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Maju

Esperei Carlos sair do quarto e corri pra ver se ele iria pra rua. E pra minha sorte ele foi. Fui até a cozinha e surpreendi Lúcia.

- Tia Lúcia!

- Ai meu Deus, até que enfim você lembrou minha filha, não aguentava mais. O plano era que você descobrisse sozinha, se não eu podia colocar tudo a perder. - ela disse meio ovorassada.

- Plano? Não tô entendendo nada, o que a senhora tá fazendo aqui? 

- Ele está ai?- ela sussurrou e olhou pra porta da cozinha.

- Não ele saiu quase agora- falei.

- Bom... quando você foi sequestrada por esse louco aí, Mariana me ligou pra saber se eu sabia de aluma coisa... Me mudei pra rio das ostras a pouco tempo, mas tem algumas temporadas que venho trabalhar em casa de família daqui de Búzios. Daí Filipe teve a ideia de eu me oferecer para trabalhar pro Carlos, assim eu poderia ficar de olho em você e em tudo que está acontecendo. 

- Nossa parece filme, não?- dei uma risada. - A senhora está diferente, por isso demorei pra reconhecer. Carlos não te conhece?- fiquei curiosa, porque ela já foi no morro diversas vezes visitar a Mariana.

- Sim parece...- ela disse rindo.- é eu emagreci por conta de uma doença que tive e mudei o cabelo também. E não, Carlos não nunca me viu no morro, caso contrário nem deixaria eu trabalhar aqui. 

- Mas acho que foi tudo em vão... Filipe mandou um áudio dizendo pro Carlos que não estava nem aí pra mim e que ele poderia fazer bom proveito. - disse cabisbaixa.

- Para de ser boba Maria Júlia! Foi tudo armado pra esse psicopata não achar que Filipe viria atrás de você.

- Tem certeza?

- Acha que eu estaria arriscando minha vida se não tivesse?- quando ela disse i- sso um alívio percorreu sobre meu corpo.

- Mas ainda não entendi porque ele ainda não veio me buscar.

- É um processo Maju... Ele está se preparando pra vir, pois não pode vir sozinho. Carlos também não está sozinho, ontem eu vi uns homens estranhos aqui na sala de madrugada. Fiquei apavorada.

- Meu Deus... Tô chocada com essa transformação do Cadu tia. Ele era doce, meigo, mas sempre teve um queda por mim, bem, eu achava que era uma queda, mas tô vendo que mais obcessão.

- Pois é, não to aguentando ver você desse jeito... Toda machucada, triste...- ela disse chateada. - Mas isso vai acabar meu amor... se tudo der certo, Filipe te tira das garras desse maluco hoje a noite.

- Hoje a noite?!- falei empolgada.

- O que tem hoje a noite?- Merda, era ele e ele havia escutado.- Não vão me dizer?- ele disse colocando a pistola de volta na cintura e vindo até a cestas de maçãs na mesa. 

- Hãn-é...- Lúcia tentou se manisfestar mas eu a cortei.

- Lúcia disse que vai fazer algo especial para o jantar, não é Lúcia?- cutuquei ela de leve.

- Sim! Claro, estrogonofe com bastante batata palha.

- Delícia- disfarcei.

- Ah...- ele disse e depois deu uma mordida na maçã. - Mas não vai ser necessário, não vamos jantar em casa. - disse simples. 

- Como assim? Pra onde a gente vai?- levantei.

- Paraguai, esqueceu da nossa viagem romântica? Não credito.- ele forçou um drama e depois me lançou um olhar maléfico. 

- Mas você disse que..- ele me cortou.

- Eu sei o que eu disse, agora sobe e arrumar suas coisas.- ordenou.

- Não tenho nada além de 4 peças de roupas, dá até pra levar na mão.- debochei. 

- Não se faça de esperta, se não as coisas vão ficar cada vez piores e a culpa vai ser toda sua no final. - ele pegou meu queixo e apertou com força e depois soltou. - Comprei algumas coisas pra você, sobe, olha e arruma, você atém as 23hrs pra isso. - assenti com raiva e subi pisando firme, mas que droga! 

Filipe (Mais tarde)

- MAS QUE PORRA HENRIQUE! QUE TIROS SÃO ESSE?!- GRITEI Estávamos em um beco sem saída, e o tiro estava comendo solto. 

- é polícia, é os cana.- Rogerinho passo correndo atirando.

- Mas isso é hora de Polícia entrar no morro?

- É aquele delegado, ele deve ter vindo fazer a tão operação que prometeu.

Porra não tô acreditando, os tiros começaram quando estávamos nos preparando pra ir buscar a Maju, se esse tiroteio continuar, não vai dar pra por o pé pra fora da favela de jeito nenhum. 

Maju

- Anda logo, já ajeitei tudo no carro, vamos pegar o avião em um aeroporto distante.- revirei os olhos, perdi a noção de quantas vezes esse idiota disse isso. A verdade é que eu estava fazendo hora pra ver se o Filipe chegava, só que quantas mais eu enrolava, mais eu perdia as esperanças. 

- Vamos!- ele pegou pelo braço. Como eu tinha raiva quando ele fazia isso.

Descemos até a garagem. Alguns homens mau encarados me olharam de cima a baixo, enquanto outros estava mais interessados em seus baseados. 

- Quem são esses?- perguntei

- Mus homens, vão junto com a gente, lá eu vou fundar minha própria facção.- e foi aí que eu entendi tudo.

- Agora sei o fundamento da sua obsessão por mim.- falei e ele me olhou.- Você é um invejo, quer ter o que Filipe tem, mas cai entre nós, você não tem capacidade para isso.- cuspi.

ele riu pelo nariz. - Não te perguntei nada sabia? Mas já que comentou, sim, quero conquistar uma vida igual a de Filipe, não consegui tomar o morro dele, mas tomei a mulher, e agora vou criar meu próprio império. - ele dizia aquilo com um sorriso assustador nos lábios. - e ''cai entre nós''- ele fez aspas com as mãos. - Ele não me convenceu com aquele papinho dele no áudio.- ele disse e eu me assustei. Entrei em pânico, por um momento pensei que ele tivesse descoberto sobre o plano de Filipe e tivesse feito alguma coisa, por isso a demora de Filipe pra chegar até aqui.

- Ele deve estar se derramando em lágrimas porque perdeu a princesinha dele, sempre foi um bundão.- ele riu. - Agora entra. - não sabia se ficava com raiva ou aliviada com comentário desse imbecil. Entrei no carro e ele deu partida, meu coração batia forte, e minhas mãos suavam. Logo estávamos na estrada e eu estava desesperada. Filipe, cade você?

Ah merda!!!! Não surtem







O herdeiro da FavelaWhere stories live. Discover now