As Relíquias de Jerusalém

Romana 6 - O conto Azul

O clima na Estrela Latina era fúnebre, a morte de Mariana havia deixado o local totalmente cinza, uma tristeza se abatia por todos os empregados. Todas as mesas estavam vazias, mesmo o restaurante estando parcialmente aberto. Seu bordel estava fechado, as moças de companhia estavam de luto. Mariana era uma peça importante da rotina da Estrela Latina, além de ser uma das donas, seus shows sempre eram um deleite para ouvidos, sua personalidade amigável e acolhedora a todos faria muita falta para toda Drios. Mariana tinha um coração de ouro.

Um vazio emocional no coração da Estrela Latina foi criado com sua partida. Os envolvidos preenchiam no com lagrimas e histórias sobre a moça. Vick Velardo e Bianca eram claramente os mais abalados, os dois conheciam a cantora desde a infância, tinha vivido momentos bem fortes ao lado dela. Bianca só conseguia pensar em como Sara Iria reagir quando descobrisse, pois, elas eram grandes amigas e confidentes.

Vick ainda não conseguia acreditar que ela havia partido, mas mais ainda não aceitava que tinha sido a mando de seu pai, o homem nunca tinha sido presente e na sua aparição mais significativa ele acaba mandando matar uma das pessoas que Vick mais gostava no mundo. Diego não tinha motivos para ser amado por seu filho, porém descobrir que o crime contra Mariana havia sido perpetuado por seu pai, criou uma raiva no peito do Yolcomeh, que nem soube como se conteve na noite anterior, ele devia ter matado seu pai, mesmo que isso não trouxesse Mariana de volta. Nem Vick sabia o porquê de não ter o feito, talvez em seu amago ele sempre esperasse o dia que seu pai e ele seriam como pai e filho, mas hoje esse dia estava muito longe, se é que ele uma hora chegaria.

Os ânimos estavam claramente abalados, Romana estava deitada na cama que Vick havia emprestado, mas não havia conseguido dormir, passou a noite pensando sobre a morte de Mariana, também estava abalada, não exatamente pela morte, mas sim por sua impotência em impedir o acontecimento. A guerreira já havia perdido muitas pessoas ao longo de sua vida, sua mãe, seus soldados, mas a morte de Mariana foi diferente, foi parecida com a morte de seu primeiro grande amor, Carina. Ah a pobre Carina, pense em um espirito livre e divertido, essa era Carina.

Ela não gostava de lembrar de Carina, sempre sentia um aperto no peito como se fosse enfartar quando lembrava da senhorita. Romana e Carina se conheceram na fronte asiática, um grande combate magico entre o império do sol e o império Chinês por territórios Chineses. Nessa época Romana ainda servia ao lado de Dormos, ele era um mago estranho que não falava com suboficiais, nem mesmo quando necessitava de escolta, sua crueldade com os inimigos era notável também, ele gostava de brincar com a presa, para finalmente dar o golpe final. Dormos era implacável.

Já Romana e Carina eram uma dupla admirável, Hilda havia pareado as duas por ter percebido o interesse de Romana por Carina. E foi uma de suas decisões mais acertadas, as duas tinham uma sinergia de combate única, uma guerreira mágica e uma maga de gelo, Carina congelava, atordoava ou feria levemente os inimigos e como um raio Romana finalizava-os.

Romana sentia um grande calor no coração quando estava perto de Carina, contrariando todas as expectativas, já que magos de gelo geralmente deixam o ambiente a baixas temperaturas. Carina era uma moça loira, com olhos azuis, vestia robes azuis com detalhes dourados e tinha um cajado com a ponta em forma de floco de neve, esta era a Carina da Bélgica que Romana lembrava, sempre fingindo ser séria, nunca conseguindo, a amável Carina. "Ah, por que me abandonaste" pensava a jovem capitã.

Vick entrou no quarto, ele iria acordar Romana, mas encontrou a moça já desperta.

- Bom dia, Romana.

- Sem piadinha Vick? Vamos se animar! – Disse Romana tentando ser o mais entusiasta possível – A gente não pode ficar triste, temos que pensar que ela foi para um lugar melhor.