Sua Cor

• Capítulo 1

Quinhentos e quarenta e sete dias depois.

Por mais que a tradicional camisa branca tenha seu pano escolhido de acordo com o clima quente do verão, no objetivo de tentar evitar que algum aluno desmaie entre os corredores durante as aulas, naquele especifico minuto, quando a aglomeração se tornou maior, tudo aparentou ser uma escolha sem sentido. Não havia como evitar. A impressão que ficava, como num passe de mágica, era como se o pano branco tivesse se convertido para o preto, sufocando Mew Suppasit que desabotoou mais um botão de sua camisa ao não suportar o ar quente que lhe é soprado na face. A cabeça balança após um inspirar pesado, focando sua visão por um breve momento no chão e parte do concreto ao qual se sentava.

O cheiro dos perfumes sendo misturados a suores logo entra em suas narinas. As conversas crescentemente mais altas ensurdece os pensamentos desordenados enquanto os passos pesados, sendo dados de um lado para outro, apenas lhe comprova a entrada de mais um ano. Um ano em que ansiava para que fosse melhor do que o seu anterior.

— Preparados para virarem babás de novatos indisciplinados? - disse Mild aumentando seu tom de voz, de repente, cruzando os braços sobre o peito de modo superior. Se virando animado para qualquer pessoa que prestasse atenção em suas tagarelices no pequeno círculo de pessoas em que estava incluído, Mild sorri abertamente. - Finalmente nos tornamos veteranos!

Mew Suppasit ergueu uma sobrancelha, parando para prestar atenção na evidente alegria de seu amigo.

— Se quiser podemos concordar em fingir que nunca o vimos antes. - Kaownah expressa ao ver uma oportunidade de se aproximar do grupo, direcionando seu olhar para Mew que apenas desvia no segundo seguinte. - Ele ficará insuportável este ano. - Concluiu sem grande surpresa com a reação do outro, mantendo o bom humor.

— Hey! - Mild ladrou num grito, zangado, se levantando de seu assento num pulo. - E por acaso agora é crime querer aproveitar do melhor momento que nos reserva? Pensa bem, não precisaremos mais atender aos pedidos absurdos dos veteranos a cada minuto! Pra mim, isto é uma dádiva dos deuses.

Quanto aquilo, Mew Suppasit não poderia negar. De fato, atender todas as ordens que vinham dos veteranos não era uma tarefa nada fácil de se cumprir. Agrada-los então, conseguia ser ainda pior. Mesmo que no fundo você não queira fazer certas coisas, de modo frustrante, o pingo de medo sempre falava mais alto; ainda mais quando um dos alunos se tratava da filha do diretor. Em conclusão, afim de evitar futuros problemas e de possíveis desentendimentos para conseguir se enturmar e ser aceito na área, todos os pedidos eram atendidos sem hesitação.

— Minhas costas agradecem por este ano abençoado. - Sammy confessa ao abaixar o celular, bufando logo em seguida. - Eu não aguentava mais ter que comprar e carregar sacolas!

— Somos dois - Mew indaga sorrindo, percebendo o quanto gostava das boas noticias. Levantando sua mão direita para um high five que é depositado com gosto pela menor que ri de seu entusiasmo repentino; subitamente, Mild força uma tosse para chamar suas atenções.

— Por favor, não tente se comparar ao nosso sofrimento. - Ele intervém balançando as mãos ao variar o olhar de um para outro. Estalando a língua no céu da boca, seu olhar acaba por fim parando na garota cujo os cabelos cheios de luzes coloridas alterna o olhar para Mew em busca de respostas mais claras. - Sammy, lembre-se, nós fomos usados como meros escravos nesta universidade. - Prosseguiu apontando para si mesmo. - Este cara, ao contrário de nós, foi usado pelas garotas mais gatas do departamento para o puro deleite delas!

Mew Suppasit revira os olhos.

— Oh, isso é verdade... - Sammy murmura pensativa, como se tivesse recapitulando algum episódio que comprove as acusações de Mild - Embora eu não ache que isso seja alguma coisa boa de qualquer forma.