Capítulo 14

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O dia terminou para os três de tal forma que - depois de tantas doses de tequila - não conseguiam nem lembrar o motivo que os levaram aquela situação, Charles estava oficialmente bêbado, sem conseguir distinguir a confusão de sua cabeça e nem ao menos informar o taxista seu endereço. Para sua sorte, Anahí não deixou que ele voltasse para casa sozinho e assim os três dividiram o mesmo táxi, garantindo assim que o amigo chegasse em segurança. Logo depois, no caminho até seu apartamento, ela se esforçou para manter os olhos bem abertos, mas a pálpebras pareciam pesar dez vezes mais que o habitual, Alfonso a envolveu nos braços deixando que repousasse a cabeça sobre seu peito, aproveitando também para inalar o aroma adocicado de seus cabelos. Anahí murmurou algo inaudível, mas parecido com um suspiro longo de conforto, causado pelo contato dos dois.


Alfonso tivera dificuldade em tirá-la do carro, precisando até que o motorista auxiliasse com a porta. Demorou mais do que o esperado entre o elevador e a porta do apartamento, que felizmente abrira com um simples empurrão. Maya alertou-se quando viu a dona chegar desacordada, acompanhando os passos do seu possível amigo até o quarto, e só saiu de lá quando se certificou que tudo estava sob controle.


Ele se livrou dos sapatos dela, depois do vestido amarrotado, deixando-a somente de sutiã, já que a calcinha virara trapos momentos atrás. Depois disso ficou por longos minutos observando-a dormir, nada parecia com o furacão que estava acostumado, transmitia uma tranquilidade absurda, quase ingênua. Alfonso deitou ao lado dela, acariciando seus cabelos esparramados na cama, a ponta do dedo percorria até a nuca envolvendo alguns fios. Logo sentiu necessidade de abraçá-la - mesmo que timidamente - com apenas um braço pesando na cintura dela. Anahí remexeu o corpo e mesmo sem abrir os olhos procurou a mão dele com a sua, entrelaçando os dedos como uma espécie de permissão para que ele ficasse mais uma noite. Alfonso sorriu com o canto dos lábios e então chegou mais perto, colando o abdômen e o peito nas costas dela para só depois adormecer.


**


Anahí acordou aquela manhã com uma sensação de quase morte, a cabeça não parava de latejar um só minuto e piorou quando precisou abrir os olhos e tudo rodou, ela jurou por todos os santos que não beberia tão cedo, ou nunca mais. Puxou o lençol fino, para cobrir a nudez e deu alguns passos, sentia a garganta seca, como se não bebesse água a dias. Tateou as paredes com a mão a procura da cozinha, e ficou surpresa ao encontrar Alfonso conversando com as paredes enquanto ensaiava girar uma panqueca no ar.


Anahí: Você cozinha? – Disse, com a voz entrecortada, as pequenas mãos cobrindo os olhos da claridade.


Alfonso: Oh não, apenas um teste, vi no seu livro de receitas e quis tentar. E não fique brava, estava aberto em cima da mesa. – Emendou, sem olhá-la, concentrado na massa que criava forma.


Anahí: Só terei motivos para isso se ficar ruim. – Deu de ombros, e então se acomodou na cadeira.


Alfonso: É preocupante. – Sorriu, e só depois deixou uma gargalhada de entusiasmo fugir, logo quando conseguiu lançar e capturar a panqueca no ar, e o melhor, intacta.


Anahí: Onde seu lado racional e responsável estava quando me deixou beber tanto assim? Céus, a minha cabeça está pesada. – Protestou, apoiando a testa na mesa.

Refém do DesejoWhere stories live. Discover now