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ANDREZA

Ia com o coração aos pulos, a ansiedade esmagava-me, sentia o meu corpo vibrar como cordas de violino, se estica-se mais quebrava, Thomas e Lafayette rodeavam-me de atenções, Washington ia compenetrado na missão, os soldados andavam numa reviravolta ora encaminhando-se mais à nossa frente, ou vigiando os lados e a rectaguarda, por enquanto tanto quanto sabíamos ninguém desconfiava da nossa movimentação. O que queria dizer que Sam e Nathan até aqui tinham conseguido realizar a sua tarefa.
- Andreza minha querida a sua tarefa é ficar entre os médicos, a sua ajuda e da nossa querida Imelda é imprescindível nessa área, algum problema quanto a isso? Se achar melhor ficar na parte dos mantimentos, você decide. - disse Washington numa das paragens que fizemos quase perto de Saratoga
- ah, General, eu adoro a minha menina, como bem sabem - Imelda sempre prestável - mas se não quer ver o seu exército às voltas com as latrinas, a menina deverá ficar nas tendas dos médicos, sim.
-Imelda, isso é uma ofensa clara às minhas capacidades - e olhei para ela de má cara, mas com um tom de riso na minha voz.
- ah não, minha filha, estou apenas a querer o bem de todos nós, a sua própria felicidade, imagine ir encontrar o coronel Heughan cheia de dores de barriga, não seria próprio de uma dama - ria-se sem vergonha nenhuma na cara - ou colocar a vitória deste magníssimo batalhão em risco, isso é que não pode ser. A menina fica nos médicos que eu dou uma ajuda nas cozinhas, se as houver, senão por ali mesmo nas fogueiras, as restantes senhoras cuidarão umas das outras.- fez uma pausa - E não é dizer mal minha criança, é mais como, cada um é para o que nasce. - todos nós rimos. Eu realmente não era uma má cozinheira, apenas detestava a tarefa.. Nunca tinha cozinhado para Sam, deveria aprender algo, com certeza ele saberia muito mais que eu.
-Bem, Imelda tem razão, será melhor afastar-me das panelas - fiz uma ligeira mesura e bati as pestanas - a bem do exército continental e de uma vitória certa. - As mulheres riram e os homens um pouco desconcertados pois nas suas cabeças, todas as mulheres sabiam cozinhar, nem que fosse um simples naco de carne braseada. Assim que montamos o acampamento Washington mandou batedores para reconhecerem o terreno e a posição do exército inimigo. Enquanto esperávamos por respostas cada um entregou-se às suas tarefas, Thomas foi comigo à presença dos cirurgiões para fazer as apresentações, embora lhe tenha dito que não seria necessário, que fosse para perto de Washington com certeza necessitariam dele por lá, mas não se deu por vencido e caminhou comigo.
-Estará desejando ter noticias do Coronel, minha senhora, todos estamos.
- Sim claro que sim do sucesso dele ter desviado as tropas de Howe, depende o sucesso desta batalha.
-Mas se ele tiver desviado as tropas, ele também se desviou com Howe, provavelmente não o verá - disse-me olhando de soslaio. Pfuuu o homem recordava-me do que eu não conseguia esquecer, assim era, Sam também teria deixado Saratoga e ido com Howe para Filadélfia, não estaria ali. Depois de um dia passado na ajuda de desfiar esparadrapos, ferver instrumentos de cirurgia, arranjar leiteiras para os feridos, estava cansada, Thomas depois de não lhe ter dito mais nada desapareceu durante todo o dia, ao fim da tarde sentei-me por detrás de uma tenda virada para o bosque, queria apenas sossego por um bocadinho, fechei os olhos e senti a luz do sol que se esvaía mas ainda aquecia os ossos, - Sam onde estás? - Disse à brisa que passava.
-Aqui - respondeu-me a brisa, o quê? A brisa não fala, abri os olhos e o meu guerreiro de cabelos louros com tranças estava bem na minha frente agachado, agarrei-me a ele e beijei-o com sofreguidão.
-Sam, Sam, oh Sam - não conseguia dizer mais nada.
- Chiu... baixinho, não posso aparecer ainda, Andreza, estás com um ar tão cansado, amor da minha vida, estás bem? - perguntou-me passando as mãos grandes pelo meu rosto desviando os meus cabelos do rosto e das orelhas, beijou-me de leve o nariz. Oh tantas saudades.
- Ah Sam, quero-te tanto, a cada dia que passa sinto tanto a tua falta, quando termina tudo isto? - Senti-lhe os cabelos macios, o seu rosto com a barba incipiente, beijei os seus lindos olhos azuis como lagos, e toquei com os dedos os seus lábios tão bem desenhados, beijei-o e ele devolveu o meu beijo com ternura, senti-o procurar a minha pele.
