• Capítulo 9

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— Eu te disse. - Gulf pronunciou fechando os olhos, permitindo que Mew continuasse sua observação sob o rosto sereno e exaustivo do outro que respirou profundamente ao se relaxar com o ar gelado.

Por conta de sua curiosidade, Suppasit virou seu corpo de lado.

Ele o contemplou. Visando a pele pouco bronzeada que o relembrava dos quadros renascentistas,— que antes avistava frequentemente em seus livros de história no ensino fundamental —, Mew logo percebeu que, assim como os quadros, Gulf não possuía o rosto muito marcado apesar de sua idade. Porém, assim como os quadros conseguiam fascinar cada pessoa por conta de seus detalhes postos numa tela; ali estava ele, admirando os pequenos fragmentos do menor.— mas desta vez, sem a distância incomoda da cama na noite passada, e perto o suficiente para beija-lo.

Naquele instante, Mew quis tocar com seus dedos os lábios alheios ao sorriso escondido.

Mas não o fez.

Abrindo os olhos de repente, Gulf olhou diretamente para Mew, piscando duas vezes seguidas antes de franzir a testa ao pegar em flagrante a observação do outro sobre si. Consequentemente, o maior se petrificou no lugar, como se Gulf tivesse o sangue de Medusa em suas veias. No entanto, de modo inusitado, em vez de uma pergunta ou um vislumbre de desgosto voltado para si, por algum motivo, Kanawut sorriu e não desviou seu olhar do outro que imediatamente redirecionou sua atenção para o chão.

— Agora entendo porquê algumas veteranas ficaram enciumadas quando soltei que estávamos no mesmo dormitório... - Gulf disse num sussurro, um minuto depois, como se estivesse contando um segredo divertido. - Você é bonito!

Tomado um grande choque, Mew se sentou no chão com os olhos arregalados.

— O que disse? - Ele indagou surpreendido, perdido entre rir ou acalmar o nervosismo que aumenta de acordo com suas batidas.

Se sentando após ter se espreguiçado, Gulf riu de sua reação.

— Talvez seja por isso que eles me disseram que eu não deveria me aproximar muito de você.

— O que?

— Falaram que você é do tipo que sai com todos e não namora com nenhum. - Continuou Gulf - Era como se estivessem falando de um personagem que acabou de sair de um romance teen. - Ele acrescenta ao bocejar. - Do tipo onde o protagonista se trata de outro playboy.

Se afastando um pouco, Mew encara o rapaz que optou por se sentar na posição de índio.

— No caso, o playboy... sou eu. - Mew completou estupefato, transparecendo certa raiva pelas fofocas soltas as suas costas.

— Exatamente.

Mew ficou abismado.

Embora saiba de algumas coisas que possivelmente devem ter soltado para o rapaz, Suppasit jamais pensou que fosse dito ao outro de forma tão sórdida e fraudulento.

Suspirando, ele sibilou:

— Recebeu quantos 'conselhos' ao meu respeito?

— Eu poderia fazer uma lista, incluindo a opção da troca de quarto. - Gulf disse franco, fazendo Mew preferir não ter escutado sua resposta. - Confesso que estava me preocupando com a parte de você ser um possível babaca que acha que o mundo caia aos seus pés, mas... bem, é evidente que isso não passa das línguas más das outras pessoas que colocaram uma reputação em você baseados em seus relacionamentos; ou seja, antes de te conhecer ou ter a chance de falar contigo.

Por um instante, o nervosismo que Mew estava sentindo, se dissipa tão rápido quanto o bater das asas de um beija-flor.

— E como concluiu isso em menos de um dia? - Ele questionou, curioso.

Sua CorWhere stories live. Discover now