Capítulo 1.

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Um dia eu acreditei que podia voar, eu acreditei naquilo com todas minhas forças, mas não funcionou.

Até o dia que eu a toquei.

Eu voei quando a abracei pela primeira vez, meus pés saíram do chão quando tocaram seus lábios vermelhos. Foi como todos os problemas e dores que carrego em minhas costas tivessem sido expulsos pelo seu calor, dando espaço para aquilo quente em meu coração.

Foi como voar.

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Dilan

Um dia me disseram que meninos não podiam chorar, se não tinham seu coração roubado.

E eu acreditei, mas mesmo assim eu caí.

Naquele dia, quando minha testa sangrava e meus olhos se transformaram em lágrimas, meu coração foi roubado.

Lembro-me até hoje de seus cabelos que voavam pelo céu, de seu rosto aflito, de seu sorriso...

De tudo.

Tudo é uma palavra que define bem ela.

Naquele dia o céu estava nublado, e seus longos cabelos castanhos contrastavam perfeitamente com aquela cena. Foi impossível não ser roubado.

Ela roubou minhas batidas, ela roubou minha atenção.

Ela me roubou.

E tudo piorou com o passar dos anos. Cada dia mais ela roubava um pedaço do meu coração e tomava para ela.

Até chegar o dia em que a vida do meu pai foi tomada. Eu acreditei que nunca mais sentiria nada, apenas aquele vazio que me vazia chorar todos os dias. Porém, mais uma vez, por causa das minhas lágrimas, eu fui roubado.

Mas aquilo foi mais intenso do que uma queda de criança. Eu podia sentir que ela estava marcada em minha pele, em minha mente e em meu coração.

E assim foi, ela ficou marcada em mim. Eu fui embora, eu partir, mas mesmo assim, todas as noites procurava pela a menina sorridente que invadia o meu quarto entrando pela janela, procurava por seu sorriso e seu abraço.

Mas ela não estava mais .

E então foi como cair de bicicleta. Eu me machuquei, porém machuquei mais pessoas ainda.

Me vi perdido sem aquele ombro para chorar.

Às vezes, nós esquecemos de coisas da nossa infância por causa de algum motivo ou apenas esquecemos. Eu tentei, acredite. Eu tentei me esquecer daquele sorriso, daquele calor.

Eu procurei outros sorriso, outros calores, mas foi tudo em vão. Nenhum era igual o dela.

Ninguém era como ela.

Ninguém me dava esporros como ela, ninguém se preocupava comigo como ela, ninguém me abraçava como ela, ninguém me tocava como ela.

Os toques dela eram diferentes, ela me tocou sem usar as mãos. Ela me tocou tão profundamente.

Eu fiz tanta burrada sem ela. Tantas coisas que me arrependo toda noite. Quebrei tantos corações inocentes, eu fui um babaca sem ela.

Por isso, quando a vi falando aquelas coisas sem sentido, a beijei. Eu queria que ela entendesse tudo que eu sinto.

Que ela sentisse.

Eu perdi meus sentidos, perdi minha audição e minha visão.

Ela falou algo, ela me beijou tão intensamente. Eu fiquei fraco perante seu toque.

Nós Crescemos [✓]Where stories live. Discover now