trinta e quatro.

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Enlaço meu cabelo em um nó no alto da minha cabeça, andando de um lado para o outro. Estou digitando avidamente com uma das mãos enquanto a outra esfrega a minha franja caída sobre minha testa. Checo mais uma vez a mensagem na minha caixa de e-mails, dando uma volta completa antes de me chocar na parede branca lixívia da enfermaria do Hospital São José. Quando termino de ler pela décima vez, envio a minha resposta.

Acabo de aceitar a entrevista com a Universidade de Stanford.

— Liv?

Eu estremeço com o chamado e ergo os olhos para o último leito. Os olhos da minha mãe se abrem e ela me empurra um de seus sorrisos conformados regulares.

— Ei, mãe. — Eu me aproximo, me inclinando para beijá-la. — Como está se sentindo?

— Estou bem. Onde está o seu pai?

Os olhos da minha mãe são como piscinas abandonadas em casas assombradas. Há tanta escuridão presa neles quanto águas turvas acumuladas ao longo dos anos. Escovo sua franja e dou uma olhada na enfermaria. Não gosto como as pessoas parecem acumuladas em uma única sala sem privacidade alguma. Posso ver as sondas subindo até o canal uretral de um idoso e desvio os olhos.

— Ele veio aqui e resolveu alguns problemas com o plano de saúde antes de voltar para Seven Heavens. Houve uma ocorrência séria por lá. Alguém pegou o corpo de Pet.

— Meu Deus!

Não sei se a minha mãe parece mais chocada com o fato de que meu pai só tenha vindo resolver pendências burocráticas ou com a ocorrência dos Rowan. Há um pouco de silêncio em que posso imaginar como Seth deve estar se sentindo por ter que lidar com aquilo sozinho, mas mamãe me pergunta por Cherie e sou trazida de volta.

— Está com Georgia. Conhecendo o hospital.

Por mais que eu me esforce, não consigo ouvir mamãe falar com naturalidade sobre o sonho de Georgia em seguir a profissão do pai. Há algo de muito assustador no que irei perguntar, mas não consigo pensar em outra maneira de resolver tudo.

— Mamãe, você tentou se matar?

— Oh, Liv. — Ela geme. — Eu sinto muito. Mesmo.

— Mãe! — Não consigo conter a minha indignação. — Você realmente considerou me deixar com o papai e nem ao menos se despedir?

— Eu sinto muito, Liv. Muito!

É demais para mim quando ela começa a chorar. Cubro os lábios, apertando os meus olhos e dando as costas. O choro dilacera meus pulmões. Eu sinto como se estivesse me afogando. Mas o empurro de volta para as profundezas e respiro algumas vezes antes de me voltar para ela.

— Me desculpa. — Digo. — Por dizer isso. Eu não tinha o direito. Eu sei que tem sido ruim por muito tempo. Eu só queria que não fosse, mãe. Eu só queria que você fosse feliz.

— Eu achei que poderia ir em paz depois que o exame confirmou que você é mesmo filha de Jonathan Wilder. — Minha mãe funga, encarando o teto. — Não aguento outro acontecimento, Liv.

— Mamãe. Olhe para mim.

Seus olhos despencam em uma luta difícil até o meu rosto.

— Enquanto eu vinha com o papai até o hospital, minha mente assistiu você partir. E eu nunca havia sentido nenhuma outra dor parecida com a qual fui atingida. Eu sentia como se não pudesse respirar. Quando eu vi você aqui, dormindo, depois de quase ter ido embora, a dor dentro de mim ruiu o grande muro que eu construí para não enxergar que há muito tempo você, Magnolia Lockett, partiu. E sobrou apenas a senhora Wilder. E eu quero que me diga se você ama o meu pai o suficiente para deixar de existir em prol da existência dele. Porque algo está gritando dentro de mim que não. E se você me disser que estou certa, vamos acabar com isso agora e recomeçar.

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