XXIV

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Sam separou-se de Nathan bem antes de entrarem em Nova York, não podiam de forma alguma ter qualquer contacto, a partir de agora seria cada um por si, Nathan ia confiante na sua missão.
-Então coronel, daqui a quantos dias nos encontramos outra vez?
-Se tudo correr conforme o planeado daqui a 20 dias iremos para Villey Forge novamente e se tudo correr mesmo bem, entraremos em batalha e nesse momento mude de lado e informe quem estiver ao serviço, será com certeza alguém a par da nossa situação ou chame por mim ou Washington mas se por acaso se vir encurralado de alguma forma, fuja, não se deixe prender, ouviu?
- Certo Coronel, e você também não.
-Se nos encontrarmos em campo inimigo, não me conhece, nunca me viu, aconteça o  que acontecer seja que situação for, entendeu?
-Sim coronel, mesmo que seja às portas da morte.
- Esperemos que não chegue a tanto, mas sim é isso, as nossas despedidas estão feitas. Que tudo lhe corra da melhor forma.
- A si também….Coronel?
-Sim soldado, diga.
- Liberdade ou morte – agarrou-me no braço, com força.
- Liberdade ou morte, não pode ser de outra forma, não é? - Nathan olhou para mim assentiu, deu a volta ao cavalo, não olhou para trás, esporei Hidalgo e acariciei o seu pescoço – agora nós companheiro, vamos.
Ao chegar  perto de Saratoga já se ouvia o movimento do exército de Burgoyne, este era um homem a ser temido, um oficial que vinha da guerra dos sete anos, com a França, conhecido como Gentleman Jonhny, LA Fayette tinha-o em grande conta, já Washington dizia que era muita parra pouca uva, para mim era um homem a ser temido apenas, por ter com ele o exército britânico essa força de quase 7000 mil homens, só a força dos ideais levaria um exército como o Britânico a sucumbir.
-Alto – ouvi a voz sair do arvoredo, um casaca vermelha com uma baioneta em riste... que comecem os actos.
- Cuidado homem, venho para falar com o general responsável, quem temos Howe ou Burgoyne? – o homem não  deixou de me apontar a arma.
-Aqui, Howe – enganei-me, bem nada demais – Burgoyne ainda não chegou.
-Certo então leve-me a ele e por Deus baixe essa arma, não puxarei das minhas.
- Eu conheço-o? – o homem estreitava os olhos como que a puxar pela memória, da minha parte nunca antes o tinha visto.
- Não sei julgo que não. Peço-lhe que me escolte até ao General Howe, por favor.
- Siga-me. – logo se juntaram a nós mais quatro casacas armados até aos dentes, ladearam-me para que não escapasse. Hidalgo não estava a gostar  da movimentação à sua volta. Afaguei-o para que se  acalmasse. Vi o primeiro homem andar na frente e dirigir a comitiva para a cabana central, não era grande, olhei à minha volta e compreendi que ali se passavam grandes dificuldades, as lonas das tendas improvisadas já tinham visto melhores dias e as panelas junto ao fogo não continham muita comida, as fardas do exército estavam não tão brilhantes como pareciam ao longe. Este exército, passava fome. Saltei de Hidalgo e quando um ordenança ia pegar no cabresto, Hidalgo fez menção de o  morder, o homem levantou o cabo da baioneta.
- Não se atreva soldado, nem pense nisso. Deixe-o!– o homem desviou-se a contragosto deixando-me com as cordas para eu atar Hidalgo a uma árvore próxima, um laço frouxo para o caso de acontecer algo já à primeira e ele tivesse oportunidade para fugir. Com um certo nervosismo adentrei na cabana logo após o soldado que me escoltava, à minha  frente um homem alto  e magro como uma vara, quase irmão gémeo de Washington, com uma pose aristocrata, era o heroi que conquistou o Quebec em 59 e derrotou os franceses em várias batalhas era um ótimo estratega, eu tinha a vantagem de o conhecer e ele, já ele a mim não. Fiz a vénia devida e cumprimentei
- General, é uma honra estar na sua frente, permita-me que me possa apresentar. – Levantou-se e olhou para mim com o sobrolho carregado.
