Charme Fatal *beauany

Capítulo dezenove

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POV. JOSHUA

Pepe González sorveu o último gole de cerveja do copo e depois provocou Joshua:

— Fale logo, amigo! O que existe de verdade entre você e aquela bela garota de cabelos castanhos? E não vá querer me enganar com essa história de noivado.
Você pode querer enganar Sabina, mas a mim não engana.

— Está bem. — Joshua ergueu as mãos para o alto em sinal de rendição. — Ela não é minha noiva. Trata-se da minha nova vizinha em Londres. É esperta e muito bonita. E essas são razões suficientes para eu mantê-la enquanto estiver por aqui. Mas não há nenhum compromisso envolvido.

— Hmm... — Pepe murmurou enquanto assistia a Joshua pedir mais uma cerveja para o barman. — Mas isso não explica o fato de você tê-la apresentado como sua noiva para Sabina e eu. Ou ter-lhe comprado um anel tão caro.

Joshua deu um gole na cerveja gelada antes de responder.

— Não é tão fácil explicar. E também não existe nada de tão interessante.

— Isso eu duvido! — exclamou o amigo com um sorriso malicioso.

Joshua e Pepe eram bons amigos e ambos apreciavam saborear uma cerveja gelada durante horas. Às vezes, ficavam um tanto embriagados e compartilhavam mais segredos do que deveriam. Em uma dessas ocasiões, Joshua havia confidenciado para o amigo que jamais se apaixonaria por uma mulher. Pepe lhe respondera que ele estava dizendo tolices e que ninguém determina essas coisas.

Elas simplesmente acontecem. Contudo, Joshua persistia em manter a opinião. Talvez, para Pepe, as coisas tivessem funcionado dessa maneira quando se apaixonara por Sabina. Porém, o que ele não sabia era que, para Joshua, isso jamais aconteceria, porque a ideia de se casar e iniciar uma família era a própria imagem do inferno para ele. Nenhuma mulher no mundo seria capaz de mudar essa opinião.

Quando Taylor lhe disse que estava grávida, ele sentiu o mundo inteiro ruir aos seus pés. Sabia que Pepe e Sabina imaginavam que a reação dele seria devido ao fato de que Taylor não seria a mulher certa para ele. Porém, Joshua sabia que o motivo ia muito além disso.

Ele propôs casamento a Taylor por causa do bebê. Não suportaria que um filho seu pudesse viver com o desgosto de ter sido rejeitado pelo pai. E, após o alívio de saber que Taylor não estava grávida e ter rompido o namoro com ela, Joshua permanecia com a mesma convicção de sempre. Não precisava de uma esposa e não se interessava em ter filhos. Essa era sua escolha de vida. Entretanto, podia observar no olhar curioso do amigo que ele estava imaginando que o caso com Any representava algo mais sério do que um romance casual.

É verdade que Joshua tinha adorado a companhia dela durante toda a semana.

Ele a levara para conhecer lugares famosos e interessantes, e a reação entusiasmada de  Any o divertira. Na cama, então, ele poderia afirmar, sem sombra de dúvida, que ela superara todas as possíveis expectativas.

Contudo, dali a uma semana eles tomariam caminhos separados e tudo estaria terminado. E era assim que deveria ser.

— Está bem, Pepe. Eu admito que deveria ter sido mais honesto com você e Sabina. Mas, depois de três anos suportando os conselhos matrimoniais de sua mulher, não resisti à tentação de brincar com ela ao vê-la se empolgar com o anel de noivado.

— Muito justo — o amigo concordou e ergueu o copo para propor um brinde. — Tenho que admitir que Sabina é muito persistente. Só espero que ela não fique muito furiosa quando descobrir a verdade.

— Ah, não se preocupe, Sabina me perdoará. — E, erguendo as sobrancelhas, completou: — Ela é incapaz de resistir ao meu charme irlandês.

Pepe soltou uma tremenda gargalhada.
— Está bem. Eu até concordo com isso — afirmou o amigo assim que conseguiu parar o riso. — Mas eu posso garantir que, por um momento, até eu mesmo acreditei nesse noivado. E sabe por quê?
Joshua não respondeu. Apenas fitou Pepe com indisfarçável desconforto diante da sagacidade que podia perceber nos olhos do amigo.

— Porque vocês parecem feitos um para o outro. Acho que dessa vez você encontrou a mulher certa. Acredite-me, eu sou um artista e tenho sensibilidade suficiente para detectar essas coisas.

Aquilo era ridículo, pensou Joshua. O amigo deveria estar brincando com ele. Contudo, não conseguia ver onde é que estava a graça. E, protestando com uma palavra de baixo calão, repudiou o argumento que julgava absurdo.

— Ei! O que aconteceu com o seu charme irlandês? — Pepe provocou com outra gargalhada.

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POV.ANY

— Por que não me contou que Sabina e Pepe eram seus amigos, antes de chegarmos à galeria? — Any perguntou no instante em que retirava os brincos e os guardava na pequena caixa de jóias.
Ela aguardou pelo momento certo para lhe fazer aquela pergunta. Depois do que conversara com Sabina, levara um tempo para poder controlar as emoções.

— Hmm? — Joshua resmungou por trás dela. As mãos repousadas na cintura e o peito másculo e nu colado nas costas delicadas. — Sabia que você estava linda essa noite? — Sussurrou em um ouvido dela, enquanto movia uma das mãos para roçar o tecido de seda sobre o abdómen feminino. — Eu deveria contratá-la para me acompanhar nas reuniões sociais.

Ela girou o corpo e, com as palmas das mãos, tentou afastá-lo.

— Não é engraçado — revidou desgostosa. — Você me colocou em uma situação embaraçosa. Não só por não me contar que eles eram seus amigos, como por ter-lhes dito que iríamos nos casar. E, quando me deixou sozinha com Sabina, eu me senti muito mal. Não foi justo. Você sabe que eu detesto ter que mentir para as pessoas.

Joshua recuou um passo, mas manteve as mãos na cintura dela.

— Não fique tão aborrecida, meu anjo.
Eles me conhecem bem e sabem quando estou brincando.

— Não quanto a Sabina. Eu precisei revelar a verdade a ela — Any afirmou e liberou-se das mãos dele para retornar à penteadeira e retirar as pulseiras. O que Sabina havia lhe contado ainda a perturbava. De alguma maneira, o que lhe parecia fantasia começou a parecer uma realidade possível e, ao mesmo tempo, assustadora. — Não entendo a razão de ter feito aquela brincadeira — insistiu, enquanto se mirava no espelho. O reflexo do tórax musculoso parecia devastador como sempre, só que agora mais ameaçador. — Por que resolveu me apresentar aos seus amigos como sendo realmente sua noiva?

Ele encolheu os ombros.
— Acho que foi só um impulso — ele respondeu com um sorriso, mas afastou o olhar enquanto falava. — Para de se preocupar com isso — ele avisou e, aproximando-se dela, afastou-lhe os cabelos e acariciou um ponto sensível da nuca feminina com um dos polegares. — Esqueça o assunto e vamos para a cama. Temos algo mais interessante para fazer — sussurrou com a voz enrouquecida e capturou os lábios dela num beijo avassalador.

Joshua não havia lhe dado uma resposta. Mas será que ela realmente precisava disso? Any analisou e enlaçou o pescoço largo com as mãos tremulas, subitamente determinada a se concentrar na única coisa que realmente fazia sentido.

— Isso é o que realmente importa, meu anjo — ele declarou, interrompendo o beijo e erguendo-a nos braços para levá-la até a cama.