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Filipe

Tô pilhadão nesses últimos meses. Só essa semana tentei invadir 3 morros sem sucesso, nem pra isso to servindo mais. Nunca deveria ter deixado aquela garota tomar conta da minha mente desse jeito, bem que meu pai diz que bandido não se apaixona, é porque ele não deveria se apaixonar, se não tudo vira de cabeça pra baixo, como tá minha vida agora. Não quer dizer que tô apaixonado, não é nada disso. Mas deixei uma mulher dominar meus pensamentos, meus atos, onde que eu ia pedir desculpa pra alguém? Onde que eu ia pedir algo á uma mulher? Nem fudendo eu faria isso no passado, mas com  maju é diferente, muito diferente. Ela não é como as outras, e nunca nem vai ser, as putas desse morro que vivem se jogando pra cima de mim, nunca vão chegar aos pés dela. Ela é uma menina incrível e eu sou um otário, ainda bem que ela foi embora, assim eu esqueço ela de uma vez por todas e essa merda de confusão na minha cabeça vai acabar.

Tem 24 horas que não durmo, tô na base do energético, parei com as drogas depois da ultima vez que quase não acordei. Os caras tiveram que chamar minha mãe no asfalto pra ela poder cuidar de mim, se não fosse ela, eu teria tido uma overdose ou algo do tipo. 

- Qual é barão, vai descansar, eu vejo os bagulho por hoje. Tá sem dormi mô cota...- Tubarão disse.

- Eu tõ bem... - Falei e logo em seguida bocejei. 

- Tu tá fudendo com a tua saúde por causa daquela mina. - Rogerinho disse. 

- Que mina?!- Perguntei já exaltado. Talvez fosse verdade. eu me sentia mal por ter tratado a maju da forma que a tratei, mas eu não queria admitir isso, nunca senti remorso por nada que fizesse. - Eu faço o que eu bem entender na minha vida morô? Aquela patricinha não tem haver com nada isso, nem lembro mais dela, agora vão agir a vida de vocês e me deixem em paz, caralho! - ordenei e eles saíram da minha sala. Menti, lógico, Droga!

Enfim, foi anoitecendo e eu já estava pobre de tão cansado. Era bom se fosse apenas isso, eu tava triste, chateado... Porra Maria Júlia, eu só dormi contigo uma só vez, SAI DA MINHA CABEÇA. Dormi com tantas mulheres e nunca senti nada, por que logo com ela fui sentir alguma coisa? Eu tô fodido.

Maju

Acabei adormecendo no sofá com o Cadu, ele dormindo é ainda mais fofo que acordado, mas não posso me dar ao luxo de ficar com ele... Só me traria coisas do passado de volta a mente, mas não posso negar que ele é um sonho. Levantei devagar, já estava de noite. 

- Oi...- Cadu disse com uma vozinha rouca de sono. Ai que homem. Tirem ele daqui!

- Oi bebê, dormiu firme- falei e nos rimos.

- Nossa, olha a hora, - Ele disse olhando pro relógio em seu pulso. - Tenho que ir, minha mãe vai me matar, não avisei que demoraria tanto. - ele disse se levantando calmamente. - Ela gosta de jantar comigo sabe? Não gosto decepcionar ela. - ela disse se aproximando. - Mas podemos fazer isso mais vezes. - ele disse já bem próximo de meu rosto e me depositou um selinho. Eu recuei milímetros para trás, que droga Carlos Eduardo! 

- Ei! Não precisa ficar com medo de mim... - ele disse e me puxou pela cintura diminuindo o espaço entre nós. - Não sei porque você não me dá uma chance Maria Julia. Poxa, eu sou louco por você cara.

- Cadu...- falei vendo ele aproximar sua boca da minha. Ele me depositou outro selinho, só que dessa vez mais demorado. Desceu o beijo até meu pescoço e isso me estremeceu. - Chega, chega. - o afastei. - Vai, tá ficando tarde. - eu disse e ele riu. 

- Ok, tô indo, mas eu volto tá? - ele piscou. O levei até a porta e ele me deu outro selinho. - Tchau princesa. 

- tchau. - eu estava com um sorriso bobo no rosto. NÃO MARIA JULIA, NÃO!

Preparei algo pra eu jantar, tomei um banho, comi e fui dormir, amanhã é outro dia e eu tenho que ir trabalhar cedo. 

Acordei no dia seguinte com vários tiros vindo do morro, na certa ou era invasão ou polícia. Tomei um banho, coloquei meu uniforme e peguei minhas coisas. Sai, tranquei tudo e fui pro ponto de ônibus. 

Filipe

- PORRA ROGÉRIO! - Falei com a mão no peito. 

- PATRÃO EU NÃO VI. - ele gritava desesperado com a quantidade de sangue que sai do meu peito. A dor era insuportável! Eu quase não conseguia respirar, já passava um filme na minha cabeça de tudo que vivi, eu não podia ir pra nenhum hospital se não seria preso, não tinha saída, era meu fim na certa. 

- CARALHO. - foi a vez de tubarão se desesperar quando me viu atirado no chão cheio de sangue. - Temos que fazer algo! Não pode ficar desse jeito, você vai morrer Filipe!

Eu já escutava tudo como ecos. Minha visão foi ficando turva, meu corpo mole, e logo não vi mais nada, apaguei. 


gente to chorosaaaaaaa!!! E alguém segura o Cadu? Ele tá muito pra frente. #FilipeViveee





O herdeiro da FavelaWhere stories live. Discover now