XXIX

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NATHAN
Nathan ia disfarçado de professor holandês em busca de trabalho viajou com um nome falso, já tinha entrado no exército de Burgoyne e tentava a todo o custo travar conhecimento directo com o General, mas não estava a ser fácil, de todas as vezes que tentava acontecia sempre algo que lhe mudava a direção, neste momento os seus compatriotas americanos, a quem ele não conhecia tão bem quanto isso, cercavam Burgoyne  perto de Champlain não tinha forma de comunicar directamente com ninguém, os seus esforços estavam a cada dia mais distantes de tal façanha, sentia-se acuado, por mais de uma vez pressentiu que o vigiavam, mas sempre que olhava a sua volta não via ninguém com interesse na sua pessoa, entretanto ia fazendo companhia aos soldados junto às suas fogueiras e entabulava conversas mas era tempo perdido estes sabiam tanto de alguma coisa quanto ele, em uma das vezes que foi aos arbustos verter águas ouviu chamar baixinho,
- Soldado, ei aqui soldado. – olhou e viu um homem agachado por entre a ramagem
- Sim, o que quer homem? - baixou-se para ninguém o ver, o homem em questão estava vestido com uma farda continental, assombrou-se – credo homem que faz aqui?
- Preciso de ajuda, sei quem és! – de imediato Nathan se pôs de pé e já ia a voltar-se para adentrar dentro do emaranhado de homens do exército de Burgoyne. – espera,  escuta, o meu nome é Benedict Arnold, sou  Coronel  do exército continental, tenho um recado para ti, não, não fujas, não te poderei seguir aí para dentro.
- Eu não sei quem é, nem o que quer de mim, eu sou um legalista vou fazêr com que o descubram coronel. Juro que vou.
-Não, não faças isso, escuta-me foi o próprio Washington que me enviou, faz com que o exército de Burgoyne se atrase  tens de fazer qualquer coisa para os atrasares. Washington está a sair de Villey Forge para atacar Howe, Burgoyne não pode ir ter a Saratoga tão cedo.- Nathan olhou à sua volta, seria muita coincidência este homem ser um legalista ou um duplo espião e saber de todas as combinações que se fizeram em Villey.
-Diga-me homem o que posso eu fazer há quase duas  semanas que caminho junto a Burgoyne e ainda não consegui uma única vez entabular conversa com o homem, sei apenas  que está cercado, você está no cerco.?
-Sim sou eu que estou no comando desde cerco, mas não aguentamos muito mais, faça algo.. – e desapareceu
- Que posso eu fazer? Meu Deus ajudai-me, dai-me uma luz.
- Soldado? – alguém chamou por ele do acampamento – demorado? Avie-se, volte à sua fogueira.
- Sim sr, estava difícil, peço desculpa.
- É da comida, mais de metade do exército está com os mesmos problemas de entupimento, a sorte é que se o cerco continuar, deixaremos de sujar os bosques por aí.
- Como sr.?
-Ora, por não termos de comer. –  o homem  riu-se das suas próprias palavras, o sorriso de Nathan foi bem mais amarelo.
-Ah! Sim percebi. – o homem achou-se muito engraçado, sem graça ter, pensou Nathan.
-Mas agora estou a ver, você é o professor, calha bem precisamos de alguém que fale fluentemente holandês, estamos com um pequeno problema ali no conselho de guerra, pode acompanhar-me? – Nathan não se desmanchou e em pensamento agradeceu a Deus por ter ouvido as suas preces ia agora ao conselho de guerra, talvez conseguisse agora infiltrar-se, finalmente.
O homem levou-o, através das fogueiras com as panelas vazias, não cheirava tão bem quanto antes, o exército britânico de Burgoyne estava na miséria. Passaram por várias tendas e ali estava a tenda grande a dos Generais,  Majores e Tenentes, ia finalmente provar o que valia.
- Senhores, com a vossa licença General encontrei o homem  que precisávamos, o professor. – Nathan olhou em volta com um pequeno sorriso no rosto, quando estacou num rosto conhecido, e foi reconhecido, quanto azar poderia ter um homem, de encontrar nos confins de um lago, um familiar distante mas que sabia profusamente tudo acerca de si, o Tenente Coronel Robert Rogers, que durante os tempos da milícia de New Hampshire, viveu praticamente na casa de sua família, lá nas Montanhas Brancas, tentou fugir mas foi barrado. Pensou melhor, teria de negar até ao fim.
- Este homem não é professor, muito menos holandês – Robert Rogers e Nathan eram os únicos homens de pé, Burgoyne estava rodeado dos seus compatriotas e olhava para Nathan, como tentando avalia-lo, todos os outros atentavam nas palavras do Tenente – este homem é um espião americano, cresceu nas minhas barbas junto às montanhas de granito na fronteira do Quebec, vivi na casa da sua família da qual fui expulso depois de se terem declarado a favor da independência após o primeiro congresso de Filadélfia, fui despejado com uma mão na frente outra atrás – chegou perto de Nathan e colocou um dedo no seu peito – nega-o meu caro? – Nathan sentia o seu coração aos pulos dentro do peito, fora apanhado, já nada podia negar, mas poderia ganhar tempo, sempre fora bom com as palavras.
