Capítulo oito

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POV.ANY

Any estava completamente mortificada. Não sabia dizer se o que mais a aborrecia era a lembrança do seu próprio comportamento ou o olhar vitorioso que ele exibia de conquistador irresistível.

— Eu não me sinto confortável em chamá-lo pelo primeiro nome — Any respondeu e logo percebeu como aquela resposta deveria soar ridícula depois de tudo o que acabara de acontecer entre eles.

— Então, acho que eu devo providenciar para que se sinta mais confortável. — Ele puxou o lençol e cobriu o corpo dela, posicionando a palma da mão aberta sobre o abdômen feminino. Depois, ergueu as sobrancelhas num gesto divertido para que ela participasse da brincadeira.

Any sentiu o calor da mão dele e sentiu-se tão ridícula que gostaria que um buraco negro surgisse de repente e a tragasse.

Ela nunca havia seduzido alguém daquela maneira. E, apesar de ter sentido o maior e mais intenso orgasmo de sua vida com Joshua, isso tornava as coisas ainda piores. Ela sabia que havia se deixado levar por uma incontrolável libido e usara o homem para a satisfação de um instinto momentâneo. E, agindo daquela maneira, Any quebrara o juramento que fizera a si mesma de nunca se parecer com a mãe, que sempre vivia em busca de alguém que lhe proporcionasse um bom orgasmo.

Notando que Any divagava em pensamentos, Joshua a interrompeu:

— Qual é o problema? Por que não me conta e tentaremos, juntos, solucioná-lo?

Any dirigiu o olhar para ele e surpreendeu-se com a ternura que presenciou nos expressivos olhos azuis.
Contudo, o sorriso confiante e bem-humorado que ele exibia contrariava o que o olhar demonstrava.
Era uma pena que ele achasse tão divertida a súbita crise de identidade que ela acabava de experimentar. Ela sentou-se num ímpeto. Permitir que um total estranho testemunhasse sua temporária fraqueza de nada adiantaria.

— Não há nenhum problema. Estou perfeitamente bem — ela respondeu, ergueu o lençol até cobrir o busto e pediu:

— Será que poderia apanhar minhas roupas?

— Por que a pressa? — ele murmurou com a voz rouca mas firme. — O que quer que a tenha aborrecido, podemos tentar consertar.

— Senhor Bea... — ela deu uma pausa quando ele ergueu uma das sobrancelhas. — Joshua... Nós fizemos sexo e foi muito bom. Só não acho que exista alguma coisa mais para dizer. — Ele arqueou as sobrancelhas com espanto, mas ela prosseguiu: — Nós não temos nada em comum — afirmou, enquanto deslizava o corpo para fora da cama. — E o que aconteceu entre nós foi apenas um momento de relaxamento depois de uma noite difícil.

E, se ele pensava que iriam repetir a experiência por conta do prazer que sentiram, poderia esquecer. Ela já havia tido o suficiente para ficar em paz por muito tempo.

E, enquanto pensava nisso, recolhia as roupas do carpete e começava a vesti-las. E, então, concluiu o que tentava explicar para Joshua:

— Por isso devemos encerrar por aqui o nosso relacionamento casual e deixar como está.

— Está falando sério? — ele questionou, incrédulo.

— Pode crer — afirmou ela com um sorriso forçado.

POV.JOSHUA

Joshua acomodou as costas nos travesseiros e permaneceu com o olhar intrigado na direção dela. Era a primeira vez que via uma mulher sair correndo da presença dele após uma experiência amorosa. Ela deveria ter problemas que ele desconhecia e que, talvez, devesse aprender a lidar.

— Por favor, não se incomode em me acompanhar. Eu já sei o caminho.
E, antes que ele pudesse protestar, Any já havia desaparecido pela porta do quarto.
Que diabos teria acontecido?, Joshua pensou com frustração. Tinha certeza de que a havia incendiado e, no entanto, Any  saíra correndo como uma fugitiva.

E verdade que não seria a primeira vez que alguém o desprezava. Ele ainda se lembrava de quando Cherry 0'Halloran o esbofeteara no rosto na época em que contava com 13 anos e o humilhara na frente dos colegas. E tudo isso acontecera pelo motivo de ele tê-la beijado e se esquecido de ligar para ela no dia seguinte. E, mesmo assim, ela primeiro demonstrara o quanto ficara magoada com a atitude dele.

Joshua nunca conhecera uma mulher que não falasse sobre o quanto estava atraída por ele antes de aceitar o rompimento do relacionamento. Ele nem mesmo conseguia se lembrar de Raquel e suas inúmeras tentativas de agarrá-lo, sem se sentir contrariado.

E por que deveria estar se importando tanto por Any recusar sua oferta de compartilhar os problemas que, por acaso, estivesse enfrentando? Não que ele realmente desejasse se intrometer na vida dela. Apenas tencionava acalmá-la e convencê-la a ficar por mais algum tempo.

Ele fitou o teto e considerou por um momento a hipótese de tomar um bom banho e afastar da mente as possíveis razões pelas quais ela havia decidido ir embora. Afinal, ela nem mesmo era o seu tipo preferido de mulher, e o relacionamento entre eles não seria para durar por muito tempo.

O único problema era que Joshua ainda não se sentia plenamente satisfeito com apenas uma rápida demonstração do que ambos poderiam desfrutar na cama.

Embora o relacionamento não tivesse futuro, ele ainda não desejava que terminasse. Até já havia feito planos de como iriam despender o dia. O fato de que não pretendiam passar o resto de suas vidas juntos não significava que não poderiam explorar um pouco mais da atração física que sentiam um pelo outro.

Joshua afastou os lençóis para um lado do colchão e, recuperando a autoconfiança, decidiu que, depois do banho, iria até a casa dela e a convidaria para almoçar com ele. E, o que quer que ela tenha planejado para os próximos dias, ele tinha certeza de que a convenceria a desistir. Apesar do que ela lhe dissera, Joshua percebia o quanto ela estava atraída por ele.

Charme Fatal  *beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora