Capítulo vinte e seis

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POV.ANY

Any precisou reprimir as lágrimas no instante em que abriu a mala e se deparou com o suvenir que havia guardado tão cuidadosamente no topo das roupas.

A foto tirada no alto do Empire State por um fotógrafo profissional, e que exibia a imagem dela nos braços de Joshua, a comoveu. Assim como os bilhetes de entrada para teatros, museus e casas noturnas famosas. Ela se perguntou se algum dia teria a chance de visitar tudo aquilo outra vez.

Após tomar um banho ligeiro para relaxar o corpo, escolheu um jeans e uma camiseta casual para vestir. Em seguida, rumou para o estande que mantinha na feira de artesanatos.

Cercada pelo afluxo de turistas que costumavam comparecer aos domingos em Portobello Market, ela tinha certeza de que conseguiria ignorar o sentimento de angústia e o cansaço das últimas horas.

Ela havia agido de maneira tola e ingênua, mas tinha certeza de que superaria a desilusão como todas as outras decepções que sofrera na vida.

Apesar de sentir o amor próprio ferido, como se tivesse sido esmagado por uma pedra gigante, ela haveria de resgatá-lo.

Quando pensava no passado e se lembrava, dos obstáculos que tivera de transpor, sabia que as lições já lhe haviam proporcionado valiosas experiências. Pelo menos em como fazer para se sair das situações em que comprometia o coração. Afinal, ainda mantinha intacto o seu sonho de formar uma família e, um dia, encontraria o homem certo para ela.

Joshua jamais seria esse homem. Ela permitira que a magia e o glamour daquelas duas semanas em Nova York a cegassem e a impedissem de enxergar a verdade.

O que precisava fazer agora seria apenas deixar que o tempo passasse e se encarregasse de apagar as feridas, até que a lembrança dele não passasse de uma companhia excitante dentro de uma aventura romântica, e nada mais.

Contudo, ela sabia que uma pequena parte de seu coração sempre estaria ligada a ele, recordando-se de que as coisas poderiam ter sido diferentes se Joshua tivesse aceitado o amor que ela lhe oferecera. Mas não foi o que ele quis fazer e ela havia sido tola demais para acreditar que pudesse mudar os preconceitos dele em relação a constituir uma família.

Não era aquele o principal erro da mãe dela? Acreditar no milagre do amor verdadeiro?

Enquanto se aproximava do estande, ela observou o estoque de vestidos de algodão em cores vibrantes que ela mesma estilizara e sorriu satisfeita.

Aquele era o seu mundo real e ela o amava. Essa era a grande diferença entre ela e sua mãe. Any havia experimentado o mesmo sentimento enganoso que levara sua mãe a buscar amor em lugares errados e, por duas gloriosas semanas, se deixara levar por aquela ilusão. Agora, porém, que ela conseguira acordar para a realidade, sabia que o mais importava em sua vida continuava sendo o fato de um dia encontrar um companheiro fiel, estável e em quem pudesse confiar.

— Hei! Será que tem um vestido bem bonito que combine comigo? — Any gracejou assim que se acercou do balcão do estande.

Joalin ergueu os olhos para a amiga e gritou entusiasmada:

— Any! Você já está de volta! — Contornou o balcão para poder dar um abraço apertado em Any e perguntou: — Como é que foi a viagem? — Contudo, logo Joalin arrefeceu o entusiasmo ao perceber que Any não parecia nada feliz.

— O que houve? Aconteceu algo de errado?

Ao notar a preocupação sincera que a amiga exibia, Any sentiu o coração se apertar e desabou em prantos. Joalin a abraçou novamente e, com tapinhas consoladores em seus ombros, prosseguiu murmurando palavras de encorajamento. Até que Any conseguiu conter os soluços e recuou um passo.

Enxugou as últimas lágrimas com as palmas das mãos e desculpou-se:

— Sinto muito, Joalin...

Sina, que a estava espiando sobre um ombro de Joalin, arregalou os olhos e comentou alarmada:

— Nossa! O que aconteceu? Eu nunca vi você chorar dessa maneira!

Joalin ostentou uma critica severa no olhar.

— E por causa daquele homem, não é?
Any admitiu com um gesto de cabeça.

— Eu me apaixonei por ele, Joalin. Sou mesmo uma idiota não sou? — murmurou, afastando uma última lágrima que se desprendeu de uma das pálpebras.

— Oh, Any... — Joalin lamentou e tornou a abraçar Any. Depois, afastou-a para poder olhar nos olhos dela: — Contou isso para ele?

— Sim. Mas não fez diferença. Ele não me ama da mesma maneira como eu.
Portanto, esse é o final da história.

E, liberando-se de Joalin o, ela entrou no espaço interior do estande para abraçar Sina.

— Tem certeza de que acabou mesmo? — A sempre otimista Sina quis saber.

— Absoluta — respondeu Any.

Naquele instante, a voz de um cliente ansioso para comprar um cachecol interrompeu a conversa entre elas e Sina se apressou em atendê-lo.

Joalin arrastou Any para um canto mais sossegado do espaço e desabafou:

— Ele não vale as suas lágrimas. Eu sabia que se tratava de um sedutor barato assim que o vi!

Any não concordava com o conceito da amiga. Joshua poderia não ser o homem ideal para ela, mas era uma boa pessoa.

— Tudo bem, Joalin. Não se preocupe. Eu vou superar isso. — E, com um suspiro, completou: — Nós apenas não nascemos um para o outro. Desde o início, eu fui uma tola em achar que poderia ser diferente. E, a propósito, ele está vendendo a casa e pretende se mudar para longe. Pelo menos eu não terei que vê-lo constantemente e lembrar da minha estupidez.

Por que, então, Any não se sentia feliz com a ideia de saber que Joshua logo estaria longe dali? Muito pelo contrário. Só de pensar nisso, ela começava a sentir náuseas.

— Rápido, Joalin! Pegue uma sacola de plástico, estou me sentindo enjoada!

Joalin retirou do estoque uma sacola de plástico reciclado e a colocou em uma das mãos de Any, que aliviou o estômago com uma golfada rápida.

— Está melhor? — Joalin perguntou preocupada e, recolhendo a sacola das mãos de Any, afirmou: — Deixa que eu me encarrego disso.

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O que acham que Any tem?

Felizmente e infelizmente vim dar a notícia de que a Fic está acabando🙂😔

Charme Fatal  *beauanyWhere stories live. Discover now