Charme Fatal *beauany

Capítulo vinte

                          { maratona 6/6 }

POV.ANY

No instante em que Any avistou o Belvedere Castle, do outro lado do gramado, um sorriso amargo curvou-lhe os lábios. A fantástica visão da torre e os muros de proteção da fortaleza que pareciam ter saído de um livro de contos dos irmãos Grimm e se instalado no Central Park era de tirar o fôlego. Tratava-se do seu último dia em Nova York.Teriam que prestigiar a festa patrocinada pelo governador naquela noite e, na manhã do dia seguinte, estariam no voo de retorno a Londres. Contudo, ela ainda se sentia perdida em dúvidas e ansiedades. O que Sabina lhe contara a respeito de Joshua abrira uma porta em sua imaginação que Any agora não conseguia controlar. E, apesar de ele se declarar um expert em viver apenas o momento, ela sabia que ele estava apenas mascarando algum trauma mais profundo.

E, sempre que ela tentava abordar algum assunto mais sério, Joshua logo tratava de distraí-la com passeios e jantares em seus restaurantes favoritos. Até mesmo na cama ele se tornou um perito em fazê-la esquecer-se de qualquer coisa que não fosse o ardor entre eles.
Contudo, naquele momento de relaxamento, no improvisado piquenique que desfrutavam no gramado do Central Park, Any começou a se perguntar como seriam suas vidas depois que retornassem a Londres e estivessem de volta à vida real.

Por mais que não quisesse admitir, Any sabia que demoraria muito para esquecer os dias gloriosos que passara em Nova York. Principalmente da intimidade que compartilhara com Joshua.

É claro que ele estaria morando na casa ao lado da dela; porém, distante do calor dos seus braços. E ela precisava se preparar psicologicamente para enfrentar a situação da melhor maneira possível. E permitir que a ilusão superasse a razão seria um suicídio. Mesmo porque ela sabia, desde o início, que aquelas duas semanas em Nova York representavam apenas um acordo, e não um compromisso.

O sol aquecia o chapéu que ela comprara para proteger o rosto enquanto observava Joshua deitado sobre o gramado com as mãos cruzadas atrás da nuca e os olhos protegidos por um par de óculos escuros de marca famosa. A bainha da camiseta erguida revelava uma parte do abdome plano e rijo limitado pela cintura baixa do jeans. A visão fez com que sua mente viajasse até a primeira vez que o vira nu e precisara fazer um esforço monumental para impedir-se de tocá-lo. E, mesmo agora, que conhecia cada centímetro daquele corpo magnífico, ainda sentia a mesma e irresistível atração.

Any suspirou e livrou-se das sandálias para poder tocar na grama com os pés.

Podia notar que Joshua não estava adormecido.

No que ele estaria pensando?, ela se perguntou em pensamento. Por um momento lhe ocorreu que, apesar de despenderem duas semanas juntos, Any não conhecia nada a respeito dele, fora o fato de que Joshua não desejava se comprometer com nenhuma garota e era dono de uma próspera construtora.

Também notara que ele era um homem generoso com os menos afortunados, a julgar pelas inúmeras vezes que o vira dar esmolas aos mendigos que encontravam no caminho.

No mais, ele significava um completo mistério para ela. As conversas que mantinham giravam em torno de assuntos amenos e triviais. Joshua jamais falava sobre seu passado e nem perguntava sobre o dela. E Any considerava isso perfeito para o bem de ambos.

Entretanto, agora que restavam menos de 24h para permanecerem juntos, ela já não estava tão segura disso. Tinha que admitir sua imensa curiosidade em descobrir mais a respeito dele.

Ela ouviu um grito e desviou a atenção para um homem que jogava uma bola na direção de seus dois filhos, não muito distante de onde ela se encontrava com Joshua.

Any achou graça ao ver o garoto mais velho afastar o mais novo do caminho para apanhar a bola e o pai o repreender com censura e carinho ao mesmo tempo.
A cena a comoveu e, sem querer, ela tentou imaginar que tipo de pai seria Joshua se a última namorada dele estivesse realmente grávida.