37

2.7K 131 18
                                    

Maju 

- Não sei porque está enfrentando essa fila enorme. Já disse que tô sem fome. - Filipe tinha me ido me buscar no hospital. Estávamos na fila gigante do McDonald. 

- Está com fome sim! Sua raiva que não quer deixar você admitir isso. - ele disse com um tom enraçado. 

- Meu humor não tem nada haver com a minha fome.- falei emburrada. A medida que a fila ia chegando mais perto da janelinha do drive, meu estômago roncava com o cheiro das batatinhas. Ok filho, você está com fome. - Seu filho está com fome, eu não.- reformulei.

- Isso é a mesma coisa Maria Júlia...- ele riu. Eu revirei os olhos. Assim que chegou nossa vez, pedi um Sunday de morango com calda extra, o combo do Big mac, um refri grande e duas batatas médias, eu necessitava daquelas batatas. Filipe pediu só pediu um milkshake e um combo do mac chicken.

- Isso por que não estava com fome, vai é explodir.

- Cala sua boca e paga a menina.- dei lingua. 

- Quem dá lingua pede beijo- ele disse e me roubou um selinho. Dei um sorrisinho bobo, af esse garoto é um charme senhor. Ele pagou a menina e seguimos pra próxima cabine para pegar nossos pedidos. Pegamos nossos lanches e seguimos para o morro. Estava de noite, dava pra ver as luzes do morro brilhando. Por um momento esqueci todos os problemas e admirei aquelas luzes. 

- Tenho que te mostrar um lugar.- ele disse passando direto da entrada do morro e fazendo o retorno. 

- Onde você vai?

- Você vai ver.- ele disse eu dei de ombros. Continuei degustando minhas batatinhas. 

Chegamos em um lugar que eu julgava ser a parte de trás do morro. Era alto, e tinha um bondinho para turistas, ou as escadas para quem fazia trilha. 

- O que a gente tá fazendo aqui? Não tem ninguém aqui Filipe.- falei enquanto ele parava o carro. Ele parou o carro e saiu, abriu a porta de trás tirando um lençol e um computador. 

- Isso estava aqui o tempo todo?!- perguntei, já que não tinha notado a presença de nada. 

- Uhum, vem, pega os lanches.- assenti.

- Não tem mais ninguém aqui, e eu não posso subir escadas se seu objetivo era chegar lá em cima, sinto muito. 

- Tem certeza que não tem ninguém?- escutei uma voz familiar.

- Henrique???- fiquei surpresa.

- Ok, já podem me dizer o que tá acontecendo. - pedi.

Eles não me responderam. Henrique foi até os controles do bondinho ligando o mesmo com a maior facilidade do mundo. Filipe me estendeu a mão e mesmo eu estando com raiva e confusa, dei minha mão a ele. Entramos no bondinho e Filipe parecia nervoso.  Saímos do bondinho e eu encarei uma vista maravilhosa da cidade. A praia, as luzes, fiquei deslumbrada. Filipe forrou o lençol no chão. Coloquei os lanches, e ele colocou o computador, ligando o mesmo.

- Posso saber o que tá acontecendo agora?- perguntei já irritada com aquele silêncio.

- Só assiste.- ele colocou o Cd no Notebook e virou o mesmo pra mim. Assisti o vídeo até o final. Era a prova de que Filipe não havia feito nada naquele dia, que a cena que eu vi, foi pura questão de angulo. Meu olhos encheram de lágrimas e logo eu estava chorando, não se já eram os hormônios da gravidez, ou arrependimento de não ter deixado ele se explicar e ter evitado tantas coisas. 

- Não era pra você chorar...- ele pegou minha mão. 

- Desculpa... eu fiquei com tanta raiva que não te dei nem uma chance de tentar se defender.- falei em lágrimas. 

- Tudo bem... mas não era só isso que eu estava pensando em fazer... - ele tirou uma caixinha de veludo do bolso. - Maju... independente de tudo, eu amo você pra caralho, sei que sou todo ogro as vezes, falo muito palavrão, fui um merda contigo quando nos conhecemos, mas hoje eu tenho vontade de gritar pro mundo que eu sou apaixonado por você e eu nunca estive assim antes, nunca nem me imaginei desse jeito. Eu amo cada detalhe seu, seu jeito, seu cheiro, meu Deus, não tenho palavras pra descrever o mulherão que tenho. - eu só sabia chorar, mas dessa vez de emoção. - Quero você pra sempre na minha vida, quero te ajudar a criar nosso filhote, quero ver ele crescer, comemorar os aniversários dele, mas tudo isso com você ao meu lado, porque sem você não sou ninguém. Sou apenas um dono de morro qualquer, mas contigo, eu sei lá, me sinto eu mesmo, me sinto mais forte. Muito obrigado por me conceder essa benção que você está carregando, eu sou o homem mais feliz desse mundo.- ele respirou fundo.- Maria Julia dos Santos Pereira, quer casar comigo?- Ele abriu a caixinha que continha duas alianças lindíssimas de ouro. 

- MIL VEZES SIM!!!!- Pulei em seu colo e o beijei. Um beijo calmo, lento e com muita saudade.

Passamos a noite abraçados admirando a vista de devorando nossa lanches e sorvetes que estavam pra lá de derretidos. 

Fim


O herdeiro da FavelaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang