Capítulo 2

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Richard Smith

Talvez exista uma solução, talvez não, passei o fim da noite de sábado e o dia inteiro de domingo curtindo os prazeres que o dinheiro me oferta, entre festas, mulheres, bebidas e charutos me sinto um rei, e assim posso me dar ao luxo de esquecer dos problemas que me afligem e gozar do meu status, pois hoje completo 30 anos bem vividos.

Na segunda vou trabalhar a todo gás. Havia me esquecido do prazo que dei a Heitor, sobre sua filha bastarda, que foi defendida por meu pai com unhas e dentes, é tão obvio, porém ele logo destacou-a como primogênita, eu caí na risada, seus argumentos são ilimitados quando quer alguma coisa, isso eu herdei dele.

Não irei procurá-lo, ele quem deve dar alguma satisfação, pois já não faço tanta questão que entre para a minha família, na verdade pode até fazer parte pois minha família pouco me importa, mas para a sua filha carregar o título de minha esposa deve ter alguma qualidade em destaque, coisa que não presenciei na Beatriz e acredito que não encontrarei também na outra.

As duas da tarde recebi novamente outro convite, para outro jantar na residência dos Jones, que tédio, meu pai está na expectativa, eu já não mais, só vou mesmo para acabar com a ansiedade do velho e convencê-lo de que esta ideia não faz o maior sentido.

Saio do trabalho direto para o maldito jantar, não vou me arrumar todo para chegar e me deparar com a decepcionante imagem de uma mulher que ficará deslumbrada com esse mundo de riquezas, pois morou em um convento a vida toda, onde as regalias lá provavelmente devem ser escassas.

Ao contrário do ultimo jantar, sou tratado com desprezo por Helena e Beatriz, o que me deixa feliz pois não preciso suportar a falsidade dessas mulheres, muito menos forçar uma educação que não faço questão alguma de esperdiçar com elas. 

Heitor vem nos receber formalmente como sempre, cumprimenta a mim e ao meu pai e nos conduz a sala. Começo a criar uma curiosidade a respeito da Amanda, se tudo der certo, Ronaldo investigará todo o seu passado, gosto de saber onde estou entrando e se Heitor estiver mentindo acabarei com ele sem dó nem piedade. Ouço sua voz grave chamar a filha que está em pé próximo ao piano que fica no canto da enorme sala, ela está de costas, seu cabelo é comprido, está solto, bem penteado, uma mão repousa no piano e a outro está fechada, está tentando se conter, acho até graça da situação, deveria estar grata por ser entregue de bandeja a mim, talvez seja só nervoso pela expectativa de saber se irá me agradar ou não, sou muito bom em ler pessoas, não é a toa que as manipulo.

Heitor a chama novamente, seu tom agora é severo e assim que ela ouve sua voz, se esguia assustada endireitando a coluna, vira-se, ainda de cabeça baixa, veste um vestido branco, sem grandes detalhes, arrisco a julgar como simples e formal, mas dá para notar que tem um belo corpo, que corpo, está de sapatilha, também bem casual, nada daqueles saltos agulhas sedutores como a merda, olho para Helena que está com um sorriso cínico, pois acredita que sua aparência simples será um ponto negativo em minha avaliação, ela pensa que vivo de exibições, tão tola! Beatriz, está sentada no sofá com cara de poucos amigos, provavelmente irritada ou temerosa que a irmã venha a me agradar, coisa que ela com todos os aparatos não conseguiu, o clima é estranho e eu não esboço nenhuma expressão.

Me puno por desviar a atenção que era para ser exclusiva da Amanda, então volto a me concentrar no real motivo que me trouxe a esse jantar. Meu alvo estava me secando, peguei-a no flagra pois desvia imediatamente o olhar quando volto minha atenção a ela, fico em choque ao me deparar com uma beleza surreal de tão natural que é, seus olhos são de um azul intenso, lindo, puta que pariu, jamais vi azuis tão intensos, pele clara porém com um bronzeado natural encantador, tudo nela é natural, seus cabelos contornam seu belo rosto, a encaro estudando cada detalhe seu, intensifico o olhar, meu coração está disparado, minhas mãos soam, uma ânsia começa a percorrer meu corpo, estranho, o que está acontecendo comigo? Nunca havia sentindo tais sensações, provavelmente deva ser por essa situação inusitada, afinal ninguém escolhe a esposa assim, firmam acordos e interesses, mas assim dessa maneira, sem nunca terem se visto, não me recordo de tal história.

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