18 · solution

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26 de maio de 2014
los angeles

juliet pov.

Já havia se passado dois dias desde o calamitoso dia vinte e quatro. Naquela noite, além de ter feito uma boa ação que nem mesmo foi recordada pelo pobre bêbado, Brad havia me ligado pouco depois que cheguei em casa. Ouvir sua voz me causou repúdio, mas ao mesmo tempo me vi aliviada por ele estar vivo.

Desde pequena eu me vejo carregando um peso maior do que deveria aguentar. Meu pai, Brad, sempre fez questão de enfatizar como minha existência era repugnante aos seus olhos e que, se ele pudesse, teria impedido meu nascimento.

Seu envolvimento com as drogas foi fatídico, ele não precisou de mais desculpas para me bater depois que passou a usar, apenas fazia quando dava vontade para tal. Porém, de um ano pra cá ele raramente estava em casa, o que era um alívio pra mim no final das contas, mas também um caso curioso visto que ele só trabalhava meio período em uma loja de ferragens no centro. E hoje eu descobri o motivo do seu sumiço repentino.

Quinhentos mil dolores.

Ele estava devendo para diversos traficantes e fugindo constantemente para sair do radar deles, mas seu tempo acabará em um mês. Ele tem um mês para pagar as dívidas, ou irão mata-lo.

Eu sei, eu deveria simplesmente deixar. Afinal ele me fez mal a vida inteira e continuará fazendo se continuar vivo. Mas eu não consigo.

Meu cérebro trabalhava sem pausa em busca de uma solução, e meu subconsciente me martirizava arduamente por ter aceitado ajudá-lo. Como eu arrumaria esse dinheiro? Minhas economias não dão nem vinte mil.

— Eu não vejo solução, Lexie. - Suspirei, derrotada. Minhas costas se encontraram com o couro macio do sofá e eu me permiti fechar os olhos rapidamente. — Estou no escuro, como sempre.

— Me dói dizer isso, mas sua única opção é falar com Sophia. - Sua voz tênue me atingiu em cheio com aquela fala. Minha pele ardia só de pensar nas opções que Sophia me daria para pagar tamanha dívida. — Quando Lara nasceu, eu fiquei sem chão. Eu não terminei o ensino médio, porque como você sabe eu fui expulsa de casa. E muito menos fiz uma faculdade. Então meu currículo em branco não enchia os olhos de nenhum contratante. - Suspirou, fazendo uma pausa em seu raciocínio. — Mark me ajudou. Ele me deu um milhão de dólares para eu conseguir sair do buraco que eu estava. Mas com isso eu precisaria ficar na boate por pelo menos dois anos, e fazer de tudo, não só dançar. Eu aceitei, Juliet. E não me arrependo. Minha filha está viva e saudável, coisa que eu não poderia garantir que fosse real com base no que eu vivi anteriormente.

— Eu sinto muito por tudo isso, Lexie. Fico feliz que toda sua luta valeu apena. Lara é uma criança incrível. Você é uma mãe maravilhosa. - Murmurei, vendo que seu rosto já relaxava após terminar suas palavras. — Eu vou tentar falar com a Sophia.

(...)

O relógio em meu pulso já marcava sete e meia. Após descer no ponto, caminhei em passos rápidos até a Fire. Queria conversar com Sophia antes do meu turno da noite começasse.

Envolvi meu corpo com meus braços, na tentativa falha de me esquentar enquanto caminhava pela rua pouco iluminada. Uma movimentação estranha na porta da boate me chamou atenção, aumentei meus passos e logo consegui passar pelas pessoas acumuladas na porta. Especificamente mulheres.

Do lado de dentro estava tudo normal, algumas meninas limpavam o salão e os postes, outras ensaiavam em cima do palco principal.

Suspirei, sentindo meu corpo ficar mais pesado com o passar dos passos que eu dava em direção ao escritório de Sophia. Dei leves batidas na porta, rapidamente recebendo a permissão para adentrar em sua sala.

Behind FameOnde histórias criam vida. Descubra agora