• Penúltimo Capítulo

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Gulf Kanawut não sabia o porque continuava a usar seu uniforme de escola enquanto o extremo calor conseguia fazer sua casa ficar parecendo uma caixinha de fósforos, aparentando que toda a sua estrutura e até mesmo o seu corpo poderiam pegar fogos a qualquer momento quando uma faísca se atrevesse a levantar.

Ele suspirou.

Ao seu redor, os pássaros pareciam pensar o contrário de sua mente com toda a cantoria que ecoava pelo pequeno jardim em volta da singela casa, fazendo com que tudo pareça as mil maravilhas ao se refrescarem no balde de água.— Era como um cenário típico de Disney. Sendo a imagem de um sol tão brilhante que adentrava pela janela da sala, trazendo o sutil perfume adocicado que tanto gostava de inalar, tudo parecia estar a espera da princesa que roubaria toda a sua atenção assim que caminhasse em sua direção.

Contudo, em vez de uma princesa aparecer diante os seus olhos, latidos começaram ecoar pela casa até sentir um pequeno ser pular; arranhando suas pernas em pura euforia e alegria. Ele riu. Pegando Hélios no colo, o pequeno cachorro começou a lamber sua face animadamente enquanto Gulf teve que fechar os olhos ao receber o carinho do animal que parecia ter sentido sua falta;— como se não tivessem se visto a anos.

— Tudo bem garoto, eu estou aqui. - Ele pronunciou sorrindo, escutando de repente um leve toque de flauta e violino repercutir em seus ouvidos. Logo, o cenho se franziu. - O lago dos Cisnes? - Reconhecendo a música tema do concerto que havia ido na infância, Gulf colocou o pequeno filhote no chão, observando o mesmo começar a correr em direção ao som ao deixa-lo para trás.

Kanawut o seguiu.

Caminhando em direção ao som que ficava mais alto a cada passo que dava, Gulf abriu a porta do que poderia se chamar de ateliê; encontrando a figura de uma mulher sentada enquanto focava sua atenção no quadro em que estava pintando. Sorrindo, Gulf cruzou os braços ao observa-la. A mão delicada da mulher parecia se mexer de acordo com a música calma e cheio de nostalgia, dando ainda mais amarelo para o quadro cheio de flores de várias tonalidades de amarelo.

Rindo baixo, Gulf soltou um arfar alto.

— Que mãe mais desatenta que eu tenho... Se eu chegasse atrasado ou aparecesse as dez da noite, aposto que nem perceberia meu sumiço! - Ele provocou sorrindo, fazendo sua mãe parar de pintar ao se virar em sua direção. - Estou errado?

— Totalmente! - Ela disse levantando seu pincel, parecendo o advertir pela insinuação. - Mesmo não o recebendo assim que abre a porta, meus pensamentos continuam tendo apenas você e seu pai em mente. O dia todo. Sem qualquer pausa.

— Mesmo? - Gulf indagou, curioso.

Apontando o pincel para o sol e depois para o quadro em seus tons diferenciados que continham a mesma cor, sua mãe acabou por sorrir ainda mais aberto.

— Vocês são o meu amarelo mais brilhante. Então, quando eu olho para o sol ou para as pétalas de flores, não importa aonde vocês estejam, eu sempre estarei pensando em vocês. - Ela pronuncia serena, se virando novamente para o quadro. - Sempre.

Se sentindo momentaneamente entristecido, Gulf deixou de cruzar os braços.

— Sente muita falta do papai?

— Todos os dias... - Sua mãe responde com pesar, olhando brevemente para as marcas quase cicatrizadas em seu pulso. - Filho, me desculpe.

Negando rapidamente, Gulf se aproximou em passos apressados ao encostar suas duas mãos nos ombros de sua mãe antes de decidir abraça-la.

Sua CorWhere stories live. Discover now