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[...]

- Você não tem medo de descer do morro pra vir na praia?

- Não, eu não tenho passagem. Nem eu, nem Rogerinho, só tubarão, o chefe e alguns dos outros.

- entendi... Que bom né?

- Aham, eu venho aqui desde novo pra pensar sabe? Meu pai agredia minha mãe, pra não matar ele eu vinha pra cá.

- Eita... Não precisa falar sobre se não quiser.

- Não, tá tranquilo. Já passou.

- ele foi preso? - porra Maria Julia, sua fofoqueira!

- Foi. Quando eu fiquei de maior, eu entrei pra facção do morro e uns dos caras que estava preso junto com ele fez a justiça certa.

- Ok...

- Sabe Maju? Desde que te conheci eu não paro de pensar em você.

- Direto né? - que vergonha.

- É.- ele riu. Me olhou sério e foi chegando mais perto. Não estavam muito longe um do outro e não demorou pra ele estar em uma proximidade que fazia pra sentir seu hálito quente e sua respiração.

-eutranseicomofilipe. - eu disse alto e rápido fazendo Carlos se assustar e se afastar de mim com um sorriso sacana no rosto.

- Oi? - ele disse provavelmente querendo que eu repetisse.

- Eu-transei-com-o...- fui interrompida.

- Não me importo. - ele disse simples.

- Como assim? Ele é seu ..- ele né interrompeu mais uma vez.

- Eu não me importo Maju, eu quero ficar contigo apenas. Tô disposto a largar a bandidagem, a ser direito, a arrumar um emprego, ser alguém normal, por você.

- Carlos eu...- eu não sabia o que dizer, o que falar, eu gostava dele apenas como amigo. - Eu...

- Não sente a mesma coisa né? Eu sei que não. Me vê apenas como amigo. Mas eu sei de algo que pode mudar isso. - ele segurou meu rosto e juntou nossos lábios em um beijo lento e calmo. Não sei o que eu tenho, deve ser loucura, porque enquanto o Carlos me beijava eu pensava no Filipe, o que é super estranho. Parei o beijo fazendo Carlos me encarar confuso.

- Algo errado?

- Eu preciso ir pra casa. - eu disse recolhendo minhas coisas.

- Calma Maju, desculpa eu não queria te assustar.

- Não, foi nada. Pode me levar?

- Claro, vamos.

Peguei as coisa, subi na moto e fomos.

•Filipe•

- Porque tu afastou o dedinho? Vacilou? - Rogerinho perguntou.

- Não, me irritou.

- Ih qual foi?

- Me irritou porra, eu que mando nesse caralho, então fiz o que eu tava com vontade.

- Jae.

Eu me recusava acreditar que eu tinha afastado o dedinho só porque ele tava dando em cima da Maria Júlia. Eu não sei porque eu tô tão incomodado com essa mina, isso tá me tirando do sério. Mas pra eu não fazer uma merda preferi afastar aquele viado, não tô afim de olhar pra cara dele.

Flashback

- Me dá o fuzil. - falei

- Que? Porque, nem começou meu plantão direito.

- ME DÁ A PORRA DO FUZIL CARALHO. - eu gritei e ele me deu a arma. - 15 dias de afastamento.

- qual foi barão? Não fiz nada irmão.

- Pra mim tu fez, tá difícil de me entender?

- Jae. - ele saiu com cara de cu.

Flashback off

Mas vou fazer o possível pra essa mina não descobri a desordem que ela tá fazendo na minha cabeça. Que porra!











O herdeiro da FavelaWhere stories live. Discover now