Necromante 2 - A lenda de Morgana

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Augusto caminhou por uma parte desértica durante a noite, o clima seco e frio quase o fez desistir, ele pensou mil vezes em como se voltasse para tenda de Safira naquele momento tudo ficaria bem, mas ficaria mesmo? E essa dúvida movia suas pernas em frente, ganhando de qualquer vontade ou medo, uma bravura indômita, talvez burra. Mas uma bravura que iria conseguir respostas. Quando amanhecia no horizonte ele encontrou o acampamento e, só então percebeu que não tinha ideia do que poderia fazer para que aqueles homens pudessem lhe dar alguma resposta.

Um anão de cabelos e barba grisalhas que estava de vigia avistou o rapaz tentando adentrar o acampamento e facilmente o rendeu com sua espada.

- Para onde você pensa que está indo?

- Eu preciso falar com o seu comandante.

- Você vem aqui, na calada da noite, sem mais nem menos e deseja falar com meu comandante, sem me dizer o porquê, e espera que eu deixe?

Augusto sorriu entre os dentes, viu agora que tinha cometido um erro, mas era tarde demais para voltar atrás. Então jogou sua melhor carta.

- Eu posso ajudar a encontrar os homens desaparecidos, sabe eu sou um aprendiz de mago, mas tenho um talento especial, uma visão que permite enxergar a vida. Eu posso encontrar eles.

- E quantos milhões de Xelins você quer por isso? Em? Você não é o primeiro que vem oferecer esse tipo de ajuda, muito obrigado, agora saia daqui.

- Espera, espera, por favor, eu não quero seu dinheiro, tudo que eu quero são respostas. Eles estavam em busca de alguma coisa, iam na tenda da Cigana Safira toda hora e repetiam as palavras Le Fey e Necromante. E eu quero saber o que isso significa.

O anão abaixou a espada e começou a gargalhar como se o mundo inteiro estivesse pregando uma peça nele. Ele riu tanto que acordou, os outros anões e até mesmo o Elfo de cabelos negros que Augusto presumia ser o comandante de toda a expedição.

- Aberforth, por que ri tanto!? Me tirou de um sono muito bom, com uma cerveja muito gostosa. – Disse um anão ruivo saindo de sua tenda.

- Esse intruso aqui, quer saber o que nossos homens estavam atrás e por que isso está ligado a "Necromantes" e "Le Feys".

- Sim, meu senhor, mas não entendi a graça.

- O garoto realmente deve ser uma porta não é mesmo? – Disse outro anão.

- Silencio, vocês esquecem que as pessoas por essas partes não têm os conhecimentos que nós temos, eles não são europeus. Rir do despreparo do menino que não sabe a própria história de onde vive é tolice.

- Desculpe senhor, não foi minha intenção,

- Claro que foi sua intenção. Mas está perdoado Aberforth. E você jovem, qual seu nome?

Augusto se ajoelhou, por alguma razão sentiu que aquilo era necessário, a imponência na voz do elfo fez despertar nele um sentimento de nobreza, talvez ele de fato não fosse um nobre de título, mas ele era nobre de alma.

- Eu sou Augusto Senhor, aprendiz de mago da Cigana Safira. Eu vim a contragosto dela, ajudar a encontrar seus homens desaparecidos, e não peço dinheiro, tudo que quero são respostas. Por favor, me deixe ajudar.

- Ah, estou lembrando de você daquela tenda, Augusto, eu sou Sor Edergan de Tomilho, e essa é a trupe valente dos morros urrais. Se de fato quer apenas respostas, eu creio que tenho algumas. Agora entre aqui na minha tenda não se acanhe.

O jovem aprendiz caminhou na direção de Edergan sem saber muito o que fazer além disso, e quando adentrou o local percebeu as semelhanças com a de sua mestra, os dois tinham instrumentos de magia, ciência e muitos livros sobre os mais diversos assuntos, Augusto ficou embasbacado, foi com o pássaro que Edergan guardava dentro de uma gaiola prata, era um espécime único de pelagem azul, um rabo flamejante e um bico negro como carvão. Ele sentou-se numa cadeira acolchoada e ficou admirando o pássaro, depois olhou para o teto, onde estava uma projeção de certas constelações feitas de algum material que Augusto não conseguia identificar, mas que achava extremamente lindo.

As Relíquias de JerusalémWhere stories live. Discover now