blue diary | nomin

18

Estava a caminho de casa, a mochila pesada nas minhas costas apenas não doía tanto quanto meu peito. Chorando um pouco, claro, mesmo que acreditasse que parcialmente armei uma para cima de mim, Jeno me machucou sem dó alguma. Meu telefone não parava de ser notificado com mensagens, todas obviamente de Chenle e Donghyuck que viram de longe aquela discussão. 

Por isso o desliguei. Foi um dia ruim, eu só queria chorar até pegar no sono, não estava no clima de falar com ninguém. 

Quando finalmente cheguei no inferno de casa, abri a porta desanimado e entrei dentro daquele lugar simplesmente irritante e tosco, igual eu era, segundo meus próprios olhos diante minhas atitudes contra meu melhor amigo.

— Chegou cedo hoje, filho! — sorriu largo enquanto preparava a comida.

Minha mãe, a única mulher da minha vida e meu anjo ferido, ferido por meu pai. Isso era bem visível, seu coração doce foi quebrado diversas vezes por aquele homem, tanto nas vezes em que ele lhe traiu, ou em quando acertava um tapa em seu rosto, na tentativa de calar a boca. 

Não disse absolutamente nada, não queria falar algo e logo começar a chorar. Subi para meu quarto e me tranquei lá dentro por algum tempo. Agora sentado contra porta, apoiando meus braços por cima dos joelhos. A forma como meu dia conseguiu ser destruído em minutos, era absurda.

Pensando em cada palavra que Jeno teria dito, pensando na forma como me fiz me sentir um lixo. Jeno, eu estava te odiando tanto, te odiava e não deveira. Porque eu quem sou o burro, eu sei que isso foi culpa minha, não posso jogar a responsabilidade em você.

Então, tirei seu diário de minha mochila e li mais uma pagina. Porque não basta estar de coração partido, tenho que me torturar por ter dito tudo o que não deveria, claro.

"Andei de bicicleta em uma rua do lado do colégio que vou começar a estudar daqui alguns dias. Eu conheci um menino eu por desastre caí no chão e ralei o joelho, por sorte ele me ajudou a por um bandeidi, ele é legal. O nome dele é Jaemin, acho que fiz um amigo."

Era ironico, anos se passaram e eu idiota continuava protegendo Jeno de quaisquer dano físico ou emocional.