- Bom dia senhor, conhecemo-nos? – diria que estávamos no bom caminho.
- Infelizmente ainda não meu General. Permita-me dizer que o meu nome é Heughan, e que há dois dias atrás era o Coronel da Milícia armada de Washington. – sobressaltou-se, de imediato agarrou na sua espada.
-Calma homem, não venho senão propor-me ao seu serviço e ao serviço do exército Britânico. – esbugalhou os olhos, tentando entender o que lhe dizia, mas não se mexeu.
- Venho em paz e com o desejo de que me aceite nas suas tropas, sou filho de um Inglês e de uma Índia da tribo Cherokee que ainda hoje estão ao serviço do Rei George II, embora sendo considerado coronel no exército inimigo, não venho de forma alguma impor a minha patente apenas desejo como já mencionei, colocar-me ao dispor de sua excelência. – olhava-me de alto a baixo considerando as minhas palavras, todas verdadeiras, tanto quanto ele sabia. – Deixei Washington que está louco, não podia mais continuar junto a um lunático sonhador, o que ele intenta são apenas honras e glórias para si mesmo, nunca em sã consciência poderia servir um homem assim, reconheço ao parlamento de Londres o direito de regulamentar o comércio colonial, assim como de o taxar, as regras têm de se fazer cumprir ou perde-se a ordem do mundo como o conhecemos. – Já  mais calmo Howe, sentou-se e convidou-me a fazer o mesmo.
-Um bonito discurso, mas como posso confiar nele? Por outro lado, sinto verdade nas suas palavras. Tem algum conhecimento pessoal com algum dos meus homens… Coronel Heughan? – menos mal não me tirou a patente deixando-me falar de igual para igual.
- Não meu General, apenas travei conhecimento com o Governador Dunmore antes de ele partir para Inglaterra, e no confronto de Filadélfia, onde devo apresentar as minhas felicitações pela estratégia do meu General cercando Washington em Wine Creak, admirável senhor. – falava-lhe à vaidade e o homem agradeceu.
- Bem Washington foi muito previsível. Coronel, vou confiar em si preciso de um homem assim, Burgoyne está demasiado longe ainda, é um homem casmurro e não atende às palavras de homens mais experientes. Irei apresentá-lo aos restantes oficiais e logo falaremos mais tarde, mandarei chamá-lo. Levantou-se e chamou o seu ordenança – Willie, leve o Coronel Heughan para que descanse e coma algo coloque-o na tenda do General Burgoyne, visto não estar ainda entre nós, o senhor pode ocupar a sua tenda. Depois logo se verá. – havia ali muita irritação com Burgoyne, poderia ser um ponto a nosso favor.
- Agradecido senhor pela sua hospitalidade e do exército britânico, o que só prova que Washington e  os rebeldes não têm razão. Fiz uma pequena vénia  ao sair.
- Coronel, até há bem poucos minutos você era um dos rebeldes tanto quanto sei, espero que o que me disse seja verdade, a pena para tais mentiras é só uma, a forca de imediato.
Assenti - General Howe, tem a minha palavra. – como se troca a palavra de honra de um homem pelos ideais mais puros. O ordenança levou-me e eu levei Hidalgo comigo, deixou-me na tenda, só, com um prato de comida, tinha fome mas não conseguia engolir, o suor escorria-me pelas costas, sentia-o como um rio ardente, tinham de me aceitar, eles não poderiam dispensar homens, não é que não tivessem mais que o exército continental, mas isso só aconteceria se se juntassem e o plano estava ali desenhado à minha frente Burgoyne não se deveria juntar a tempo a Howe, se queria vencer esta batalha isso não poderia acontecer. Onde andaria Nathan?

Onde Tu Fores... IreiWhere stories live. Discover now