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— Jeno! Volta aqui! — clamou receioso pelo nome do garoto que caminhava rápido sobre o corredor. Jaemin foi correndo um pouco até o moreno, com um olhar cabisbaixo e arrependido no rosto.

— Me deixe quieto, por favor... — mexia no celular, pondo um dos fones sobre o ouvido.

— Jeno, eu precisava desabafar. Não distorça as coisas, pelo amor de Deus! — revirou os olhos parando na frente do mais velho.

— Você não consegue notar a merda que fez?! Expôs algo pessoal. Você me fez acreditar que conseguia guardaria aquele segredo. Eu achei que pudesse confiar em você! — respondeu firme.

— Você está se iludindo e se perdendo no meio de suas próprias conclusões. Não combinamos nada. Isso tudo é uma afirmação muito precipitada. Saiba que, a propósito, você não tem nem moral para ficar frustrado, ouviu? Isso tudo foi justamente por causa de você.

— O que aconteceu com o garoto de algumas horas atrás? — deu um empurrão no coreano, que atrapalhava seu caminho. Jaemin mesmo assim o seguiu, já muito irritado com os modos.

O corpo do mais novo se esquentava de nervoso. Estava tomado pela sua raiva. Nem Deus poderia garantir o futuro daqueles seguintes minutos. Algo estava errado. Algo continuava errado.

— Ele está aqui, querendo debater e entender toda essa explosão sem sentido. — o mais velho se virou de frente a Jaemin, firme e fixamente.

Estavam no pátio do colégio, quase a frente do portão. Os olhares estavam distantes e distraídos, mas já era possível escutar murmuros.

— Eu estou magoado com você. Não acredito que foi capaz de dizer um segredo para outra pessoa. — mencionou em tom de voz baixo, para não causar tanta atenção dos estudantes e alunos ao redor. Mas aquilo não era o que Jaemin precisava ouvir, o que esperava, porque aquilo ele já entendia.

— Por que isso deveria ser um segredo? Quem liga para nós dois além de nossos amigos? Me parece que tem algo a mais nisso, e não me diga que não pensou em falar nada naqueles minutos. — continuava falando em tom de voz maneiravel, tentando conversar sobre aqueles beijos outra vez.

— Está ficando maluco? Achei que esse assunto tinha morrido. Você está distorcendo todas minhas reações, como se não confiasse em mim!

— Ah! Eu não confio mesmo. Você consegue notar o grande imediatismo que tem? Ele assusta. — levantou suas sobrancelhas, debochando das palavras do mais velho — Jeno, nós ainda precisamos falar sobre isso, mais uma vez.

— Não, nós não precisamos. — desviou o olhar, tomando uma forte cor em suas bochechas. Jaemin brevemente riu, debochado.

— Me diga o que você sentiu. 

— Do que está falando?!

— Quando nos beijamos pela primeira vez, senti meu peito saltitar entre cada segundo contra sua presença. — olhou para o rosto dele com mais atenção, instalando sutilmente um silêncio entre suas falas — Você também sentiu algo?

— Não tente arrancar palavras de mim. Isso é uma má ideia. — olhou para os olhos do mais baixo, fixamente.

— Então isso foi um sim? — o mais velho debochou — Para negar com tanta convicção, mas ocultamente, me faz pensar que está tentando esconder algo. Você não quer falar sobre isso de jeito nenhum, parece que... Está mentindo para mim.

— Não, eu não estou mentindo ou escondendo nada. Eu estou esgotado de ideias, você não consegue entender e nem perceber sequer um terço delas. Me deixa na minha, vai...

— Essa madrugada, eu estava com muito sono, mas sei exatamente que esteve tendo alguma coisa muito séria e recíproca entre nós...

— Não, não teve. Você está muito enganado.

— Para de complicar essa merda, porra! — enfatizou em quase um grito, extremamente irritado com as maneiras de Jeno no meio daquela discussão a frase em tom alto, fazendo diversas pessoas em volta olharem com mais atenção.

— Para você com esse show, já não tem atenção o suficiente?! — deu um empurrão no mais novo, que colocou suas mãos sobre o rosto segurando o choro.

— Ótimo! Vou direto ao ponto então: eu gosto de você muito mais do que apenas um amigo! Eu queria te beijar porque eu tenho sentimentos muito mais que intensos por você. — arrancou as palavras presas em sua boca, olhando para Jeno com atenção — Mas eu vejo você feliz com Renjun! Fica perdido no sorriso dele e eu começo a me corromper por dentro porque eu só queria ser ele!

O peito de Jaemin estava doendo, um nó em sua garganta estava formado. Seus olhos cheios de lágrimas eram notáveis. O garoto odiava compartilhar seus sentimentos.

— Está tirando sarro da minha cara?!

— Aqueles beijos me fizeram refletir por semanas se era certo ou não dizer isso. Eu não sei se foi certo. Eu estive com muito medo de perder você por causa dos meus sentimentos, e agora mesmo estou com medo do que você possa dizer ou fazer. Então, sem mais enrolação, me diga, o que você sente por mim, Jeno? É real ou apenas atuação por dó?

— Merda... Jaemin, se toca! É óbvio o bastante que não sinto nada por você, Jaemin! Eu não posso te amar dessa forma.

— Não estou te pedindo, você nunca vai gostar de mim da mesma forma que eu gosto de você. Isso é óbvio. Seu coração nunca vai palpitar da mesma forma que o meu palpita quando você faz qualquer coisa...

— Jaemin... Eu gosto de Renjun, apenas dele, e é apenas ele quem eu penso e sonho.

O coração de Jaemin ardilosamente se quebrava conforme soava cada palavra da boca de Jeno. Parecia irreal aquilo tudo. Ele não queria se convencer.

— Não! Eu não acredito em você. Você pode estar apaixonado por ele, mas da forma como você me beijou me faz pensar que há alguma chance. Eu não acredito que você... Que você apenas fingiu...

Jeno se aproximou de Jaemin, ferozmente, tomando os lábios em um beijo quaisquer em meio às lágrimas quentes e salgadas do mais novo, e após pouco tempo, lhe separou de si e continuou a fita-lo.

Mas aquele beijo foi tão limitado. Houve tão pouco amor e afeto. Era uma mistura de raiva e irrealidade. Era tão frio e morto. Não havia sido bom. Era triste e carregado de todos os tipos de negatividade possível.

— Eu não poderia fazer isso com você.

Jaemin já não podia mais falar nada. Seu peito doía tanto, tanto e tanto, não queria ter uma crise de choro ali, na frente de Lee Jeno.

— Me perdoe por desperdiçar seu valioso tempo, Jeno. — ele deu uma ombrada no garoto de cabelos moreno alto, e partiu de onde estava.

Passou por aquele trajeto e foi a caminho de casa sozinho com seu frágil coração despedaçado.

blue diary | nominWhere stories live. Discover now