Nós Crescemos [✓]

Capítulo 4.

Lory.

- Trevor - Suspirei, não sabendo como agir. - Eu - Antes que pudesse continuar falando, ele me interrompeu.

- Por favor, deixe-me explicar. - Admirei seus olhos verdes, sentindo meus músculos tensos. - Você ainda não almoçou? Podemos comer algo e conversar. - Sugeriu, fazendo eu negar com a cabeça.

- Apenas fale o que quer - Mordi os lábios, fitando a porta de casa. - Sem enrolação. - O menino puxou o ar com força e assentiu. Cruzei os braços, esperando ele falar.

- Eu estava bêbado - Comentou, e logo, rebati.

- Eu sei. Você não estava nem conseguindo se manter em pé. - Cuspi, observando o machucado em seu queixo feito por mim.

- Eu não me lembro do que aconteceu.... - Suas palavras eram sinceras, mas a raiva que senti ontem não saia de minhas veias.

- Se você não sabe beber, não faça isso. - Apontei, não conseguindo me segurar. - Quantos anos você acha que tem? Trevor, não somos mais crianças, saiba lidar com as coisas. - Vi seu semblante mudar, ele parecia tão irritado quanto eu.

- Não fale assim comigo, eu só vim tentar resolver as coisas. - Vi seus punhos fecharem, porém seu tom continuava baixo. Respirei profundamente, tentando me acalmar.

Mas não funcionou.

- Você tentou fazer coisas comigo a força - Espremi os lábios, observando sua expressão surpresa. - Sabe como aquilo me deixou? Você falou coisas horríveis sobre pessoas importantes para mim. - Um vento forte passou por nós, fazendo meus cabelos voarem. - Você disse coisas horríveis sobre pessoas maravilhosas. - Ele tentou se aproximar, mas eu me afastei. Tirei os fios de meu rosto, fitando sua expressão indecifrável. - Você me machucou, me chamou de "safadinha" - Dei uma risada amarga, negando com a cabeça. - Onde eu estava com a cabeça quando deixei você se aproximar? - Ele passou as mãos pelo rosto, sua aflição era palpável. - Apenas se desculpe e vá embora. - Sussurrei me sentindo tonta.

- Lory, por favor... - Engoli em seco, me aproximando dele.

- Você é uma boa pessoa, Trevor. Mas você julga demais, é muito impulsivo e tentou fazer coisas ruins comigo - Parei, sentindo meu peito dolorido ao ver seus olhos vermelhos. - Eu não sou uma pessoa solidária, entenda isso. Você traiu um pouco da confiança que tinha por você, eu posso até te perdoar, mas não quero você perto de mim. - Toquei seu ombro, fazendo-o abaixar a cabeça. - Espero que assim como eu, você mude. - Passei por ele, sem olhá-lo. - Nós crescemos, Trevor. Entenda isso. - Fechei a porta em um baque, entrando dentro de casa com as pernas bambas.

Eu não sei se fiz a coisa certa, nem se falei as coisas certas, mas coloquei tudo para fora. Trevor é uma boa pessoa, porém eu não quero mais me preocupar com seus problemas e suas atitudes desnecessárias.

Está tudo acabado.

×××

Dilan.

Engoli em seco, passando as mãos suadas na calça. O ar refrigerado fazia meu nariz arder, e meu corpo ficar gélido. O silêncio continuava no cômodo espaçoso, enquanto doutora Megan analisava meu diário com cuidado.

- Então você teve apenas três pesadelos semana passada? - Indagou com leveza, e eu assenti. Meus ombros estavam tensos, e eu sabia que não deveria mentir para ela, mas eu não podia evitar. Seus olhos verdes me analisaram com atenção, ela estava me lendo. Era impossível não me lembrar de Tess, ela sempre me lê.

Estalei o pescoço por causa do nervosismo, me arrependo logo em seguida. Dona Megan sabe o motivo de eu fazer isso...

- Tudo bem - Afirmou, deixando meu diário de lado. Ela tinha deixado essa passar. - E você anda dormindo bem? Já falei para dormir, mesmo você tendo pesadelos, você tem que dormir. - Sorri ao me lembrar de noite passada.