Capítulo 32

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Alfonso estava decidido a proporcionar uns dias de descanso para Anahí, afinal vira de perto a rotina esmagadora que ela tentava equilibrar da melhor forma para o empreendimento e para o pai, esquecendo-se do ponto principal que era cuidar de si própria. Não poderia negar o quão estava orgulhoso do crescimento dela, de como exalava amor toda vez que falava de Arthur, e principalmente como encarava tudo de forma tão leve que os problemas pareciam menores e mais suaves do que realmente eram.

Mas, mesmo os mais otimistas entendem que Alzheimer é uma doença degenerativa, progressiva, e que com o passar dos anos o agravamento é inevitável, Alfonso começara a pensar nisso, mas Anahí não. Ele precisava prepará-la para quando o pai chegasse ao estágio de total dependência, precisava que ela cuidasse do corpo e da mente para só assim suportar tudo o que viria pela frente.

Charles: Ela não vai topar, Anahí nunca se ausentou do pai por muito tempo. – Despejou, enquanto Alfonso andava de um lado para o outro no tapete da sala de Charles.

Alfonso: É só um final de semana, e não vamos tão longe. Pensei em levá-la na casa de campo da minha família que fica em São Francisco. – Ponderou.

Charles: Ok, o que você quer que eu faça? – Cruzou os braços.

Alfonso: Que me ajude a convencê-la, contrato uma enfermeira até duas, caso seja necessário.

Charles: Acho que posso fazer isso. – Concordou, para arrancar um sorriso de Alfonso. – Já conversou com ela sobre isso?

Alfonso: Não. – Coçou a cabeça. – Preferi me certificar com você antes, afinal é o melhor amigo dela.

Charles: Espero que ela aceite, e caso não se sinta segura com as enfermeiras vou me oferecer para ficar com Arthur, mesmo que seja para supervisionar. – Piscou.

Alfonso: Não tenho palavras para agradecer. – Devolveu, o sorriso torto ainda brincava em seus lábios.

Charles: Não agradeça, só deixe que ela saiba o que é ser amada. – Emendou, com leves batidinhas no ombro dele.

Distante dali...

Samantha: Respire Anahí, você parece uma adolescente. – Gargalhou, tocando as têmporas.

Anahí: Preciso contar tudo o que aconteceu.

Samantha: Você pode me contar absolutamente tudo quando sairmos daqui, enquanto tomamos uns bons drinks. Mas agora nós não devemos perder o foco, que é buscar entender a maneira que você se relaciona.

Anahí: Ah por Deus, tanta coisa boa para falar você quer que eu repita meu conto de terror?

Samantha: O Jamie não será o protagonista dessa sessão, na verdade quero saber porque nunca falamos sobre sua mãe? – Contestou, e Anahí piscou os olhos, levemente atordoada.

Anahí: E porque nós deveríamos falar sobre ela? – Devolveu, pressionando os dedos.

Samantha: Porque você não fala dela? Essa é a pergunta. – Cortou, e Anahí revirou os olhos frustrada.

Anahí: Porque não tenho o que falar, não convivi, não criei laços. E não sofro com isso. – Pontuou.

Samantha: Você a conhece?

Anahí: A vi duas ou três vezes, mas foram visitas rápidas no meu aniversário, nada que me marcasse. Minha avó exerceu esse papel com excelência. – Deu de ombros.

Refém do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora