• Capítulo 16

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Respirando fundo, Gulf atravessou a rua, inquieto. E, só quando conseguiu enxergar uma loja de conveniência no final da rua, ele parou. Seus olhos estavam se ajustando ao contraste do pôr do sol com a luz amena que vinha de dentro do estabelecimento, onde pouca coisa podia se enxergar dos produtos graças ao vidro escurecido. Ele bufou. Com a falta de uma iluminação maior, Gulf só pôde se virar e olhar mais uma vez para o veterano do outro lado da rua; que o encoraja a adentrar o lugar num movimento de mão.— Fazendo assim uma teoria de que, talvez, Mew Suppasit possivelmente se tratava da reencarnação de algum santo.

Visto que, desde o momento em que se ofereceu para ajuda-lo,— andando de rua em rua debaixo do sol escaldante da tarde —, Gulf esperava do mais velho ao menos uma exclamação de sua parte; principalmente, quando o mesmo havia dito que a carteira fora esquecida no dormitório da faculdade. No entanto, durante o tempo que passaram juntos, lá estava o veterano outra vez, preocupado com seu bem-estar. Querendo lhe pagar outra bebida por conta do calor. Se disponibilizando também a pagar seu jantar assim que a noite caísse completamente... A verdade era que Mew Suppasit estava cuidando tão bem de seu estado como ninguém jamais fizera nos últimos meses.

O porquê se tornara um verdadeiro mistério.

Preferindo ficar em silêncio diante todas as pequenas atitudes gentis do mais velho que se arrastaram durante a semana, Gulf adentrou o comercio e se direcionou diretamente para a maquina de bebidas no final do corredor; pegando e pagando pelas duas garrafas de água enquanto pensava numa ideia para que pudesse agradecer o mais velho por sua ajuda. Um termo consequentemente frustrante. Afinal, quanto mais pensava, mais insuficiente um simples "obrigado" parecia soar em sua mente.

Ele negou.

Estando descontente, os passos do calouro se tornaram ainda mais lentos ao avistar o rosto do mais velho voltado para si, sorrindo. Um singelo movimento natural que gradativamente foi perdendo seu brilho, no mesmo instante em que os pés pararam a poucos passos diante o veterano que se forçou a tossir assim que a outra garrafa foi entregue em suas mãos.

— Me desculpe. - Mew pronunciou de repente, sem encara-lo, fazendo Gulf imediatamente parar seu afazer de abrir a garrafa de água.

A sobrancelha involuntariamente se ergueu.

— Por que está se desculpando? - Questionou Gulf, confuso pelas palavras tão súbitas. - Aprontou alguma coisa enquanto fui comprar água?

Mew mordeu os lábios, negando em meio ao sorriso recatado da brincadeira; e com um movimento nervoso de pulso, o veterano coçou a nuca ao decidir abaixar a garrafa que lhe foi entregue.

De perto, Gulf podia perceber o cansaço e o pingo do que parecia ser remorso nos olhos do mais velho. Sua expressão claramente incomodada, tendo a respiração mais pesada que o normal ao voltar a encarar o calouro que o observou em cautela.

Mew arfou, um pouco desanimado.

— Não conseguimos encontrar seu cachorro. - Ele expressou num tom baixo e, em seguida, hesitou. - Quer dizer... ainda! Ainda não conseguimos encontra-lo. Talvez seja melhor começarmos a ir para ruas mais afastadas.

Os olhos se arregalaram levemente.

A expressão de Gulf transformou-se em surpresa.

— Não está cansado? - Ele indagou ao beber com dificuldade o quase engasgar com o primeiro gole de água.

Sua CorOnde histórias criam vida. Descubra agora