- Anda Andreza, anda comigo, só por um momento, vem. - agachados na erva fomos tateando o chão até vermos que estávamos longe o suficiente para nos colocarmos de pé, montei em Hidalgo com ele e disparamos na velocidade de um relâmpago até alcançarmos um pequeno casebre escondido na folhagem de algumas árvores com uma grande copa.
-Descobri esta beleza quando ia com Howe para sul, Washington sabe que estamos por perto irá acalmar os ânimos se alguém procurar por ti, disse também a Howe que iria verificar o terreno à sua frente, podemos ficar aqui esta noite só nós dois, e Hidalgo. - riu-se e entramos todos para o casebre, não estava muito sujo, já tinha visto pior, até comida para Hidalgo havia, prendeu-o a um poste da casa e deixou-o ali com feno e água suficiente.
- Agora nós - virou-se para mim agarrando-me pela cintura e colocando-me a cabeça no seu peito. - gostaste da minha surpresa? - levantei o meu queixo e coloquei-o ali onde todas as mulheres deveriam colocar o seu, no peito do marido de cada uma, é um sitio maravilhoso de descanso da cabeça, o nosso nariz fica enfiado na cova da garganta para lhes sentir a pulsação, e esta estava acelerada, inspirei para lhe reconhecer o cheiro, como se faz com os cavalos, este era o meu homem, o seu cheiro almiscarado era único, Sam era um homem cheiroso.
- Adorei, nada me faz mais feliz que estar nos teu braços. - olhei para o lado e vi uma cama improvisada com feno limpo e dois cobertores - nada me fará mais feliz que te sentir dentro de mim. - não largando a minha cintura levantou-me o queixo, beijou-me os lábios, olhou fundo nos meus olhos.
-Nada me fará mais feliz que encontrar a paz dentro de ti. - e sem mais palavras despimo-nos com pressa, como se não tivéssemos a noite inteira para nós, abraçando, beijando, tudo queríamos arrancar um do outro, amamo-nos como cegos, tocando e explorando na ponta dos dedos, sentindo a pele um do outro, escorregadia, aquecida, a ternura amarrotada entre nós os dois, não havia mais ninguém no mundo, entregámo-nos completamente nas mãos um do outro, derretendo o desejo, deslizei as minhas mãos pelas suas costas sentindo os seus músculos retesados nas minhas palmas em cada movimento seu, bebi de cada gemido enquanto o continuava a beijar, envolveu-me nos seus braços, mantendo-me ali na segurança daquele abraço isto era mais que desejo, era a vida pura e simples, sussurrávamos em uníssono a falta que cada um sentia do outro, olhámo-nos enquanto me penetrava uma e outra vez e a cada assalto era um suspiro de prazer que se soltava de nossas bocas. Era demasiado o sentimento que nos açambarcou , o clímax da minha alegria e do meu prazer foi aflitivo ao mesmo tempo libertador, logo em seguida Sam lançou a cabeça para trás, arqueou o pescoço para cima e senti o seu membro inchar dentro de mim e após o último arremesso soluçou o meu nome vezes sem conta, numa mistura de felicidade.
Nada dissemos, não havia nada para dizer após o momento de clímax disfrutamos da preguiça sentindo que as minhas veias levavam mel quente em vez de sangue, passei as minhas mãos no seu rosto, continuava de olhos fechados mas eu sabia que não dormia, ficou ali a sentir-me acaricia-lo, meti as mãos por debaixo dos cobertores e acariciei-lhe a cintura as costas, o peito, estava vivo, sentia o pulsar do seu coração na palma da minha mão.
- E agora?. Devo ir mais uma vez só e deixar-te partir?
-Só mais esta vez., - abriu os olhos fixando-os em mim - só mais esta vez - agarrou-me na cabeça - depois as coisas acalmarão e com a França do nosso lado, tudo será mais fácil, depois a pena que tome caminho. - e sorriu - por falar em pena, Thomas Paine, é um cão que não larga um osso, é um homem deveras inteligente com muito bom gosto - deu uma pequena gargalhada.
- Sam - disse-lhe um pouco aborrecida - Thomas é um compatriota apenas isso, um amigo e defensor da causa, um abolicionista como nós. - virei-me para cima, fiquei a olhar o tecto.
- Não te estou a julgar, Andreza, tu és uma mulher muito bela além de que causas frenesim no coração de qualquer homem que te escute e te veja no dia a dia com os teus, é normal outro homem além de mim sentir por ti mais que amizade.. E .. - virei-me novamente para ele e abracei-o
- Mas eu não sinto nada por ninguém igual ao que sinto por ti, sabes isso, não sabes? - subi o meu olhar para o dele. - passou uma mão pelas minhas costas.
-Sei, sei, nunca pensaria o contrário, eu sou teu como tu és minha, sempre! - e mais uma vez nos despojamos de tudo e todos para ficarmos sós, no caminho do nosso coração.

Onde Tu Fores... IreiWhere stories live. Discover now