blue diary | nomin

25

Em casa, deitado sobre minha cama, escutando qualquer música do modo aleatório da playlist. Visava o teto de forma ampla, vendo tudo o que ocorreu nessa última semana como um curta metragem de vinte e três minutos. Tudo aconteceu tão rápido. Tão inesperado

Me sentia pensativo com tudo que aconteceu. Pensava em Jeno; nossa briga; cada coisa que me fez sentir e falar. Pensava em como me sentia sozinho, mesmo acompanhado de muitas pessoas. 

Era estranho como me sentia sozinho sem Jeno. Sentia falta de sua presença a cada instante. Mesmo não querendo sua companhia, eu ainda lhe amo e o desejo a cada segundo.

Ele não é bom em guardar sentimentos por muito tempo, disto eu sei muito bem. Jeno consegue expressar o que sente pelo olhar e sempre procura alguém para desabar quando tem um dia frustrante. Talvez tenha feito isso ontem quando chegou em casa depois de nossa briga.

Então me pergunto: com quem?

Não seria egocentrismo, mas eu era o seu melhor amigo. Quem conhece Jeno mais do que eu lhe conheço? Quem estará disposto a todo instante secar suas lagrimas e escutar suas aflições no meio da madrugada? Quem me substituirá agora?

Eu tinha Chenle e Donghyuck, mas você não poderia confiar em Mark ou Yukhei, para tudo e o tempo todo. Isso me preocupa, você é uma pessoa muito importante para mim, eu não quero que você fique mal, mas eu também não posso me obrigar a ficar por perto enquanto você estiver consciente de meus sentimentos, mas não os correspondendo.

Sempre fui seu reflexo, Jeno. Somos alma gêmeas, feitos para estar juntos.

Eu lembro do dia em que percebi estar perdidamente apaixonado por você. No dia em que nada mais me fazia importância a não ser aquelas curvas desenhadas e adoráveis de seus olhos. Naquele dia, você me viu triste pelos meus pais, sempre soube o quanto detestava aquelas suas brigas; mas você segurou a minha mão e beijou o meu rosto; como quem não queresse mais nada.

Eu lembro de cada instante; cada célula viva do meu corpo se fazer presente e todo pelo do meu corpo se levantar; e teve aquela sensação esquisita na minha barriga... Você se tornou o meu tudo depois daquele dia e eu nunca me imaginei, desde aquele momento, distante de você.

Sinto sua falta, Jeno. Queria que você estivesse aqui agora, segurando a minha mão e me fazendo lembrar que ainda é tempo.

— Toc, toc. — uma voz feminina ecoou sobre o quarto, vindo com a presença em minha direção, sigilosamente.

— Yeojin? — olhei assustado e surpreso para sua áurea. Ela me observava, passando a mão nos cabelos castanhos — O que está fazendo aqui?

— O pai saiu para trabalho e a mãe está lá em baixo se queixando de alguma coisa. — deu de ombros — O que rolou nesses dias lá na escola, bambi? Eu soube que você estava sem se falar com Jeno.

Pelo visto, fofoca corria solta, muito mais do que imaginava. Eu suspirei fundo, me sentando sobre a cama e dando de ombros.

— Assunto complicado. — ela se aproximou, se sentando sobre a minha cama e levantando os pés desnudos para cima — Por onde andava?

— Assunto complicado. — repetiu a minha frase, sorrindo com os lábios em reciprocidade — Tá afim de sair pra caminhar?

— Você acabou de chegar...

— A rua me chama! — se levantou da cama, estendendo a mão em minha direção — Vamos! Podemos por o papo em dia e arrumar umas fofocas quentes dos vizinhos. E você precisa ir cumprimentar a mãe, ela pode ficar puta da cara.