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Maju

ligação on

- Henrique? 

- Fala Maju...

- O Filipe já acordou, viemos pra minha casa, ele está bem...

- Que bom, obrigada pela ajuda Maju, mais tarde eu passo aí com a Mariana

- Tá ok, valeu

- Valeu

ligação off

Quebra de tempo

Maju

Comi uma lasanha de microondas e fui assistir minha série, hoje não trabalho, mas tenho que ligar pra pedir minha folga. Só tiraria ela mês que vem, mas como o bonito resolveu me dar trabalho, vou adiantar. Eu nem sei por que tô ajudando ele sabe? Mas eu sinto que ele precisa ser ajudado, e que quem deve ajudar ele sou eu. é como se fosse algo do destino sabe? Se não os meninos não viriam me procurar e sim dariam o jeito deles. Fiquei pensativa por um tempo, mas logo me detrai como a TV. Peguei no sono e acordei a noite. Fui no quarto ver como Filipe estava e ele ainda dormia, os remédios pra dor eram meio pesados, mas ele precisava mesmo descansar. Escutei a campanhia e fui abrir a porta na esperança de ser o Henrique e a Mari. Mas não, era o Cadu.

- Boa noite princesa.- ele disse me dando um selinho. Af

- Existem meios de comunicação Carlos, sabia?

- Eu gosto de te surpreender, está ocupada?

- Não, entra...- eu deveria dizer que sim, se ele ver o Filipe aqui vai ficar magoado, ele é teimoso, já disse que somos apenas amigos, que não vai rolar nada entre a gente, só que ele insisti. 

Carlos entrou e sentou no sofá.

- Quer algo?- perguntei.

- Não... por que essas coisas estão jogadas por aqui?- intrometido. Ele estava se referindo as gazes, esparadrapos e algumas outras coisas que eu estava usando no machucado do Filipe.

- Ah é...- não consegui terminar a frase, logo escutei a voz de Filipe me chamando. 

Maju...?

Ele parecia estar com dor, mas pela hora, já era a hora do seu anti-inflamatório. 

- Quem tá ai?- Cadu olhou para o corredor tentando ver quem era o dono daquela voz.

- Aí Cadu...loga história, me dá só um minuto. - ele assentiu desconfiado. 

Fui até o quarto.

- Oi...me chamou?

- Desculpa te atrapalhar... tá com visita não é?

- Não tem problema... Já está na hora do seu remédio.- se ele soubesse quem é a visita. Peguei o copo de água em cima da cômoda e a caixinha de comprimidos. Tirei um e dei para Filipe beber junto com a água. - Daqui a pouco faz efeito ok? Percebi que está com dor... - falei.

- Sim eu tô... onde já se viu, um chefe de boca estar rendido desse jeito?- ele disse soltando uma risadinha. Fui obrigada a rir também. 

- Então você é um péssimo dono, fez tudo errado.- falei e ele riu. - Está com fome?

- Não, estou meio enjoado...

- São os remédios, são meio fortes... Mas mesmo assim você precisa comer tá? Vou fazer algo leve.- eu disse e sai.

Fui até a cozinha e Carlos estava jogado no sofá com cara de cu. 

- Pode me dizer quem está ai?- ele perguntou autoritário.

- Pra que quer tanto saber? - perguntei já irritada. Coloquei a panela no fogo e fui até a geladeira pegar os ingredientes.

- Era voz de homem!

- IH?

- Me responde logo Maria Júlia!- ele disse alterando a voz. Sinceramente, estou me cansando de Carlos, acha que é o que? Meu marido? Nem consegui responder, porque mais uma vez Filipe me chamou.

Maria Júlia? 

Foi mais um gemido do que um chamado. Cadu me olhou desconfiado e fomos juntos até o corredor. Escutei alguns barulhos na porta do banheiro que estava entre aberta e pude perceber que Filipe estava vomitando. 

- Cadu... Melhor você ir... 

- Quem é que está ai Maria Julia? - ele me perguntou com um semblante confuso e meio chateado. 

- Depois eu te explico, agora vai. - O guiei até a porta e me despedi. 

Fui até o banheiro e vi Filipe agachado no vaso, já não estava mais vomitando. 

- Ei?- o chamei.

- Não tô me sentindo bem...

- Imagino... vem.- peguei ele pelo braço e o levei pra sala. 

- senta aqui. Tô fazendo algo pra você comer.

- Mas eu não quero!

- Mas vai!

Terminei a sopa e forcei eke a comer. Ele comeu tudo e não passou mal. Limpei o curativo dele e enquanto eu fazia isso,veio o interrogatório.

- Você ainda não me disse por que tá fazneod isso Maria Julia.

Bufei.

- Lembra quando te ajudei com o tiro no braço? É basicamente a mesma coisa... Vejo pessoas do mesmo jeito que você entrando no hospital e implorando pro um médico. - falei sem tirar os olhos do curativo.

- Então quer dizer que você só está sendo boa comigo, me colocando dentro da sua casa e cuidando de mim, por causa da sua profissão? Mesmo não gostando de mim?

- Sim. - menti, não era só por isso, talvez eu sentisse algo por ele mas ele não precisa saber disso.

- ok. - ele disse, mas pareceu mais um sussurro. Filipe chegou mais perto, senti seu hálito quente bem próximo ao meu rosto.

- Você ainda me odeia Maju? - ele sussurrou. E eu senti seus lábios se encostando nos meus.

- Filipe... não...- o afastei devagar, mesmo não querendo. - Você me fez muito mal.

- e eu me sinto um merda por isso. Me perdoa? Eu fiz tudo errado, eu sei. Sei também que depois daquela nossa noite você achou que eu te trataria como as outras, mas não Maju! Eu não paro de pensar em você desde aquele dia... Por isso fui até sua casa naquele dia, por isso eu quis que ficasse. Mas eu também entendi que não sou o homem certo pra você, por isso não insisti mais.

- Fil...

- Acontece que eu quero ser o homem certo pra você Maria Júlia, você chegou do nada na minha vida, e eu me apaixonei por você. Eu só não queria enxergar. Por favor, me dá uma chance? Eu não aguento mais ficar longe de você Maria Júlia, pelo amor de Deus.

Eu já estava em lágrimas, não sabia que Filipe gostava tanto de mim...

- Eu não sei o que dizer...- falei baixo e enxuguei algumas lágrimas.

- Você me odeia né?

- Não Lipe, eu gosto de você também, só que as coisas que você fez me travam sabe? - falei.

- Eu me arrependo muito, muito mesmo!!! Acredita em mim? Eu quero ser o melhor pra você! A noite que tivemos só me mostrou que eu estava perdendo tempo com outras esse tempo todo, sou louco por você Maria Júlia. Desde primeiro dia que te vi. Eu só era um merda e não queria admitir isso nem pra mim mesmo.

Eu não conseguia falar, eu tava muito emotiva. Esse tempo com o Filipe aqui, eu cuidando dele, meu Deus, o que tá rolando?
Quando dei por mim, estávamos nos beijando. Um beijo calmo, lento, com carinho. Eu toquei em sua nuca com cuidado, não queria machuca-lo, e ele estava passeando suas mãos pelas minhas costas.

- Eu gosto muito de você Maju...me dá um chance? - ele pediu entre o beijo.

- Eu também gosto de você, vamos nos dar uma chance...- eu disse e ele sorriu, ficamos forçando carinhos e nos beijamos e depois caímos no sono.
















O herdeiro da FavelaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora