Capítulo dezesseis

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POV.JOSHUA

Joshua tombou exausto e satisfeito. Contudo, a respiração tardava para se normalizar e ele não entendia a razão de tanta ansiedade.

Seus casos amorosos sempre foram divertidos e passageiros. O sexo para ele representava apenas um momento fugaz e passageiro que era logo esquecido.

Nunca fora tão intenso quanto o que acabava de acontecer. E também não sabia por qual motivo agira como um troglodita forçando-a a implorar para que ele fizesse amor com ela. Ele já sabia que ela o desejava. O desejo estava estampado nos olhos dela. Seria apenas uma questão de tocá-la e o inevitável aconteceria. Porém, um inesperado sentimento de rejeição que carregava desde a infância o impeliu a forçá-la a admitir a verdade.

Joshua espiou Any com o canto dos olhos e só então notou que ela permanecia de costas para ele e com as pernas recolhidas. Será que estaria chorando?, ele pensou assustado e, girando o corpo para o lado em que ela se encontrava, fincou um cotovelo no colchão e apoiou a cabeça na palma da mão. Estendeu um braço e cutucou-lhe um ponto das costas.

— Você está bem, Any?

— Sim — ela respondeu com a voz enfraquecida.

Ele observou por um momento a frágil constituição do corpo feminino e arrependeu-se de ter agido com tanta rudeza. Será que a teria machucado?

— Tem certeza? — ele insistiu.

Ela não respondeu. Apenas sentou-se na cama e vestiu a camiseta larga de algodão que havia deixado numa cadeira próxima da cabeceira.

Joshua observou os movimentos tensos dela e sentiu uma vontade imensa de abraçá-la, confortá-la e redimir-se pela maneira rude como havia agido.

Mas desde quando se preocupava tanto com a imagem que uma mulher estivesse fazendo a seu respeito? Joshua nem mesmo se reconhecia. A começar pelo fato de, na semana anterior, não ter conseguido passar um dia sequer sem pensar em Any. Havia resolvido intimá-la a viajar para Nova York como parte de um jogo. Era uma maneira de puni-la por julgá-lo sem conhecê-lo e, ao mesmo tempo, aproveitar um sexo prazeroso em retorno. Contudo se tratasse apenas de um jogo, por que razão ele lhe compraria uma jóia que lhe custara uma fortuna?

Joshua  costumava presentear as mulheres com quem saía de uma maneira generosa, mas não a esse ponto. E por que despendera tanto tempo para conseguir os arranjos a fim de que a viagem dela ocorresse sem problemas? E também, por que razão cancelara as derradeiras reuniões para poder chegar mais cedo no hotel, assim que ficou sabendo que ela já estava acomodada na suíte?

A forma como estava agindo ultimamente o fazia sentir-se vulnerável, da mesma maneira que acontecia quando era um adolescente. Entretanto, ele não conseguia impedir-se de prosseguir na mesma linha de conduta. E, para piorar, quando a vira nua na banheira, sentira uma euforia tão grande como há muito tempo não acontecia. Seria por isso que ele perdera a cabeça quando ela o rejeitara? Será que insistira em provar que era uma mentira, porque o desejo dele era tão intenso que já começava a assustá-lo?

— Será que pode olhar para mim, Any? Quero ver se está mesmo bem.

Ela o espiou sobre um dos ombros.
— Por que eu não estaria bem? — respondeu com o castanho do olhar faiscando. — Você me deu o que eu pedi, não foi? Deve estar feliz por ter-me feito implorar por isso.

Um pânico incontrolável o sacudiu no momento em que ele a viu ameaçar abandonar a cama, e ele a segurou pelo pulso.

— Espere!

O que quer que tivesse acontecido deveria ser resolvido naquele momento. Joshua não estava disposto a abrir mão da presença dela. Não ainda. De alguma maneira, Any havia lhe despertado um sentimento desconhecido e ele precisava descobrir o que era.

— Solte o meu braço! Eu não vou ficar aqui! Terá que achar outra noiva falsa para terminar os seus negócios. Eu não preciso me submeter a essa humilhação para fazer sexo.

Ele moveu o corpo e sentou-se ao lado dela na beirada da cama e a abraçou, embora ela tentasse resistir.

— Sinto muito, Any.

As palavras queimaram-lhe a garganta como fogo. Joshua nunca havia pedido desculpas para uma mulher. Nunca precisara disso. Contudo, concluiu que tinha valido a pena, porque ela parou de lutar com ele e o encarou com menor fúria.

— Por que razão está se desculpando? Por ter-me proporcionado múltiplos orgasmos?

Joshua percebia claramente que ela estava magoada. E ninguém melhor do que ele para entender de "orgulho ferido" e saber o quanto era doloroso.

— Eu não pretendia que a minha atitude se parecesse com uma punição.

— Então, por que me fez implorar? O que pretendia provar?

Ele deu de ombros.
— Acho que queria que ficasse e essa seria uma boa maneira de convencê-la.

A resposta dele era apenas parte da verdade. Joshua nunca havia se atraído tanto por uma mulher. Porém, acreditava que seria apenas uma questão de tempo para que tudo terminasse. Um romance longo não fazia parte de suas aspirações amorosas.

— Mas por que precisava me forçar a implorar para que fizesse amor comigo?
— Ela perguntou com uma entonação mais de surpresa do que de zanga.

— Realmente não sei lhe dizer.

Ela o olhou com desconfiança. Depois, suspirou e aliviou a tensão dos ombros.

— Eu sei que gastou muito tempo e dinheiro para que eu viesse até aqui. E eu concordei porque estava ansiosa para conhecer Nova York. Mas não imaginava que ficaria em um lugar tão luxuoso e vista por todos como se fosse sua amante. Considero essa situação muito embaraçosa. Por isso, se ainda quiser que eu simule ser sua noiva, terá que a me hospedar em um outro hotel que seja mais distante e barato. Eu o ajudarei e você ainda economizará seu dinheiro. Tudo bem?

Joshua sentiu o coração se apertar no peito ao observar a seriedade com que ela falava. Ele sabia que Any era do tipo "Boa Samaritana", mas o que estava dizendo era uma tolice. Ele estava pouco se importando com o dinheiro que estava sendo gasto e ela sabia que ele era um homem rico. Então, por que se importar com isso? Ele já deveria ter suposto que ela não era do tipo interesseiro. Muito pelo contrário. E, se estava ali apenas para ajudá-lo no acordo com Melrose, Joshua poderia garantir que até já havia se esquecido da questão. Mas de que maneira ele poderia dizer a ela o quanto a desejava sem criar falsas ilusões de um futuro compromisso? Uma ideia lhe surgiu de repente:

— Você vai permanecer aqui comigo, Any. Você não veio para cá porque queria conhecer Nova York ou o The Waldorf. Está aqui porque me deseja e eu também a desejo. O que acabou de acontecer entre nós prova o que estou dizendo.

— Mas eu já lhe disse que não quero parecer sua amante!

— Eu tenho uma solução para isso. Confie em mim. Vá arrumar, que temos uma porção de coisas para fazer antes do jantar.

E tencionando proporcionar-lhe um pouco de privacidade, Joshua insistiu que ela usasse o quarto de vestir e combinou de se encontrarem no saguão do hotel em vinte minutos.

Charme Fatal  *beauanyWhere stories live. Discover now