O herdeiro da Favela

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•Filipe•

Tem tempo que não vejo Maria Júlia. E pra ser sincero, nem quero ver. Tô tranquilo sem ela, ainda bem que naquele dia eu não disse nada sobre medi sentimentos. Dedinho pediu pra sair a uns tempos atrás, disse que ia morar no asfalto e construir uma vida nova. Me desculpei pela maneira que agi naquele dia no baile, e ele ficou tranquilo. Vou sentir falta dele, mas vida que segue, correria não pode parar. Tenho que organizar umas paradas na associação, tô sabendo que alguns moradores estão com problema com a distribuição da cesta básica e isso tá me tirando do sério, gasto maior dinheiro pra suprir as necessidades do morro, e ainda tenho reclamações porque os incompetentes não fazer o trabalho direito nessa porra.

- Não fala nada comigo não. Tô cheio de coisa pra fazer. - digo me desviando de Rogerinho que ia dizer alguma coisa.

- Chefe, já resolvi o bagulho da cesta básica, fica tranquilo. - Tubarão disse.

- Valeu mano, tô com a cabeça cheia, já ia chegar lá chutando o pau da barraca. - eu disse me sentindo aliviado.

- Pô, acho que o que tá deixando tua cabeça cheia tem nome tá ligado? - Tubarão insinuou.

- Maria Júlia. - Rogerinho disse e ela dois riram.

- Vão se foder! Bandido não se apaixona já falei caralho.

- aham, acho que tu falhou como Bandido então. - Tubarão disse caindo na risada.

- Vocês são uns filhos da puta. - eu disse e sai.

[...]

- Mãe eu não te chamei aqui pra me dar sermão. - eu disse sentando no sofá, enquanto minha mãe falava um monte na minha cabeça.

- Você só faz merda, e eu tenho que ser boazinha? Lógico que não.

- Eu não fiz nada, ela que não me deixou falar. Eu tentei...- ela me interrompeu.

- Tentou uma vez só, eu nem conheço ela, mas já sei o tão desconfiada ela é pra não acredita em você. E com razão né? Tratou a menina como lixo.

- Mas eu pedi desculpas. Ela que é toda surtada.

- Desisto de você Filipe! - suspirou. - Ela precisa que você conquiste ela. Não é só pedir desculpas e do nada aparecer disse que quer ficar com ela, vai espantar a garota.

- E o que eu devo fazer? Tem maior tempão que não vejo ela mãe. - Porra essa garota acabou com a minha vida, cheguei no ponto de pedir conselho pra minha mãe.

- Vai atrás dela, você não é DONO da favela? Deve saber onde ela mora, vai e se redime. - ela disse dando ênfase na palavra dono.

Depois que minha mãe foi embora, fiquei pensativo... Tô me questionando se eu realmente tô afim dela, nunca fui de fazer isso, por isso nunca namorei. Gosto de curtir, sem compromisso, pra não ter dor de cabeça. Mas a Maria Júlia tá mexendo com a minha mente.

•Maju•

Tô preparando as coisas pra mudança. Daqui uma semana já fica tudo certo, e eu vou pra nem longe desse morro. Bem longe não né, vou continuar aqui no Leblon, infelizmente, porque aqui e super perto do meu trabalho.

- Amiga, você tem certeza? - perguntou Mariana enquanto eu dobrava minhas roupas.

- Ainda tem tempo de você mudar de ideia e ir comigo. - eu disse e pisquei.

- Não, minha mãe mora aqui ainda, não quero largar ela, mas também não quero ficar longe de você, quem que vai pro baile comigo? - ela disse fazendo um pequeno drama.

- Eu posso dar um pulo aqui de vez em quando, aí a gente vai por baile.

- Sério???? Ah você é a melhor. - disse e me deu um abraço.

Eu estava decidida, quero uma vida nova, tudo que aconteceu comigo aqui, foram provas de que preciso mudar a minha vida.