2° capítulo

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PULSE 

Tzuyu pov. 

O barulho estridente do meu celular fez com que eu acordasse de mal humor. Peguei meu celular e vi que era uma chamada.

— Hm? É muito tarde para me chamar… — olhei para a tela e vi que era uma chamada do hospital — Merda…Por que uma chamada de emergência logo agora? Nem dormi direito. 

Olhei para o lado vendo uma mulher musa dormindo serenamente ao meu lado.

— Ah é... Essa é sua casa, esqueci que dormi aqui — peguei minha roupa e me vesti - Nem sequer me lembro seu nome — peguei um papel e uma caneta e escrevi um bilhete e coloquei ao seu lado "obrigada. Realmente me diverti a noite, te ligarei" . Eu não ia ligar.

Sai da casa dela e rapidamente subi na minha moto e fui em direção ao hospital, nem tive tempo de guardar o capacete, somente parei a moto e fui entrando com tudo.

— Ah, a doutora Chou está aqui! Lamentamos te chamar tão de repente doutora…Houve um acidente com um ônibus de turismo. Muitas pessoas saíram feridas com o choque, a maioria deles precisa ser operado imediatamente!

— Tudo bem, me dê o histórico do paciente por favor — Tirei minha jaqueta de couro e entreguei para a enfermeira junto do meu capacete - Hm, segure isto por favor! — prendi meu cabelo em um rabo de cavalo.

— O nome do paciente é Adam, 59 anos, homem com um crânio fraturado. Tem muitas lacerações pelo seu corpo, muitas feridas por causa do choque, só consegue respirar - a mulher dizia enquanto andávamos rapidamente pelo corredor. 

— Entendi, leve-o para a sala de operações! 

— Ah… certo.

Fui em direção a sala de operações e pude ouvir de longe as enfermeiras falando o quanto minha jaqueta era cheirosa, apenas ignorei, tinha outras prioridades 

[...]

Beep beep beep 

Esse barulho me irrita 

— Sucção - disse para um dos enfermeiros que estavam comigo.

— Doutora a pressão sanguínea continua caindo.

— Eu sei, mas ainda não achei a saída….

Beep beep beep beep beep beep

Os beeps ficavam cada vez mais rápidos

— Seu estado está piorando!!!  Me dê a pinça termostática!! Continuem o abastecendo com sangue, administrem a norepinefrina - [ n/a: norepinefrina no sistema cardiovascular estão relacionados ao aumento do influxo celular de cálcio e a manter a pressão sanguínea em níveis normais ] — Está sangrando demais, drenagem! 

— Sua pressão sanguínea desceu perigosamente doutora! — a mulher olhou para o monitor cardíaco — Doutora ele está tendo uma parada cardíaca! 

— Maldição…. Não faça isso comigo Adam… fique comigo! Não seja um covarde! 

— Merda o estamos perdendo! Tragam o desfibrilador! 

— 20 jaules! Carregar! 

— Afastar! 

[...]

Me apoiei na bancada e pensei na operação que eu havia acabado de fazer. Botei as mãos na cabeça e murmurei palavras sem sentido.

— Droga. 

— Oh, Doutora Chou — Jin se aproximou de mim — Lamento por tudo isso. Está complicado desde a parte da manhã, todo o hospital está um caos devido ao acidente doutores, enfermeiros…Estão até chamando o pessoal do franco, aliás seu caso em particular o paciente já sofria dessas lesões antes de o trazerem. E de qualquer maneira, além de tudo isso, ele já sabia que havia chegado o seu momento, fez o melhor que podia.

— Sim… Obrigada. Eu estou bem não se preocupe - comecei a lavar as mãos. 

— Agora que parei pra pensar…A noite acho que vi você no clube Borderline. Não achei que fosse o tipo de pessoa que se divertia naquele ambiente. 

— Eu tenho meus dias. Não frequento constantemente, só quando preciso descansar ou estou com um espírito aventureiro. 

— Eu gosto de passar o tempo ali. Gostaria de tentar ir junto comigo? É como dizem, quanto mais melhor.

— Aprecio o convite. Mas ando sozinha - sai da pequena sala deixando Jin sozinho.

— Parece que os rumores são verdadeiros.

Essa não é a primeira vez que acabo nesse tipo de situação. O momento mais difícil pra mim como doutora não é quando estou na sala de operações.

E sim quando estou diante dos familiares do paciente, a ponto de dizer a última coisa que eles querem ouvir. Essas flácidas expressões cheias de dores...essas são as coisas que eu não queria ter que enfrentar. 

Peguei minha pasta com todas as informações da cirurgia, botei meu jaleco e fui em direção a sala de espera, e ela estava lá…A menina com quem passei a noite, acabei paralisando por um momento e percebi que ela também, ela estava acompanhada de um homem. Me aproximei dos dois.

— Olá, estão aqui pelo senhor Adam? 

— Sim somos os parentes do paciente, doutora qual o estado do meu pai? Foi você quem o operou certo?  

— Meus sinceros pêsames, fizemos o que podíamos, o paciente já estava em um estado crítico e tinha graves lesões no torso, o que deu lugar a uma grande perda de sangue… - eu possuía um olhar firme, a garota da qual eu não me lembrava o nome abraçou o homem ao seu lado, pareciam ser irmãos.

— Oh não! Não! Papai não pode estar morto — ela chorava nos braços do garoto — isso não está certo! Nós nos falamos de manhã.

— Tudo vai ficar bem.

Narrador pov. 

Enquanto a nossa querida doutora falava com os familiares do paciente, uma garota loira prestava atenção na expressão fria da doutora enquanto ela dava a notícia de óbito do paciente, isso a deixava intrigada, como alguém poderia dar uma notícia dessas e não se comover? 

— Hmm, Isso é interessante…
Uma mulher sem coração com o peso de ser a portadora de más notícias. Um rosto sem expressão com um olhar frio, carecendo completamente de emoções. 



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