depois irá se ferrar com as notas e colocará a culpa no sistema do colégio. — mencionou em tom de voz pouco arrogante.

— Jeno, desculpa! Eu já pedi antes! Você sabe que eu não aguento fingir algo que não concordo, isso entra em questão de Renjun... — se aproximou do garoto, cutucando o dedo indicador sobre sua bochecha — Me perdoa...

— Jaemin você percebe que eu não gosto dessas atitudes e mesmo assim insiste... — largou o que fazia, olhando firmemente o rosto do melhor amigo — É difícil não estar magoado com você, parece que não liga para as coisas que demonstro ou digo.

— Me desculpa... Você não imagina o quanto eu me sinto culpado por agir dessa forma! Eu não quero te ver triste por besteira minha... — desviou o olhar o mais velho, envergonhado pelas anteriores atitudes.

Um silencio foi instalado entre os dois adolescentes, mas não persistiu por prolongado tempo, porque Jeno suspirou fundo e alto, fazendo com que tudo voltasse quase ao normal outra vez.

— Tudo bem. Eu procurei aprender a lidar com esse seu traço, mas espero que você consiga aprender a controla-lo.

O mais novo deu um brincalhão socar no braço do mais velho, sorrindo expontaneo e contente.

— Não esquenta! Eu sou grandinho, estarei fazendo o máximo que possível para sustentar a nossa amizade. — ele fez um barulho com os lábios, sentindo um breve arrependimento com a última palavra mencionada.

Não era novidade que descrever e limitar seus sentimentos dentro da amizade lhe doía. Mas aquela vez, parecia estar muito mais estranho até mesmo mencionar palavras simples que lhes descrevessem, como "amigos."

Talvez Jeno tenha alimentado um pouco daquilo tudo em Jaemin. Talvez ele precisasse tocar logo nesse assunto e assumir de uma vez por todas o que sentia por aquele coreano. Mas apenas talvez, pois tinha muito a perder do que um simples companheiro, ele poderia perder o seu mundo todo.

— Bom... — sorriu de canto — Viu o desenho que Chaewon fez ontem? — sorriram se olhando fixamente — Ela gosta tanto de você, chega te considerar de nossa família.

— Será que ela irá desenhar seus namorados naquelas folhas? — colocou sua mão sobre seu queixo, desviando o olhar e voltando em instantes.

— Do que está falando? — riu descontraído, continuando a copiar o conteúdo da losa — Não seja besta! Ela conhece apenas os meninos que levo para casa para beijar na boca. — olhou assustado para Jaemin, desacreditado do que teria acabado de mencionar — Me desculpe, isso soou muito babaca...

Estava complicado ou difícil falar sobre aquele ocorrido da noite passada. Jaemin observava Lee Jeno com atenção, instalando o silêncio lento e pesado entre eles.

Mesmo que houvesse sido um momento simples e, fora do irrealismo, foi de longe a melhor escolha daquele garoto de cabelos coloridos. Entretanto, sentiu evidentemente ter sido bom só para ele próprio. Aquilo pesou.

— E por acaso mentiu? — ele sorriu com os lábios, simplista, sem tirar os olhos do coreano, sentindo seu coração doer um pouco.

Me mandaram te entregar isso. — tiveram o momento interrompido por um dos alunos da sala, algum que teria acabado de chegar para a aula. Ele largou um bilhete sobre a mesa de Jeno e foi para o seu lugar.

— Você quer ouvir o que tenho a dizer? — não se importou com o pedaço de folha largado sobre a mesa, continuava olhando para Jaemin.

Mas, o mais novo não queria mais falar sobre aquilo. Bom, não aquele momento. Ele olhou para aquela cartinha e logo sua expressão que era simples e pouco expressiva, se fechou completamente.

— Quem mandou? — perguntou em tom sério, notando a presença do garoto se afastar e virar-se a frente de sua mesa.

Jeno suspirou pesado, pegou aquela cartinha e abriu sem menos esperar algo. Não estava estranho com aquilo, mas não ligava mesmo para aqueles tipos de atitudes. Na sua cabeça acontecia apenas em fanfics do Wattpad.

"Me perdoe por minhas reações estúpidas. Você é tão bonito, me faz estar nervoso de um jeito estranho e diferente.  RJ"

— Meu... Deus... — o garoto corou lendo aquele bilhete. Jeno estava prestes a berrar naquela sala de aula, poderia agora mesmo surtar. Não conseguia acreditar no que tinha prestes a ler.

— Quem escreveu isso, Jeno? Não guarde segredos! — perguntou novamente, um pouco mais bravo, olhando fixamente para o moreno e o bilhete sobre suas mãos.

— Renjun! — disse feliz e surpreso, sorrindo largo com as sobrancelhas levantadas de forma extremamente adorável.

Jaemin apenas sentiu a garganta secar e as mãos esquentarem, suarem. Queria ficar feliz por Jeno, mas isso tinha lhe causado uma sensação ruim.

— Posso ler?! — levantou suas sobrancelhas, sério, perguntando ao mais velho e recebendo a resposta em segundos.

Jeno largou o bilhete sobre as mãos de Jaemin. Não falaram nada um para o outro por minutos. O mais novo leu e releu aquelas palavras inúmeras vezes, buscando alguma solução ou escape para aquela sua frustração.

— Eu acho que isso foi bom, parece que— Jaemin lhe interrompeu.

— Não se iluda! Ele pode ter escrito isso para qualquer pessoa! Não especifica para quem escreveu! — falou certo de suas palavras, irritado e com uma vontade exorbitante de se derramar em lágrimas de ódio naquele momento.

— Jaemin... Nós estudamos com Heesung a mais de anos... Ele não iria se enganar disso.

Jaemin tinha duas escolhas naquele momento, começar a chorar de ciúmes, ou apenas comemorar com Jeno sobre aquela anotação tosca. Era tão difícil mas tão óbvio.

Nem que tudo doesse no mundo todo, ele apenas queria estar perto de Jeno. Ele apenas queria estar presente entre todas as suas conquistas, então nada mais que justo, estar com ele no momento em que estiver amando outra pessoa, ou comemorando por determinada razão.

— Eu só tô... Ah! Tanto faz! Você está certo! — largou o bilhete sobre a mesa dele e virou seu rosto, tentando não manter contato visual com ele de forma alguma. Estava com medo de chorar. Era idiota, mas tão provável. — Converse com ele mesmo assim. Estou feliz por você... — virou-se novamente para Jeno, e sorriu com os lábios.

blue diary | nominWhere stories live. Discover now