Capítulo 6.

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Dilan.

Encarei o menino ruivo ao meu lado. Ele está mais pálido que antes.

— Sua mãe veio hoje? – Indaguei o observando. Ele tentava abrir a garrafa de água que eu o dei, isso acabou me fazendo rir.

— Obrigado. – Agradeceu, logo que eu abri a tampa da garrafa. — Não, ela nunca vem. – Revelou com a voz baixa. Suspirei encarando seus braços magros. Ele com certeza emagreceu.

— E seu pai? – Stephan levantou a cabeça, me encarando pela primeira vez essa noite. Ele deve estar com raiva.

Meu peito se apertou quando ele sorriu de maneira fraca e negou. Seus dedos brincavam com a tampa da garrafa, enquanto seus olhos fitavam a mesma.

— Desculpa ter ficado um mês sem vim. Eu estava... Meio ocupado. – Pedi o observando. Ele parece mais fraco desde a última vez que estive aqui, isso está me preocupando.

Seus olhos verdes se focaram em mim, eu podia ver a sombra triste que sempre rondava seus glóbulos, porém ele sorriu.

Esse sorriso falso.

— Você sabe que não precisa se desculpar. – Se levantou com dificuldade, indo em direção a sua cama. Me levantei e o segurei com rapidez, quando ele quase caiu no chão. — Você não é obrigado a visitar um doente.

Os cabelos ruivos em sua testa tapavam seus olhos, e aquele maldito sorriso fraco fez meu peito se apertar ainda mais.

— Você é meu amigo, Stephan. Eu não vou te abandonar também.

                            ...*...*...

Engoli em seco, sentindo aquela angústia que domina meu ser novamente.

Molly comia tranquilamente ao meu lado. Seus cabelos ruivos me lembram dos dele, deve ser por isso que senti carinho por Molly desde a primeira vez que a vi.

Melanie estava de longe nos observando, eu podia sentir seus olhos cravados em minha pele. Acho que preciso conversar com ela, coisa que deveria ter feito desde o início.

— Tio Dilan, você sabia que minha irmã fala de você? – Molly indagou levemente, se ajeitando nas cadeiras do consultório veterinário.

Molhei os lábios, mudando minha atenção para, agora ruiva, Melanie. Quando nossos olhos se encontraram ela desviou rapidamente.

Merda.

— Não. – Contei fitando as sardas de Molly. — O que ela fala? – A menina tocou meus ombros, parecendo querer que eu me aproximasse. Me curvei, para que ela conseguisse cochichar nos meus ouvidos.

— Que você é um idiota. – Revelou num sussurro. — Mas eu não acho isso, você é uma pessoa boa. – Ela se ajeitou ao meu lado, voltando a comer sua rosquinha.

Saber disso não foi uma surpresa. Eu realmente era um idiota enquanto namorávamos, se aquilo podia ser chamado de namoro.

Eu a tocava pensando em outra pessoa. Eu me odeio por isso, eu odeio a pessoa que eu era.

— Sua irmã está certa. Eu era uma pessoa horrível. – Passei a mãos pelos cabelos, sentindo aquele sentimento amargo novamente. — Mas eu acho que até idiotas podem mudar, ou serem mudados. – Afirmei calmamente. Eu mudei sem perceber quando reencontrei mestra. Ela desperta o que há de melhor em mim. — Mas muito obrigado por falar que sou uma pessoa boa. – Molly chegou mais perto de mim, apoiando sua cabeça em meus braços e sussurrando um "de nada."

Passamos mais algum tempo ali, ela pediu para eu contar mais sobre as minhas histórias com Lory, e foi o que fiz.  Molly riu bastante quando falei da vez que mestra chorou porque eu tinha arrotando em seu rosto. Foi um dia bem engraçado.

Nós Crescemos [✓]Where stories live. Discover now