Prólogo

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Quando o corpo deseja e a mente condena, a gente acaba vivendo em uma guerra constante, e é assim que eu vivo atualmente. Eu não nego que a amo verdadeiramente, intensamente e poderosamente, mas o meu lado racional condena esse amor, a condena da pior forma possível, pois nunca amei, muito menos me importei em ver as pessoas se aproximarem de mim interessadas em meu dinheiro, não me importava até ela aparecer e me desarmar completamente.

Hoje o dia estava nebuloso, já é noite, estou aqui deitado na cama, olhando para o visor, velando seu sono, assim são as minhas noites, tenho cuidado dela sempre escondido, todos pensam que eu a desprezo, mas não, eu a quero perto de mim, não consigo abrir mão e deixá-la ir para longe, não, isso eu não permito, e assim, como em todas as noites pego no sono. Horas depois, sou despertado por gritos e mais gritos, olho para tela, o desespero me toma ao ver que é ela quem grita.

Corro até o seu quarto, sem camisa, vestindo apenas com a minha calça preta de moletom, abro a porta exasperado, o ambiente é grande, só um abajur de luz fraca ilumina o recinto, ela está apavorada, habilidoso como sou, procuro vestígios da ameaça, seu quarto tem grandes janelas quadriculadas de madeira branca com vidros por toda a parede, o relâmpago clareia, olho em volto e percebo que a forte ventania abriu as janelas que provavelmente não foram fechadas da maneira adequada, abrindo-as bruscamente, com o impacto na parede ao serem abertas, os vidros se estilhaçam e as cortinas se esvoaçam, imediatamente as fecho, o vento é muito forte e frio devido a altitude e a mudança de estação em que nos encontramos, ágil, termino e corro para vê-la, ela está sentada encolhida na cama.

O vento consegue passar entre os espaços que o vidro quebrado deixou, esfriando e fazendo barulhos sombrios, me aproximo e ao olhar para mim se lança e me abraça com tanta força, a envolvo em meus braços, ela está tão fria, deslizo minhas mãos em seu corpo coberto por uma camisola de seda, seu cheiro invade meu sentido despertando o meu corpo, ela estremece e me dou conta do seu estado pânico, meu desejo é apenas de conforta-la, meu deus essa mulher me traz vida, energia e tê-la em meus braços vivifica esse maldito amor que já se enraizou em meu coração.

- Se acalme, pois não foi nada demais, o vento está forte e conseguiu abrir a janela que provavelmente não foi fechada corretamente. - Ela permanece grudada a mim e eu a seguro.

- Por favor não me deixe sozinha, não neste momento... Não agora... Por favor! - Sua voz é falha está abafada pois seu rosto está escondido em meu peitoral.

- Eu nunca te deixo sozinha! - Acabo revelando em um ato falho, minha confissão a relaxa, acaricio suas costas com a ponta do polegar, abaixo a cabeça e deposito pequenos e suaves beijos por toda a extensão do seu lindo rosto até chegar ao seu ouvido e sussurrar. - Eu sei cuidar do que é meu! - Ela inclina seu rosto em direção ao meu, está surpresa. 

- Eu sou sua? - Me pergunta temendo a resposta, mas esperançosa em ouvir um sim, pois eu sempre a evito, a evito para não fraquejar e cair em suas garras.

- Sempre foi... desde o dia em que botei meus olhos em você pela primeira vez. - Ela lacrimeja, emocionada. Toco em seus lábios, que se abrem ao mesmo tempo em que seus olhos se fecham e as lágrimas rolam pela lateral de seu rosto. Nos casamos a um mês, a um mês venho evitando-a e agora assim tão próximos já não comando mais o meu corpo, maldita hora que entrei em seu quarto, maldito desejo que me impulsiona a ama-la desesperadamente, é por isso que a evito, pois se a toco perco totalmente o controle que venho arduamente fortalecendo e sem mais me conter me permito viver esse amor nem que seja apenas por esta noite.

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