Capítulo quatorze

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POV.ANY

Depois de analisar as palavras da senhora Valdermeyer, Any chegou à conclusão de que seria melhor aproveitar a oportunidade do que passar o resto da vida se lamentando pelo que havia perdido.
Contudo, estava determinada a fazer as coisas da sua própria maneira. Não usaria o cartão de crédito que Joshua lhe enviara. Afinal, tinha seu próprio trabalho e criatividade suficiente para confeccionar os vestidos que usaria. E ele teria que aceitar o estilo dela, e não o que ele lhe impusesse.

Contratou Jacie para ajudar Joalin no estande e acelerou os trabalhos voluntários no centro comunitário.

Aproveitou cada minuto de folga para arranjar as roupas e acessórios que usaria na viagem que poderia ser o sonho de sua vida, ou, talvez, a maior decepção.

Mas, o que quer que acontecesse em Nova York não mudaria o que realmente importava em sua vida. Suas esperanças para o futuro não dependiam de duas semanas de férias para conhecer um lugar diferente. E, se tivesse que dormir com ele, seria apenas pelo seu próprio prazer. Desde que mantivesse seus hormônios sob seu estrito controle e não confundisse sexo com amor verdadeiro, tudo daria certo.

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Apesar de estar decidida e ouvir as palavras encorajadoras da senhora Valdermeyer, no domingo pela manhã Any ainda sentiu os nervos aflorarem na pele quando a Mercedes preta estacionou na frente da casa dela.

Enquanto o motorista acomodava a bagagem dela no porta-malas, Any aproveitou para abraçar Joalin e a senhora Valdermeyer.

E, mesmo quando o carro já estava distante, ela ainda permanecia com um das mãos acenando para as duas mulheres que representavam a sua única família.

Depois, afundou-se no estofamento macio do luxuoso veiculo e os pensamentos divagaram. Será que estaria fazendo a coisa certa ao se aventurar num lugar estranho e se colocar à mercê de um homem sobre o qual nada sabia, a não ser a surpreendente libido?

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No instante em que desceu da limusine azul no Park Avenue e observou a fachada majestosa do The Waldorf Astoria, concluiu que a riqueza às vezes tinha suas vantagens. Apesar de ela ser completamente feliz em precisar trabalhar duro para conseguir as coisas que precisava. Tudo na vida se resumia a ideais que nem sempre dependiam de dinheiro, ela pensou. Contudo, não deixara de apreciar a viagem confortável que fizera num voo de primeira classe e a refeição sofisticada acompanhada de um vinho de primeira linha.

— Madame? — A voz de um mensageiro uniformizado do hotel interrompeu-lhe os pensamentos e ele lhe entregou um bilhete azul. — Precisa entregar isto para a recepcionista que fizer seu registro a fim de que a bagagem siga para a suíte determinada.

— Obrigada — ela agradeceu e retirou uma nota de dez dólares da bolsa e ofereceu ao funcionário.

— Não é preciso, madame. O senhor Beauchamp já se encarregou das gorjetas dos mensageiros que atenderiam sua convidada.

— Ah! — Any murmurou com embaraço e tornou a guardar a cédula na carteira.

Precisava se acostumar com a ideia de representar o papel de convidada especial de um executivo influente. Contudo, o comentário do mensageiro a fez sentir-se como se fosse uma prostituta contratada como acompanhante de um milionário.

Deixando de lado a insegurança, Any subiu os degraus acarpetados da entrada do hotel, enquanto tentava justificar mentalmente sua presença naquele lugar.

Beauchamp precisava dela para um arranjo de negócios; portanto, estava lhe prestando um favor e não tinha do que se envergonhar.

Quando adentrou no amplo saguão com o piso revestido em mármore e reparou no gigantesco candelabro de cristal posto no centro do teto abobadado, o fôlego quase lhe faltou. Num canto do ambiente, próximo ao bar que servia coquetéis, havia um grande piano, no qual um homem tocava uma música de Cole Porter.

Tudo era tão bonito e sofisticado que, de repente, Porto-bello Road e a Bedsit CoOp onde morava lhe pareciam ser lugares pertencentes a um outro mundo.

Sentindo-se literalmente como um peixe fora d'água, Any aproximou-se do balcão de recepção e foi atendida por uma jovem perfeitamente maquiada e com um sorriso ensaiado:

— Pois não, senhora?

— Sou Any Gabrielly , e o senhor Joshua Beauchamp já deve ter feito uma reserva em meu nome.

No instante em que as palavras saíram de sua boca, Any lembrou-se de que a questão de dormirem em quartos separados não fora discutida com Joshua. Contudo, ela imaginava que ele tivesse tido a decência de manter a privacidade dela, uma vez que estava ali para ajudá-lo em uma questão de negócios, e não como sua amante.

A recepcionista conferiu as reservas no computador e declarou:

— O seu nome está agendado na The Towers Suíte, junto com o senhor Beauchamp.

Any enrubesceu.

— Tem certeza?

— Absoluta. Ele solicitou a reserva pessoalmente — a moça confirmou analisando os dados na tela do computador. — A The Towers Suíte fica no vigésimo andar. — E, depois de lhe entregar um cartão-chave para abrir a porta de entrada da suíte, apontou um dedo na direção do hall onde ficavam os elevadores e prosseguiu: — Existe um elevador exclusivo para uso da suíte. O senhor Beauchamp também pediu que a avisasse de que ele estaria de volta de uma reunião de negócios por volta das seis da tarde e a tempo de acompanhá-la no jantar. — E, com mais um sorriso educado, acrescentou: — Preciso que me entregue o bilhete azul para poder liberar sua bagagem.

Any entregou a nota que o mensageiro havia lhe dado e por um instante, considerou a hipótese de pedir para a moça que lhe arranjasse outra suíte. Mas, como faria isso com os míseros cem dólares que trazia na bolsa? Primeiro, ela precisaria ter uma conversa muito séria com Beauchamp e, então, insistir que ele providenciasse uma outra acomodação para ela.

— Obrigada pela ajuda. — Any agradeceu e rumou na direção do elevador, sentindo as pernas estremecidas e orando para que ninguém notasse.

Depois de inspecionar a The Towers Suíte, Any arregalou os olhos diante de tanta opulência. Nunca vira nada igual em sua vida simples e modesta. As dependências eram tão amplas que ocupavam praticamente o andar inteiro. Os móveis e a decoração primorosamente planejados. Na sala de estar, além dos sofás glamorosos, havia um piano e uma TV de plasma com uma tela que lembrava a de um cinema e uma varanda imensa com mesa e cadeiras de ferro esculpido e uma vista espetacular da cidade. 

A única surpresa era a de que havia apenas um quarto de dormir. No centro do aposento, uma cama de tamanho descomunal adornada com uma colcha de cetim na cor dourada e um número tão grande de almofadas que fariam inveja a qualquer harém.

No banheiro, uma banheira circular e grande o suficiente para abrigar um time de rúgbi se precisasse.

Any sentiu dificuldade de respirar ao ver tanto luxo em um só lugar.

Estava evidente que Beauchamp esperava que dormissem juntos E por que não ficar animada? Afinal, o homem tinha mais dinheiro do que a própria arrogância e sexualidade juntas.

Mas era justamente nesse ponto que ele se enganava. Any não dava a mínima para toda aquela extravagância absurda.
Apesar da contrariedade, já que ainda tinha algumas horas antes que ele chegasse, decidiu tomar um banho para relaxar.

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Charme Fatal  *beauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora