Refém do Desejo

Capítulo 01

3 anos antes...

Taiti, o famoso paraíso no meio do oceano pacifico. Imagine a água transparente, os bangalôs suspensos, cachoeiras, lindas flores, lindas cores. O cenário ideal para as férias dos sonhos, onde sem muito esforço, nos desconectamos do resto do mundo, e de todo e qualquer sinônimo de tecnologia. A natureza, em total plenitude, nos prende em suas raízes, para só assim vivermos em total fluidez com o que a ilha oferece.

O destino, procurado em sua maioria por casais, fora uma escolha casual de Anahí. Ela estava cansada dos lugares badalados que era acostumada a frequentar, e, ao tocar os pés na areia, decidiu por viver aqueles dias em plenitude, dedicando-se a si mesma, talvez até mesmo para redescobrir sua antiga essência, a distanciando da personalidade furtiva que a acompanhava desde muito jovem.

Não que sua vida fosse algo que quisesse ignorar, afinal, ela tirara proveito de todas as situações que fora exposta, umas divertidas, outras nem tanto. Mas não que se arrependesse, era inegável o quão suas escolhas foram importantes para que agora, ela pudesse enfim se sentir dona de si. E isso não a envergonhava, pelo contrário, suas escolhas lhe proporcionavam o luxo que tanto amava, e por enquanto, apenas isso bastava.

Para Anahí, não importava os meios.

Ela passeou os olhos azuis, a combinação perfeita com a imensidão do mar frente a sua janela. O roupão amarrado em sua cintura, enquanto bebericava uma taça de vinho branco, o vento forte sacodia as cortinas, assim como seus cabelos, e de olhos fechados, ela aproveitava os poucos momentos que se permitia tirar a máscara da soberba, rodopiando descalça no tapete do quarto.

Anahí: She's got eyes of the bluest skies, as if they thought of rain, I hate to look into those eyes...and see an ounce of pain– Cantarolava divertida. O sol se punha lá fora e soava como um convite para aproveitar a noite que se aproximava. Enquanto não decidia qual roupa usaria, o rock - que tanto amava - preenchia o pequeno espaço, e ela permanecia submersa na letra e na melodia, o som da guitarra lhe causava arrepios. - Oh, oh, oh, oh! Sweet child o' mine. – Completou.

A saia rendada jogada sobre a cama, fora adquiria na ilha, e o croped, do mesmo tecido, completaria o look. Sobre o pequeno aparador de madeira, algumas flores que prenderia no cabelo. A maquiagem sempre a acompanhava, não abria mão do batom vermelho, os olhos não precisavam de tanto ajuste, afinal, a cor acinzentada era seu cartão postal e chamavam a devida atenção por si só.

Anahí: Gostosa, você só me surpreende Anahí. – Falou para si, deslizando o batom sobre os lábios. Sem deixar de evidenciar, é claro, a coxa torneada e bronzeada, na fenda da saia que agora enlaçava em sua cintura.

Depois de conferir os últimos detalhes, Anahí jogou sobre a cama o celular e a bolsa, não os usaria essa noite, para finalizar, já do lado de fora, colocou o cartão magnético debaixo do tapete, não poderia arriscar perdê-lo, uma vez que já estava um tanto alta da bebida, e a noite mal havia começado.

No grande salão de convivência, circulavam pessoas de diversas nacionalidades, a grande maioria de meia idade, e aquilo definitivamente não a interessava. A renda debatia entre suas curvas, e ela percebera quantos olhares desviaram para si, assim que adentrou no bar. Um sorriso vitorioso escapou de seus lábios, era doce o sabor da luxúria.

Anahí não era a única a ansiar por liberdade nos próximos dias, naquele mesmo salão, em especial, encontrava-se Alfonso. Ao contrário dela, não estava sozinho, sua profissão tirara a privacidade, mesmo que ninguém o acompanhasse com a garrada de Whisky, meia dúzia de seguranças se espalhavam entre os civis, oferecendo assim o mínimo de distância que Alfonso precisava.