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•Maju•

Fui falar com Mariana, precisava desabafar com alguém o quanto eu tava odiando ficar naquele ambiente.

- Amiga, como você tá? - Mari perguntou.

- Tô odiando. Eu adoro o pagode o baile, mas ele tá me fazendo odiar tudo. Essa tropa de Bandido tudo armado, ele me trata igual um bicho igual um escroto, tá explicado porque não arrumou mulher até agora.

- pois é. Mas enfim. Eu já tô indo, vou lá na minha tia passar a noite com ela, ela já tem uma idade, não tá muito bem.

- Eu também viu procurar o caminho da minha cama, mal cheguei do plantão, já tive que vir pra cá com esse nojento.

Nos despedimos e eu voltei pra mesa.

- eu tô indo embora, tô cansada, já fiquei bastante tempo aqui.- eu disse pegando minha bolsinha de mão. - bora dedinho. - chamei dedinho que ameaçou levantar. Mas Filipe interrompeu.

- Tubarão, leva ela e fica lá. - Filipe disse.

- ué, porque se é o dedinho que...- ele me interrompeu.

- Porque eu quero, porque quem manda sou eu, agora mete o pé vai. - ele foi rude e meu sangue ferveu. Ótimo! Vou ter que ir com o idiota do Tubarão que me odeia desde daquele dia no baile. Vai ser uma beleza ficar no mesmo teto que esse ridículo. Subi na garupa da moto emburrada e fui pra casa. Tubarão não deu um pio. Mas a cara que ele fazia quando nossos olhares se cruzavam estava nítido que ele me tinha ranço de mim, mas não se incomode fofo, é recíproco. Ignorei a existência dele e fui pro quarto. Logo eu peguei no sono. Acordei com uns barulhos. Mas ignorei e tentei voltar a dormir. Logo o maluco do Filipe invadiu meu quarto.

- Oh Princesa, acorda!- ele disse quase gritando.

- O que você quer, que saco!

- Levanta, você não pode dormir aqui hoje!

- O que? Porque? Esqueceu que você me obri...- ele me interrompeu, que ÓDIO.

- eu sei o que eu faço, agora sai. Quero foder com uma novinha e meu quarto tá uma zona.

- Caralho não acredito.

- Já saiu? - ele disse rude puxando a tal puta loira pra dentro do quarto. Sai varada de lá. Tubarão tava na porta da frente fazendo a segurança. Nem pra cara dele eu olhei, sai andando e ninguém veio atrás de mim. Depois de um tempo, percebi que tinha esquecido a chave do meu apartamento lá, QUE ÓDIO parte 2. Passei pela boca e ouvi uma voz conhecida.

- Maju?- era dedinho. Ele saiu perto daquela muvuca de bandido e veio pra perto de mim. - Tá na rua essa hora? Sem segurança?

- Tubarão ficou lá cheirando o cu do Filipe. Ele me expulsou do quarto porque queria comer uma puta qualquer lá.

- Foda... - ele disse.

- O pior é que eu esqueci a chave do meu apartamento lá e a Mari não tá em casa, que merda!

- Fica na minha casa? Não é como o casarão, mas tem espaço pra mais uma. Minha mãe é super de boa.

- Tem certeza? Eu não vou recusar porque como você pode ver não tenho nenhuma opção, mas é que não quero incomodar...- disse receosa.

- Tá maluca novinha? Tu não perturba e faz uma comida de arrebentar!

- Tá fazendo isso só porque te alimentei?- eu ri e ele também.

- não pô, nas não quero deixar você na rua, bora? - eu assenti e nos subimos na moto.

Chegando lá. Realmente não era como o casarão, mas era uma casa bem bonita, arrumada e espaçosa.

- Esse aqui é meu quarto. Fica a vontade. Minha mãe deve tá dormindo no quarto dela, mas amanhã de manhã eu venho de buscar. - ele disse.

- tá ok, obrigada dedinho. - eu disse e ele beijou minha mão. Henrique era um doce, não sei o que ele ta fazendo nessa boca com esse bando de animal grotesco, ele não se parece nem um pouco com eles. Enfim, deitei e logo peguei no sono.

•Barão•

A noite foi foda. Me acabei com a loirinha e depois ela chamou mais duas amigas pra participar da festa. Acordei no meio de duas e outra dormindo no pé da cama.

- Vambora, circulando.- comecei a bater palma na intenção de acorda-las.

Elas se assustaram com o barulho, mas acataram suas roupas e saíram pela porta com um sorriso malicioso no rosto como se quisessem mais uma vez. Tudo piranha. Fui ao banheiro, fiz minhas higiênes e desci. Tubarão estava sentando no sofá mexendo no celular.

- Cadê a nojetinha? - perguntei acendendo um baseado.

- Ih barão, ela passou por mim ontem mas não disse nada.

- e tu não foi atrás dela seu inútil? Se o povo começar ver ela sozinha por aí, vão encher a porra do meu saco.

- ué, mas não foi tu que expulsou a mina?

- Não me contraia não seu filho da puta! Nunca fazem o trabalho de vocês direito. Passa um rádio pro Rogerinho aí pra ver se ela passou no pé do morro pra ir trabalhar.

Fala Rogerinho, passa a visão.

Qual foi tuba, tô na contenção aqui no pé da favela

Então bandido, tu viu a novinha por aí?

A princesinha? Eu vi ela ontem, acho que dormiu na casa do dedinho.

Me senti incomodado com aquilo não sei porque. Ele só podia tá maluco, por mais que seja fachada ela tá fingindo que tá comigo e ele leva ela pra dormir na casa dele? Porra. Do jeito que a favela é daqui a pouco tão espalhando que o dono do morro tá sendo chifrado pela mulher com uns do seguranças.

- O que?! Porra tá de mancada só pode! Filhos da puta. Passa o rádio pra esse viado aí, manda ele trazer aquela piranha de volta. Se eu soubesse que isso ia me dar tanta dor de cabeça, eu tinha largado essa novinha de mão.

• Maju•

Acordei com Henrique me apressando pra gente voltar pra aquela droga daquele casarão. Calcei meus chinelos rápido e subimos de moto. Filipe tava furioso fumando aquela merda de baseado. Eu entrei ignorando todo mundo e sentei no sofá.

- Contigo eu converso lá na base depois Dedinho. - senti que Henrique ficou com medo.

- E você sua piranha, ficou maluca?

-VOCÊ TÁ CHAMANDO QUEM DE PIRANHA! - Eu alterei a voz.

- odeio que gritem comigo! Tu tá maluca de ir dormir na casa de uns dos meus? Daqui a pouco a favela toda tá comentando. Não podia ter ido pra outro canto? Sua retardada!

- Olha, eu tô tentando ter a maior paciência do mundo e aceitando tudo, seu jeito escroto, o jeito que tu fala comigo. Eu tô odiando cada minuto aqui contigo e rezo pra isso acabar o quanto antes.

- Cala essa boca! Não quero nem ouvir sua voz de patricinha. Tua sorte é que eu não te obrigo a dormir comigo, se não tu ia ter que ir.

Dei uma risada. - coitado! Nunca que eu dormiria com um escroto que nem você, você é um resto de homem. Tudo que eu quero é que você se arrebente de tanto transar com essas piranhas por aí, se drogar e beber até morrer. Aceitei tudo até agora, mas não vou aceitar você tocar em mim. - ele fechou a cara de tão furioso e saiu batendo a porta.






O herdeiro da FavelaWhere stories live. Discover now