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Filipe

Acordei todo dolorido. Olhei em volta, eu não estava em um quarto de hospital, mas estava com alguns aparelhos. Me lembro de apenas flashes de ontem. Havia um curativo enorme em meu peito. Olhei para o lado esquerdo da minha cama e Maria Julia estava dormindo em um sofá cama. Caralho, o que aconteceu que até a Maria Julia tá envolvida? Não entendi o fato dela estar ali, mas não quis acorda-la para perguntar, ela parecia cansada. Tentei me ajeitar na cama mas senti uma dor insuportável e não consegui segurar meu gemido de dor.

- Acordou? Deixa eu te ajudar...- Maria Julia que com certeza acordou com meus gemidos de dor, veio em minha direção e me ajudou. 

- Por que está aqui?- foi a única coisa que consegui perguntar. 

- Podemos entrar em detalhes depois? Você precisa de um banho. - Ela disse me ajudando a sair da cama. Ela me guiou até o banheiro e retirou meu curativo. 

-Pronto, fica a vontade, já regulei a temperatura do chuveiro, vê se não levanta muito o braço esquerdo ok? - Ela disse e saiu. Tomei o banho com bastante dificuldade. Puxei as roupas limpas que ela deixou pra mim e vesti. Sai do banheiro e voltei para o quarto que eu estava. Ainda não sei onde eu tô e por que eu tô aqui. 

- Ah... você tá com fome? Bom, mesmo se não estivesse teria que comer...- Maria Julia disse assim que entrei no carro.

- Estou um pouco... Mas pode me responder agora? Por que está aqui?

- Você levou um tiro, deve lembrar.- ela disse e eu assenti. - O meninos me procuraram desesperados e eu trouxe vocês até aqui. Meu amigo Paulo é médico, tem equipamentos em casa e tal, estamos na casa dele. 

- Cadê os caras?

- Estão cuidado das coisas enquanto você está mal. E eu vou cuidar de você até você melhorar. - Ela deu um sorriso sem mostrar os dentes. 

- Por que? Você não gosta de mim...

- Não é hora pra isso Filipe... Vem, deixa eu limpar e refazer o curativo. - ela disse pegando uma bolsinha com gases. 

Ele fez meu curativo com o maior carinho. Sua mão era delicada e me fez lembrar da vez em que levei um tiro no braço e ela me ajudou. Maria Julia tinha um coração enorme. 

Maju

Filipe acordou com uma aparência melhor. Refiz seu curativo e fui pegar a sopa pra ele comer. Enquanto ele comia eu fui arrumar as coisas, na verdade só remédios e curativos pra levar pra minha casa. Eu tinha que ir embora, não vou ficar incomodando Paulo, Filipe já está fora de risco e pode ficar sobe meus cuidados na minha casa mesmo. 

- Oi... Como ele está?- Paulo entrou na sala.

- Bem... Já estou arrumando as coisas pra ir.- falei

- Sabe que pode ficar o tempo que quiser não é gata?- ele piscou e deu um sorriso malicioso, em seguida passou a mão em alguns cachos meus. 

- Paulo, menos ok? Ele já está bem, você mesmo havia comentado que no dia seguinte se ele acordasse, já era sinal de saúde. - dei um belo de um corte nesse assanhado e cheguei pra trás. 

- Ele é seu namorado?

- Não... apenas um amigo ok? Agora me dá licença...- passei por ele pisando forte. Que cara nojento, embuste do caralho. 

- Vamos? Já chamei um táxi. - falei rude mas logo vi que Filipe não tinha culpa. - Desculpa, nossa... é...podemos? 

- Tudo bem, eu ouvi tudo... Quer que eu dou um jeito nele? - ele perguntou e vi que ele estava olhando em volta. 

- Está procurando o que?

- Minha pistola, onde tá? Não posso ficar sem ela.

- Vai ter que se acostumar querido, porque armado na minha casa você não entra! - falei.

Ajudei ele a se levantar, me despedi de Paulo e saímos. Entramos no táxi ficamos em silêncio durante toda a viagem. 

- Pronto. Fica a vontade. - falei assim que chegamos no meu apartamento. 

- Tudo bem... só quero deitar. - ele disse aparentemente cansado.

- Tá, bom... não tenho mais que um quarto aqui, mas minha cama é bicama, eu durmo na de baixo e você dorme na minha cama, vai ser mais confortável pra você.

- Pode ser. - ele deu de ombros.




O herdeiro da FavelaOnde histórias criam vida. Descubra agora