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Quando desci para jantar já todos me esperavam, o General Washington fez as honras da casa, indo buscar-me a porta do salão, havia uma mesa comprida onde a porcelana brilhava, notei que só havia quatro pratos na mesa.
- o General vai desculpar-me mas Imelda a minha dama de companhia irá sentar-se connosco. Dê-me licença para a ir chamar, para que lado são as cozinhas?
-oh senhorita, peço desculpa não sabia que queria jantar na companhia da sua criada, vou já mandar chamar, sente-se por favor. – desviou a cadeira para que me sentasse e saiu. O sr Heughan e o Heughan coronel esperaram que me sentasse, para tomarem os seus lugares, fiquei de frente para o coronel que me olhava  intensamente.
- Imelda não é minha criada, é a minha dama de companhia, criou-me, foi o único colo que conheci, é como uma mãe para mim, nunca jantei sem ela, espero que não se importem, mas, não ligo muito para as convenções sociais, como verão daqui por diante, não vejo pessoas de primeira nem pessoas de segunda, para mim todos somos iguais.
-Todos Senhorita? Até os negros e os índios? - Perguntou-me Heughan o coronel.
- Todos coronel, por isso vim para a América onde me parece ser isso que estão a fazer, ou exagero?
-Não, de forma alguma, é isso que estamos a tentar fazer, sim, uma sociedade mais justa para todos. Aprecio imenso que uma jovem como a senhorita entenda as coisas dessa forma. – pegou no copo do vinho e saudou-me com ele, olhando dentro dos meus olhos, com um ligeiro sorriso. Jesus, tinha de ter cuidado com este homem as minhas anaguas pareciam coladas às minhas pernas. Virei-me para o sr. Heughan que olhava ora de um ora para o outro bebericando do seu copo, peguei no meu e virei-me ligeiramente para deixar de ver o coronel.
- Está sempre tanto calor por aqui, Sr. Heughan?
-Bem sim, mas hoje até é das noites mais frescas, senhorita. – pareceu-me que se ria por dentro. Sentia as minhas faces encaloradas deveria estar vermelha como um tomate—que mesa bonita realmente tenho coisas muito bonitas, amanhã terei de ver o que existe, estou muito feliz. – e sorri com quantos dentes tinha na boca. Depois de Imelda ter chegado com o General Washington que se repartia em repetidas desculpas, por não ter mandado colocar os pratos devidos na mesa e que tal não iria acontecer mais de forma alguma, até que uma Imelda já farta de o ouvir olhou para ele muito séria :
-General, coma!!
Depois de um belo repasto, nada como em Inglaterra, mas este tinha um sabor muito melhor, era meu. Ou seria quando eu abastece-se as cozinhas, com o meu dinheiro mas a conversa fluiu deveras interessante, o Sr. Heughan e o General tinham imensas histórias, e iam respondendo às minhas perguntas, envolvendo-nos numa discussão sobre os impostos, e sobre o rei e seus governadores, estávamos do mesmo lado da discussão, o coronel falou pouco, apenas respondendo de quando em vez, quando alguns dos outros senhores lhe perguntava algo diretamente. Sentia o olhar dele em mim, dando atenção às minhas palavras, aos meus gestos. Quando olhei para o meu lado direito, Imelda estava a piscar, coitada estava terrivelmente cansada.
-Senhores, espero que me desculpem mas vou-me retirar, estou deveras cansada e como podem ver Imelda também - levantei-me e levantaram-se todos em seguida desejando-nos as boas noites – Imelda,  vamos querida, vamos descansar.
-Oh sim, menina, vamos sim estou morta. Salvo seja, e olhou para os senhores que a olhavam todos de sorriso – bem se estou, devo estar no céu, com tanta beleza junta.
- Imelda! Desculpem senhores ela está sonolenta. Até amanhã. - Agarrei nela e subimos a escadaria enquanto ela ainda balbuciava.
-Ora menina e  disse alguma coisa errada? são uns homens muito bem postos, são sim sr. Posso estar velha mas ainda não estou cega, menina, ah pois não .
-Sim, Imelda e o decoro? Hum, onde fica o decoro?
-A esta hora da noite menina, não sei, provavelmente já está deitado. – era uma senhora muito virtuosa a minha Imelda,  já no alto das escadas ouvi uma gargalhada , uma  gargalhada rouca e profunda, só podia ser do homem mais bonito do salão. E sorri também.
Sonhei com cardeais vermelhos, e tentava agarra-los conforme me aproximava eles voavam e eu  corria, pelos campos atrás deles de braços no ar, até que esbarrei com algo que estava no caminho, olhei em frente e um lindo guerreiro de cabelos loiros e tranças pelo meio das costas com os mais belos olhos azuis agarrou-me pela cintura e rodou comigo no ar, até que me pousou suavemente no chão e eu enlacei-o pelo pescoço olhando aquela boca de pecado e beijei-o, senti-lhe os músculos retesados, passei as minhas mãos pelos músculos dos seus braços e passei uma mão pela sua cintura, enquanto ele baixava as suas pelas minhas costas agarrando-me pelas nádegas e eu gritei : Santo deus, acordei suada e com a  respiração alterada, Cristo que sonho, passei a mão pelos lábios, pareciam dormentes como se tivessem acabado de ser beijados, bebi uma pinga de água e recostei-me nas almofadas, meu Deus, que sonho tão real, precisava dormir, descansar mas estava irrequieta, levantei-me fui até à janela, a lua estava enorme, talvez a minha inquietação tivesse algo a ver com a lua e não com o coronel de olhos azuis e boca rosada. Voltei para a cama. E tentei contar carneiros até me deixar dormir. Bem antes de pegar no sono, um dos carneiros sorriu para mim.
