Romana 5 - O nascimento de Romana

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O cheiro do Bordel da Família de Vick despertava nostalgia em Romana, lembrava de seu tempo sobre os cuidados de Hilda Hildegardt no templo de Diana, a deusa da lua e da caça, um ambiente duro e muito quente, por isso fornalhas não a incomodavam nenhum pouco, lá ela aprendeu a arte da guerra, o manuseio do arco e da espada, aprendeu a reparar e fabricar armas, embora não tenha tanta habilidade para tal feito. Romana se sentia em casa em campos de batalha, ferrarias e em combates, ela era boa nesses campos da vida, no resto ela preferia não comentar. Ela odiava a nostalgia, mas em dias como esse onde tudo que ela procurava era descansar ela não conseguia deixar de pensar em Carina, ou em seu colar. Romana pegou o pingente e deu um suspiro, "por favor, de novo não", pensou antes de uma lágrima cair de seu rosto. Ela então decidiu sair dali para espairecer, ficar naquele lugar não iria trazer boas lembranças e ela ainda precisava encontrar quem quer fosse o comandante das forças expedicionárias do império do sol para poder relatar suas falhas.

Romana deixou suas armas penduradas na cabeceira da cama, decidiu confiar na cidade, pegou um robe que estava no armário da irmã de Vick e saiu sem dizer nada a ninguém.

Pelas ruas tudo estava normal, pessoas se divertindo e conversando, ela foi andando pela rua principal até encontrar uma feira pequena com algumas crianças roubando frutas. Um dos feirantes gritou para ela parar as crianças, mas Romana nada fez, fingiu que não ouviu, ela tinha total noção de como era difícil viver na rua e uma laranja a mais ou a menos não faria falta para o comerciante. Quando ela chegou mais perto dele, entregou duas moedas de ouro para ele, o suficiente para comprar a barraca toda.

- Distribua as frutas para as crianças e para os pobres. E quem mais pedir. Aí tem o suficiente para comprar tudo na banca. Estou errada?

- Será feito. - Homem sorriu desesperado, como se aquelas moedas fossem sua salvação.

Romana sorriu e continuou andando pela cidade, ela então percebeu que seu pequeno gesto na banca tinha atraído atenção indesejada. Romana procurou um beco e quando os homens que a seguiam entraram também, ela gritou "Redestro Vis Velocitá" e com a velocidade de um touro derrubou os dois com os braços abertos.

- Isso é para aprenderem a nunca tentar encurralar uma dama, ela pode ser uma maga e ferrar vocês.

Os homens inconscientes nada entenderam. Romana começou a revistar os bolsos deles, mas não encontrou nada de útil ou de valor. Ela então foi em direção a praça principal da cidade e começou a cair uma garoa leve, como quando sua mãe morreu.

Era um dia chuvoso no condado de Telêmaco, um dos milhares de condados do império do sol, mesmo assim dentro do quarto de Madame Sara o clima estava seco e pesado, alguns parentes choravam dentro do quarto dela e no canto direito do quarto, perto das bonecas favoritas de Sara uma pequena garota morena de cabelo castanho escuro estava sentada no chão com um coquetel de lagrimas brotando intensamente de seus olhos esbugalhados. Essa é a filha de madame Sara, nossa querida Lara, sua mãe havia finalmente sucumbido a doença e ela não sabia como reagir, estava chorando assim há vinte horas, não parecia possível existir tanta água num corpo tão pequeno.

Seu padrasto, lorde Pontus, já estava cansado daquela chorona, na verdade ele estava cansado de tudo aquilo, de sua falecida esposa, de sua filha malcriada e de todos aqueles parentes intrometidos, estava contando as horas para a morte de sua ex-amada. Ele tinha perdoado a traição de Sara, que gerou Lara, apenas por que sabia que sem a fortuna dela ele seria um homem arruinado, mas estava decidido que iria jogar Lara nas ruas, não queria outra boca para alimentar, a dele já era o suficiente. "Essa criança não merece nada que sua mãe deixou, tudo ficara para mim" pensava Pontus sempre que se deparava com Lara chorando.

As Relíquias de JerusalémWhere stories live. Discover now