Capítulo 38

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A noite chegou, e...

Alfonso: Você tá bem? – Perguntou pela terceira vez, deixando Anahí com o semblante entediado.

Anahí: Estou só com um pouquinho de dor de cabeça. – Minimizou, procurando os pés dele com os seus enquanto dividiam o sofá da sala.

Alfonso: Como foi na terapia?

Anahí: O de sempre. – Bocejou. – O resto do dia foi tão exaustivo que esqueci de avisá-lo para não vir hoje.

Alfonso: Você não queria me ver? – Franziu o cenho, confuso.

Anahí: Não é isso, só não quero parecer grudenta. – Mostrou a língua. – E nem sufocá-lo, você deve vir quando sentir vontade.

Alfonso: E realmente acha que existe alguma possibilidade de eu não querer vê-la? – Indagou, puxando-a pelas mãos para cima dele.

Anahí: Nós sabemos que fui bem chatinha durante os últimos dias e você não precisa ser paciente o tempo todo, me deixa mal-acostumada. Imponha seus limites. – Advertiu, com um ar tão sério que o assustou.

Alfonso: Você está me repreendendo por não a repreender? – Disse, meio tonto.

Anahí: Sim, não quero ser um estorvo na sua vida. – Lembrou, aproximando os lábios. – Quero que você sinta necessidade de me ter, assim como tenho de você. – Mordiscou a boca dele. – Nunca por obrigação, nunca quando quiser somente me agradar, eu também preciso dos seus nãos. – Deslizou a língua até o queixo. – Só funcionaremos bem assim, entende? – Finalizou com outra mordida.

Alfonso: Ok, então não saia de cima de mim. – Brincou, apalpando-a na bunda.

Anahí: Posso fazer isso. – Devolveu com uma gargalhada.

Os dois permaneceram naquela posição, trocando beijos e carícias, até que o alarme do celular dela soou no ambiente, era hora do remédio do pai. Ela correu de onde estava à procura dos medicamentos e levou a mão até a testa quando lembrou que um deles havia acabado naquela manhã.

Anahí: Droga, droga. – Ralhou, voltando para a sala.

Alfonso: O que houve?

Anahí: Esqueci de comprar o remédio da pressão.

Alfonso: Então vamos na farmácia, deve ter alguma aberta aqui por perto. – Conferiu a hora no relógio de pulso.

Anahí: Durante todos esses anos eu nunca esqueci nenhum dos vários remédios que ele toma. – Se condenou. – Agora vai passar do horário, mil vezes droga.

Alfonso: Não se cobre tanto, tudo tem uma primeira vez. – Devolveu, procurando a chave do carro nos bolsos.

Anahí decidiu ficar enquanto Alfonso ia até a farmácia, ela prendeu os cabelos e voltou para o sofá. Tentou recordar dos últimos lapsos de memória durante aquela semana, o primeiro deles aconteceu na confeitaria enquanto atendia um cliente, quando precisou voltar até a mesa dele e pedir que repetisse o pedido, depois atrasou alguns boletos, faltou na sessão de terapia precisando implorar para a secretária de Samantha encaixá-la em algum horário o mais rápido possível, a mensagem para o Alfonso, o remédio...

Ela catou o celular e buscou a página do Google, na ferramenta de pesquisa digitou "falta de memória", "esquecimentos diários", "cansaço mental", mas travou na última: "Alzheimer é hereditário? ". Anahí sentiu a garganta secar quando encontrou artigos sobre casos precoces da doença, uma condição rara que pode acontecer a partir dos trinta e cinco anos, mas ela ainda tinha 31, pensou. Talvez esse fosse um forte motivo para que pudesse descartar aquela possibilidade e não levar em consideração tais estudos, afinal o Google costumava sentenciar qualquer um de morte a partir de uma simples dor de cabeça.

Refém do DesejoWhere stories live. Discover now