Acordei bem disposta com o amanhecer do dia, não conseguia mais ficar deitada, tinha de ir conhecer a casa, lavei-me e vesti um dos vestidos simples que tinha de cor de vinho, fresco, de mangas curtas debruado de grega mais escura, fiz um coque no cabelo, tinha de o cortar estava enorme, mas lá o consegui ajeitar e coloquei uma simples rede a segurá-lo no alto da cabeça estava com boa aparência apesar da noite, não tinha olheiras nem papos estava muito bem, calcei uns sapatos de sola  bons para andar no campo e  desci, não havia ninguém ou ainda não se tinham levantado ou já tinham saído, os homens lá fora também ainda dormiam dentro das tendas, fui procurar a cozinha,  andando pelos corredores vi que havia muita coisa de valor dentro da casa desde as tapeçarias, às louças, as pequenas estatuetas de mármore e algumas de prata, as portas tinham entalhes dourados e pendurados das paredes quadros enormes de gente que eu não conhecia, estes teriam de sair com toda a certeza, chegou-me um cheiro de ovos fritos com canela e segui-o, entrei numa área enorme com grandes balcões de mármore, um lume debaixo de um deles onde os buracos estavam cheios de potes e panelas, o cheiro vinha dali, encontrei uma mulher negra com um turbante imaculadamente branco na cabeça :
-Senhora - e baixou-se.
-oh bom dia – peguei-lhe no braço e levantei-a – oh não faça isso por favor, levante-se não precisa fazer isso, diga-me estou com fome o que posso utilizar para fazer uns ovos, iguais aos seus?
-Senhora estais na tua casa, fazei o que tu quiseres, as coisas são tuas e os ovos com canela são teus também…. e dele – disse apontando para a outra ponta da cozinha, olhei para lá e Sam estava de pé, muito sério a olhar para mim.
-OH, bom dia coronel não o tinha visto.
-Bom dia senhorita, acordou com fome? Dispenso-lhe uns ovos, aliás agradeço que a senhorita me dispense uns ovos para o meu pequeno almoço, também estou faminto. – ri-me abanando a mão.
- Coronel, a minha casa é a sua casa, esteja à vontade. Vamos comer então, preciso de um cicerone para conhecer a plantação quer fazer-me o obséquio? Há cavalos? Sem ser os do exército, claro.
- Será uma honra senhorita.
-Andreza, pode tratar-me por Andreza,
-Se me tratar por Sam - e piscou-me o olho.
- Claro, será Sam daqui pra frente.
- Andreza. – disse simplesmente.
Fomos buscar os cavalos tinha um bom estábulo tinha quatroo cavalos e quatro éguas, nada mal, montei a que Sam me disse ser a mais mansa, e ele montou no seu garanhão que já trazia consigo.
- Este é meu, Hidalgo o cavalo mais inteligente que existe.. Um amigo, já me salvou de muitas emboscadas.
-É lindo. – e era,  um puro sangue mustangue. – é  índio?
-Quem o cavalo ou eu? – ri-me com vontade.
- Os dois já agora.
- Bem somos, mas ele é um puro sangue, já eu sou uma mistela. – olhou para baixo acariciando o cavalo.
-Mistela?
- Sim quero dizer o meu pai como viu é americano e a minha mãe era India da tribo Cherokee, eu fui criado nos dois meios, mas mais tempo nos Cherokee, o meu pai não tinha muito tempo na minha juventude, por isso tenho mais uma costela de índio que de americano – Falou, balançando os cabelos para os colocar para trás das costas. – Não pense que estou ressentido, nada disso o tempo que tenho com o meu pai também foi muito bom, e acho que estou um pouco mais à frente do conhecimento devido a minha peculiar educação. O meu pai entendeu que eu deveria conhecer o mundo quando tinha uns quinze anos e estudar com os melhores professores, a minha mãe entendia que eu deveria atender os melhores xamãs, logo só tive do melhor dos dois lados. – num curto espaço de tempo acabou com as minhas dúvidas, se as havia, em relação à sua pessoa.
- Nem sabes a sorte que tens Sam, a melhor de todas foi teres nascido homem. – ele olhou para mim com as sobrancelhas levantadas.
-Cristo mulher, não gostas do teu sexo? – olhei encabulada para ele. – Quer dizer não gostas de ser feminina?
- Gosto, claro que gosto, sei que as mulheres têm imensas capacidades e algumas senão mesmo a maioria são muito mais inteligentes que os homens, não temos é as oportunidades na vida que vocês têm, olha para mim e diz-me que não ficaste intrigado por vir sozinha de Inglaterra apenas acompanhada por outra mulher? O Teu pai ficou e disse-mo, não mandou dizer.
- Intrigado, sim podes dizer que fiquei intrigado mas quem fale contigo ou te oiça umas horas, fica a perceber que tens coragem para isso e muito mais, és uma mulher corajosa Andreza, nunca deixes que ninguém te diga o contrário. Tens muita perseverança contigo, e nos tempos que percorremos isso  é, uma das melhores qualidades numa mulher, não invejes nenhum homem. – fiquei calada olhando-o e vi a sua sinceridade estampada naqueles lindos olhos azuis e sorri-lhe
-Obrigada. – e percorremos em silêncio os campos da plantação.

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