- Não nego Sr. Sou eu Nathan Hale e sim sou um espião continental, tenho documentos comigo que provam a minha identidade. – as vozes dos homens presentes levantaram-se incutindo nas mentes uns dos outros os castigos mais pérfidos, - não tenho medo de morrer – já Rogers o agarrava com os braços para trás – não contarei nada – antes de morrer sabia o que tinha de fazer – não contarei nada, podem enforcar-me. – enquanto gritava tentava que transparecesse o medo real que sentia e exagerava na tentativa de libertação, contorcendo-se violentamente nos braços de Rogers – você  foi expulso da casa da minha família por ser um maldito sodomita que tentou abusar de mim em determinada altura, foi por isso que foi expulso.
- Como ousa? – disse Rogers espantado, mas a semente do preconceito já tinha sido lançada e todos os olhares se viraram para ele.
-Parem! – uma voz de comando, Burgoyne – não me interessam os gostos pessoais de cada um, será coisa a discutir depois, tenente, - e olhou de sobrolho franzido para o homem, virou-se para Nathan– o que quero saber é quem é o seu contacto, o que disse sobre nós, ou o que sabe dos movimentos contrários apenas isso. – Nathan fez o seu papel e desatou à gargalhada, dobrando-se sobre si.
-Pare já lhe disse, fale ou irá imediatamente para as mãos do carrasco. – gritou-lhe o General.
-Senhor, o meu perdão mas o que sei sobre vós é o mesmo que vocês sabem, estão num exército execrável, com fome e sem muitas saídas enquanto os meus compatriotas os cercam – e riu-se novamente – não tenho contactos, cheguei antes do cerco, estou sozinho – falou tristemente – por isso não disse nada a ninguém.
-Revistem-no! – o tenente coronel Rogers aproveitou a raiva com que lhe estava para lhe rasgar as vestes e dali caíram os documentos que provavam quem ele era – meu Deus o homem trás com ele o diploma  de Yale, quem lhe deu o cargo de espião é mais burro do que você, foi Washington quem o instigou nesta missão? Ninguém lhe disse que um espião não carrega consigo documentos probatórios da sua verdadeira identidade? – Nathan não respondeu, o homem tinha razão, foi uma falta sua, não poderia nunca negar quem era.
- É verdade, não o posso negar. – e fingiu desistir.
- Prendam-no numa das tendas, coloquem alguém de guarda, levem-no da minha frente. Mais tarde falaremos. – Mandou o General, mas Rogers insistiu que o deveriam torturar para que ele contasse o que sabia sobre os movimentos de Washington.
- Muito Bem e se eu contar poupam a minha vida?
-Será assim tão fácil? – Burgoyne agarrou-lhe nos cabelos e levantou-lhe a cabeça para o olhar bem nos olhos, Nathan susteve o olhar, e mostrou um medo fingido como se fosse um cobarde, que na hora da morte abrisse totalmente o jogo. – Então fale!
- Prometa-me a vida e eu contarei.  – Nathan sabia que o seu fim não seria outro senão a forca mesmo que lhe prometessem o contrário, o engodo estava lançado, Burgoyne só teria de o agarrar.
- Prometo. – sentou-se e olhou para ele à espera.
- Muito bem, então, Washington vai para sul, para Filadélfia, o cerco termina esta noite. Howe o seu compatriota não sabe de nada e espera por si em Saratoga. – e calou-se baixou a cabeça e começou a chorar convulsivamente.
- Como podemos saber que está a falar a verdade? – questionou Burgoyne.
- O homem mija-se nas calças, meu General, olhe para isto nem homem é, é apenas um rato. Nunca foi forte de ideias, lembro-me bem, deve ter sido obrigado a entrar numa missão deste género, é burro que nem uma porta. Vende os seus camaradas pela sua vida, só pode ser verdade. – Burgoyne  vendo Nathan de rastos no chão, acreditou nele - então não haverá pressa, se Washington se afasta para Filadelfia, há tempo para encetar viagem para Saratoga, os homens precisam de retemperar forças depois do cerco, precisam de comer primeiro - Nathan ousou olhar para cima não deixando o rosto transparecer a alegria que sentia, apesar de saber o seu fim, estava feito o seu papel, e os britânicos sendo britânicos não cumpriram a sua palavra, na manhã seguinte ao romper da aurora levaram Nathan para o cadafalso. Nathan apenas disse lá de cima “ Só tenho pena de uma coisa, de ter apenas esta vida para dar pela minha pátria “, o Carrasco ainda parou na dúvida, mas Burgoyne levantou os ombros e acenou para que continuasse.

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