Epílogo

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— Por Deus, Joshua! Tire logo as mãos dos meus olhos! — Any clamava enquanto tentava inutilmente afastar os dedos grossos para longe do rosto.

— Calma, meu anjo. Vou liberá-la assim que tudo estiver pronto. Nem um minuto antes.

Pouco depois, a voz dele soou novamente:

— Joalin, acenda as luzes! — exclamou e afastou as mãos dos olhos de Any.

Ela piscou várias vezes para acostumar os olhos à claridade repentina das lâmpadas fluorescentes. Depois, ficou espantada com a magnificência das vitrines e balcões de madeira envernizada e perfeitamente adequada ao local.

— Como conseguiu fazer isso em tão pouco tempo? — ela esforçou-se para perguntar, apesar da emoção intensa que lhe abafava a voz.

— Nada mal, não é? — Joshua murmurou exibindo um sorriso orgulhoso.

— É simplesmente fantástico! Exatamente como imaginava nos meus melhores sonhos!

Joshua acabava de realizar mais um dos seus grandes sonhos, pensou Any com uma alegria extasiante. Algo ela mesma imaginava que jamais pudesse alcançar.

Seis meses antes, Any até já não se importava mais com isso, quando Joshua a informou de que havia comprado uma loja na feira de Portobello. E ela se lembrava muito bem de que o censurara pela atitude precipitada. Será que ele estava louco? Por que não discutira o assunto com ela antes de fazer a compra?

Joshua até poderia gostar de agir impulsivamente e, às vezes, até de maneira imprudente. Mas ela não. Como faria para cuidar da instalação da loja se estava sofrendo os piores enjoos matinais que uma mulher grávida poderia suportar? E também não poderia assumir uma responsabilidade extra depois que o bebé nascesse.

Entretanto, quando as náuseas por fim se acalmaram, o entusiasmo em ter sua própria loja para exibir as suas criatividades começou a tomar proporções incríveis na sua imaginação.

E, afinal, sabia que poderia contar com Joshua para encorajar suas ideias e oferecer sugestões sobre como deveriam proceder quanto às instalações. Aliás, ele insistia na questão de que ela deveria contratar um gerente a fim de que ela tivesse o tempo livre para fazer suas criações com calma e eficiência.

O fato de Joshua compartilhar dos sonhos dela fazia com que eles ficassem mais próximos a cada dia que se passava.

Eles nem pareciam mais um casal. A impressão era de que formavam um único ser compartilhando das experiências com a mesma intensidade.

Um mês antes, tendo em vista a proximidade do final da gravidez, Joshua insistira que ela permanecesse em casa repousando e deixasse para ele a responsabilidade de finalizar o trabalho da instalação da loja. Any tinha que admitir que ficara receosa de que Joshua  jamais conseguiria executar aquela tarefa do modo como ela gostaria que fosse. E, agora, olhando para o jeito como ele conseguira adequar de maneira tão primorosa o recinto, precisava dar a mão à palmatória e aceitar que nem ela mesma faria melhor do que aquilo.

— Tenho que admitir que não conseguiria fazer tudo isso se não fosse a preciosa colaboração do pessoal.

— Ah, claro! Precisamos agradecê-los de maneira apropriada. O que acha de promovermos uma inauguração com direito a champanhe e tudo o mais?

Estava pensando se daqui a um mês nós poderíamos...

Ele a interrompeu de repente para arrefecer-lhe o entusiasmo.

— Não faremos nada disso! — exclamou com firmeza na voz e enlaçou carinhosamente os ombros dela. — O grande acontecimento terá que esperar um pouco mais — afirmou, deslizando uma das mãos sobre o abdomen proeminente. — Creio que estará ocupada nos próximos meses cuidando do bebê. A loja poderá esperar até que nosso filho esteja em condições de ser assistido por uma babá e deixá-la livre para dedicar algumas horas ao trabalho.

Charme Fatal  *beauanyWhere stories live. Discover now