trinta e um.

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Honestamente, estou nervosa. Queimando o rosto, olho para minhas unhas lisas. Conto algumas pintas brancas sobre os polegares. Estou tentando me distrair com bobagens quando a mão de Seth escorrega até os meus dedos.

― Qual é o problema?

Eu puxo meus joelhos para cima e envolvo sua mão com as minhas por alguns segundos. Quando meu rosto deita de lado e meus olhos encontram o perfil de Seth, me permito ser imbecil o suficiente ao olhar para ele e sorrir. Ele sorri de volta, os olhos divididos entre um vislumbre meu e a atenção à estrada.

Decido que gosto de sua camisa branca daquela noite. E de todas as outras também. Mas não consigo responder porque secretamente eu não sei o que está me deixando ansiosa e comprimindo os meus pulmões.

― É sobre o seu pai? Você quer que eu fale com ele?

As sobrancelhas de Seth se costuram em preocupação. Solto sua mão e esfrego os meus joelhos.

― Talvez fosse bom. Mas não agora. Eu meio que saí correndo de casa para falar com Carson quando ele me contou sobre o DNA. ― A imagem da felicidade de Seth chamando James Rowan de pai pinica minhas lembranças. ― Não sei se eu pareci tão feliz assim em constatar o óbvio. De que sou uma Wilder. Acho que eu o desapontei um pouco.

― Olivia, ele bateu em você. É normal que esteja desapontada. Há uma coisa que carrega desde quando éramos crianças: você se culpa por coisas ruins que outras pessoas fazem a você. Como se as pessoas agissem de forma babaca porque você permitisse isso. Não está tudo bem você pedir desculpas ao invés delas enxergarem o que fizeram de errado. Que merda, não faça mais isso. Me prometa.

Olho para Seth Rowan por longos segundos. Eu não posso acreditar que ele esteja certo. Às vezes tenho a sensação de que ele nunca saiu de Seven Heavens e tem me conhecido por dezessete anos.

― Eu prometo.

Ele parece satisfeito quando olha para mim. As estrelas ainda estão faiscando em seus olhos. Isso faz com que eu incline meu corpo e beije seu pescoço. E mais uma vez. E outra até que meus lábios trilhem um caminho entre suas veias sobressaltadas e os ossos de sua garganta. Um gemido quase inaudível escapa dos lábios de Seth, mas eu o capturo.

― Eu acho que você deveria experimentar dirigir até Seven Heavens enquanto beijo seu pescoço.

Estou rindo pelo modo como sua voz soa profunda, como se ele estivesse contendo a própria respiração.

― Eu me sairia muito melhor. ― Cruzo os braços, voltando ao meu lugar.

― É mesmo? Vamos ver.

Não acredito, mas Seth para e coloca o Porsche de James Rowan na minha mão. Nunca dirigi nada parecido com aquilo antes. É difícil constatar que os pedais macios e o motor roncando feroz não são a minha maior preocupação, afinal.

Seth Rowan é.

Apenas o contato do seu hálito no meu ouvido é capaz de desnortear a minha atenção. Aperto a buzina sem querer quando Seth alcança a parte lateral do meu pescoço e me toma de beijos até a clavícula.

Estou toda encolhida de prazer, o que me faz perder a destreza com o volante.

― Sério. Não. ― Eu freio na entrada de Seven Heavens, mantendo meus olhos no vazio à nossa frente. ― Ok. Você tem a vantagem de estar tocando em lugares que ninguém jamais esteve, ok? Não sei como reagir. A essas sensações. Não quero atropelar ninguém.

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