Capítulo 05

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A noite de sábado chegara, junto com ela a parte entediante de toda festa, a recepção. Alfonso girava o relógio no pulso enquanto se esforçava para sorrir em todas as fotos que os amigos insistiam em tirar. Mesmo que o ambiente pedisse um traje mais casual, não conseguira se desfazer do terno azul marinho, deixando de lado apenas a gravata. A música alta o impedia de ouvir o que Melanie falava, sendo preciso assim que ela se aproximasse ainda mais, ao mesmo tempo que brincava com os botões de sua camisa.


Já passava das onze da noite, os convidados eram bem servidos com Whisky Chivas dezoito anos, gim e para completar, Alfonso contratara um tequileiro. Ele olhou o relógio outra vez, e constatou que Anahí não viria, foi difícil esconder a insatisfação, mas ela não prometera, não teria como cobrar.


Melanie: Vem, vamos dançar. – Puxou Alfonso pela mão até o meio da pista de dança. Os cabelos negros estavam presos na lateral da cabeça, deixando as ondulações caírem sobre um lado do ombro.


Alfonso: Sou um péssimo dançarino, cuidado com seus pés. – Alertou, antes de girá-la, decidindo esquecer da sua diaba de olhos azuis.


Melanie gargalhou, era nítido seu bom humor naquela noite, uma vez que havia planejado terminá-la da melhor forma, levando-o para seu apartamento, onde aproveitariam até amanhecer. No fim das contas Alfonso não ficaria surpreso, mesmo que a relação dos dois tivesse esfriado nos últimos anos, vez ou outra eles voltavam a se encontrar, principalmente quando Anahí o rejeitava. Ele não se orgulhava disso, mas usava o fato de que anteriormente Melanie concordara com o relacionamento aberto, para se abster da culpa de usá-la, mesmo consciente de que ela alimentava um sentimento muito maior.


Próximo dali...


Anahí permanecia dentro do Táxi, os olhos azuis presos na entrada de onde acontecia a festa. Os cabelos escorriam sobre as costas nuas, e ela mordia os lábios para conter o sorriso toda vez que olhava a própria roupa, não ela não estava com o vestido que Alfonso pedira, não queria ceder aos gostos dele, por menor que fosse. Ela sorria por ter certeza que ele gostaria de vê-la usando qualquer coisa, ou melhor, até sem usar nada. Passados alguns minutos, pagou o motorista e adentrou o salão de festas, deslizou a palma da mão no tecido de cetim, próximo ao quadril, e só então deu os passos que a levariam para onde tudo acontecia.


Ela poderia ir até o aniversariante - que rodopiava uma bela morena, talvez a mais bonita que Anahí já vira -, poderia atrapalhar os sorrisos que ela oferecia, ou a conversa ao pé do ouvido que os dois trocavam. Mas viu como eram bonitos juntos, soava natural, normal. Muito diferente da imagem que ela imaginava transmitir, principalmente por ser a primeira vez que Alfonso a convidara para participar de um momento com os seus amigos e colegas de trabalho. Talvez por esse motivo ela se sentiu tão deslocada no ambiente, fazendo com que procurasse um lugar que lhe privasse dos olhares curiosos direcionados a ela.


Anahí aproximou-se do bar, e foi prontamente servida pelo garçom. Mas, diferente dela, Alfonso não se importara em interromper o diálogo com Melanie, e desejou fazer isso assim que a viu entrar, mas preferiu acompanhar os seus passos com o olhar, para só depois inventar qualquer desculpa e ir ao seu encontro.


Por ironia do destino, ele chegara atrasado, e constatou isso assim que avistou o amigo se aproximar dela, sentando ao seu lado.

Refém do DesejoWhere stories live. Discover now