4° capítulo

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PULSE

Tzuyu pov.

Eu estava andando pelos corredores onde ficavam os quartos dos pacientes, quando parei em uma porta que havia escrito um nome que me era familiar "Sana" eu ia bater na porta mas não o fiz.

- Hm? O que eu estou fazendo... Ela é apenas uma garota estranha não é?

" A coisa mais estranha é...Que ela se recusa a assinar o contrato para sua operação de transplante".

Foi o que Jackson havia me falado, por que ela se recusava?

Eu só estou curiosa, isso é tudo...certo? Além disso ela tinha uma pergunta para mim nesta manhã. Eu ia bater na porta mas acabei ouvindo gritos lá de dentro do quarto.

- Não, eu não vou fazer! Eu disse que não quero isto! - Os gritos ecoavam de dentro do quarto.

A porta foi aberta, mas não por mim.

- Você pode simplesmente não ser egoísta uma vez na sua vida?

- NÃO! - a garota possuía um travesseiro em suas mãos - EU NÃO SEI E EU NÃO ME IMPORTO! SE VOCÊ NÃO VAI FAZER O QUE EU DIGO... ENTÃO NUNCA MAIS MOSTRE SEU ROSTO PARA MIM DE NOVO SUA IDIOTA ESTÚPIDA! - ela jogou o travesseiro, era pra ter acertado a outra menina, mas acertou em mim.

- Opss.

- Oh, você está nessa agora - Sana e a menina desconhecida olhavam para mim, como sempre eu estava séria.

- Eu estou pronta para a bronca.

- Uhh! Bem! Ela está aqui agora... - a garota saiu correndo do quarto - Ela é toda sua doutora! Irei voltar novamente outra hora! - Sana avançou rapidamente para a porta do quarto.

- Ah, então agora você está me deixando Momo? Você é a pior irmã de todas! Volte aqui agora mesmo!

- O que? Eu não! Se quiser falar comigo eu vou estar falando com aquela doutora branquinha do cabelo azul ali - continuou correndo pelo corredor.

Eu continuava parada olhando aquela cena, Sana parecia realmente brava, o que só aumentou minha curiosidade.

- Por favor, tenha em mente que os hospitais são feitos para serem lugares calmos.

- Hm, desculpa sobre isso Doutora - ela pegou o travesseiro do chão e o abraçou - Ei! Espera! Você é a doutora desta manhã. Você fugiu antes que eu fizesse a minha pergunta!

- Ehh, sim - eu tinha ficado um pouco nervosa.

- Mas o que houve com o doutor Jackson? O único que me viu pela primeira vez?

- É...o Doutor Wang está ocupado agora - menti mesmo, tô nem aí.

- Não me diga, você está aqui para fazer mais testes, não é...? Eu estou cansaaaaada, desde que cheguei aqui fui picada, perfurada e cutucada...Eu já estou toda machucada. Outro médico, um outro exame, eu estou ficando cansada disso, aff.

- Bem... não é nada muito grande. Apenas exames físicos de rotina.

- Tudo bem, vá em frente.

- Sobre a sua pequena explosão hoje mais cedo, você não está ciente das consequências que terá sobre sua condição? É muito arriscado para você estar ficando com raiva assim. - peguei o histórico de Sana e o olhei - Deixando suas emoções lhe controlarem, você pode severamente afetar a forma como seu coração vai receber a operação.

- Eu sei... Não é como se eu quisesse ficar com raiva. Se não fosse a minha irmã estúpida enchendo meu saco o tempo todo eu estaria tranquilinha - ela se sentou na cama emburrada.

- Não me admira que ela faça isso. Você é o arquétipo perfeito da menina pobre doente... O bebê da família sofrendo de uma doença cardíaca. Sempre sendo adorada por seus pais, o cumprimento de todos os seus caprichos, só para ela rosnar para uma pirralha estraga prazeres. Tudo porque eles têm medo de que eles agravem sua condição.

- Uma ova! E daí? Eu não sou egoísta sem razão! E-eu... eu s-só - ela fungou - se a minha irmã idiota não tivesse chegado em primeiro lugar eu não estaria em nervos, além disso. Eu nem sequer tenho um pai ou uma mãe para cuidar mais de mim de qualquer maneira.

- Eh? Uh... eu... Desculpa! Não quis dizer isso assim - Sana se virou de frente pra mim e seus olhos estavam marejados.

- Você devia prestar mais atenção no que fala doutora.

- Por favor perdoe meu comportamento.

- Não! Eu não vou te perdoar! Você é a pior doutora! — mostrou a língua para Tzuyu — É! Estou falando com você!

- Realmente não foi de propósito...

- Bem eu poderia perdoá-la, mas com uma condição - como essa menina mudou de humor tão rápido? - Você tem de me dar uma refeição decente ok? Comida de hospital é horrível.

- Sim sim tudo bem, vou tratar de lhe trazer algo como pedido de desculpas. Mas pode ser que você tenha de esperar mais um dia. É muito tarde agora.

- Você é tão gentil doutora - ela deu um sorrisinho fofo, acho que cai numa armadilha agora a pouco estava me xingando e agora diz que eu sou gentil, realmente essa garota é difícil de entender.

- Tudo bem, agora que isso já foi resolvido irei continuar com o chek up ok? - ela balançou a cabeça confirmando, peguei meu estetoscópio [ n/a: é aquele aparelho que as pediatras usam pra ouvir o batimento cardíaco ] - Você vai ter que tirar sua camisa - Confesso que eu estava um pouco nervosa, percebi que Sana havia ficado com o rosto ruborizado.

- Ok - ela levou as mãos até a barra de sua blusa cinza e a tirou deixando à mostra seu sutiã de renda preto e a parte de cima de seus seios, eu tentava não ficar encarando muito mas era quase como uma missão impossível, percebi que ela abaixou a cabeça, me aproximei dela e botei o aparelho na parte em que o sutiã não cobria.

- Hm... certo, isso é bom, seus batimentos estão regulados, tá bom, prometo que não irá demorar muito, agora - levei uma de minhas mãos as suas costas, juro que senti meus dedos formigarem - Desta vez inspire profundamente e lentamente - ela segurou seu ar - Agora expire devagar - ela soltou seu ar, sem querer fiquei encarando a forma como seus seios subiam e desciam conforme ela respirava, percebi que seus batimentos estavam ficando um pouco mais rápidos.

- Hm, Doutora quanto tempo isso vai demorar?

- Hã? Ah me desculpe - me afastei dela, e ela colocou sua blusa de volta - Ok, terminamos por agora. A partir dos seus batimentos você ainda está dentro da faixa padrão então não há nada para se preocupar. Apenas certifique-se de cuidar de si mesma e ter muito descanso - abri a porta do quarto.

- Ei ei! Não se esqueça da minha refeição gratuita que você me prometeu! É na hora do almoço amanhã viu? Eu vou estar te esperando.

- Tudo bem, não vou esquecer eu prometo - Droga pensei que ela tinha esquecido, sai da sala deixando a garota lá dentro e fechei a porta, comecei a andar pelo corredor - O que diabos aconteceu lá dentro? Só agora...Só por um momento...Por que eu sinto como... - levei uma de minhas mãos ao meu peito - Era quase como se eu pudesse ouvir as batidas do...não...Não tem como. É impossível.


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